Durante o último final de semana todos foram surpreendidos com as notícias de um Vírus que estava fazendo estrago na China e que ficou conhecido como “coronavírus”. Logo a surpresa se tornou preocupação com a gravidade do caso que virou uma crise de saúde pública.
Seus reflexos nos mercados eram iminentes e as tensões inevitáveis, afinal, a economia chinesa tem uma imensa representatividade global e naturalmente elevaram as preocupações dos investidores. Com os casos de vírus sendo identificados em diferentes países, os agentes de mercado começaram a precificar os possíveis impactos no crescimento da economia.
Recentemente escrevi um artigo sobre o tema ASSET ALLOCATION E CORRELAÇÃO (leia aqui) onde abordei justamente a importância de uma real e profunda compreensão de que, no curto prazo, o mercado é movido por eventos e emoção e acabam por desencadear quedas acentuadas, mini-crises, ou crises completas.
Daí a necessidade de olhar nossa alocação por outro prisma, entendendo que o Cisne Negro pode estar logo ali e que a Bolsa de Valores não pode ser encarada como a única alternativa de investimento para tempos de SELIC a 4,5%a.a.
Diversificar é o nome do jogo e ativos alternativos não correlacionados com os mercados líquidos não mais devem ocupar o “banco de reservas” mas sim assumir o papel de “titulares” com direito a braçadeira de capitão e tudo.
Ao longo do dia de hoje (27/01/2020), o que vimos foi um típico efeito manada causando uma aversão ao risco generalizada. O dólar, fechou no patamar de R$ 4,20 e a Bovespa fechou com queda de – 3,3%.
Hoje, 28/01/2020, vale a pena dar uma olhada em nossos portfólios. As cotas dos fundos vão sentir. Os de ação certamente, os macros em sua maioria.
Os sustos são bons momentos para colocar a prova teses muitas vezes irrefutáveis e uníssonas. Parece que sempre que o mercado cria uma convicção firme sobre algo (COMPRE BOLSA, COMPRE BOLSA, COMPRE BOLSA) o “Sr Mercado” dá um jeito de mostrar que ele é quem manda no final do dia, ao menos no curto prazo ele sempre sai vitorioso.
O longo prazo, a diversificação e a não correlação não podem ser ignorados. Essa é a unica forma de reduzir esses solavancos que fazem parte do jogo e em nada mudam a rota do investidor consciente.
As mudanças estruturais que estamos atravessando no Brasil reforçam as perspectivas positivas. Nos últimos trimestres vimos uma arrancada econômica consistente e uma maior clareza quanto a um PIB potencial mais próximo de 3% que anima não pela magnitude numérica mas pela qualidade, já que parece se formar menos dependente dos gastos públicos e portanto mais sustentável.
Ações, Fundos de investimento, Debêntures e Investimentos Diretos são diferentes formas de aproveitar a recuperação econômica agregando alfa ao seu portfólio frente a um retorno real abaixo de um dígito.
Sempre que falamos de ativos alternativos, não correlacionados, ativos reais, renda passiva, acesso direto (…), tenho a sensação que muitos investidores ainda não conseguiram entender a revolução que esta acontecendo no mundo dos investimentos e insistem em ignorar uma tendência que veio para ficar, satisfazendo-se com uma saudosa SELIC de dois dígitos.
Quando olhamos para os grandes alocadores a nível mundial, observamos que eles há muito já compoem seus portoflios de forma defensiva, menos dependentes do binomio “Stock and Bonds”. Não é atoa que esse movimento ganhou força após a crise do subprime em 2008. Parece que a lição foi aprendida.
Observem o gráfico abaixo publicado em 2019 pela casa de análise independente americana Peltz Internacional no report “Family Office Views on Investing”. Segundo a publicação, 52% dos investimentos dos grandes Family Offices estão alocados em Investimentos Alternativos, dos quais, assim estão distribuídos:
Aqui no Brasil, se por um lado deixamos de ser o país dos rentistas “sem risco” por outro passamos a ser um dos maiores expoentes quando o assunto são as possibilidades trazidas pelas FINTECHS, afinal em nenhum outro local temos o nível de concentração bancária como aqui, ou ainda, a baixa penetração do Mercado de Capitais como fonte alternativa de financiamento as empresas e projetos. Estudar e entender esse novo universo é obrigação do investidor atual.
O acesso a investimentos diretos em ativos alternativos NÃO correlacionados com a volatilidade dos mercados líquidos, como florestas, gado, imobiliário, energia, ativos judiciais dentre outros que antes eram restritos a grandes Family Offices, Fundos de Pensão ou investidores multimilionários, hoje são acessíveis ao investidor comum, tudo isso, graças a uma pitada de tecnologia com uma mistura de avanço regulatório, in casu, a ICVM 588 que regulamentou as plataformas de investimento coletivo.
Só sofre com o noticiário quem quer, ou gosta.
Abraço
5 Comments
Felipe
Bom dia!
Gostei da matéria e acredito que diversificar é o caminho.
Investi em uma plataforma concorrente, uma das primeiras lançadas no mercado.
Porém não me sinto seguro para fazer novos aportes, haja vista que não está transparente como funciona o sistema.
Primeiro, depois de muita cobrança, recebi o documento de confirmação do investimento.
Segundo, após este recebimento não recebi mais nada em relação ao andamento da obra, do valor atual, um extrato, nada!
Como podemos fazer novos aporte onde não conseguimos enxergar como está indo o investimento.
Na Bloxs como é feito este acompanhamento?
Como funciona o processo como um todo?
Abraço!
Adm. Marcio Oiticica
Olá Marcio!
Muito obrigado pelo comentário. Como investidor, entendo perfeitamente o seu posicionamento.
A ICVM 588 é do final de 2017 e de lá para cá muita coisa vem evoluindo, desde a seleção de projetos, a usabilidade das plataformas e principalmente a difusão das informações.
A instrução obriga a plataforma e o ofertante a publicar relatórios a cada 3 meses. Por aqui, costumamos gerar publicações todos os meses.
Os investidores possuem acesso a um dashboard bem detalhado de cada projeto e podem acompanhar a evolução do mesmo por lá. Além disso, existe um chat entre os investidores do qual também participa o ofertante.
Uma amostra desse acompanhamento pode ser visto “publicamente” ao clicar em um projeto e rolar a pagina até o final. Da uma olhada nesse por exemplo: https://bloxs.com.br/oferta/terra-do-sol
Estou a sua disposição.
Gravei para você Marcio
https://youtu.be/y75bOBufhhI
Até que eu tenho vontade de inverti na bolsa mas eu fico com um pé atrás meus amigos dizem que seria um péssimo negócio de investimento
Olá Vanderlei! Eu não diria que é um péssimo negocio. Eu costumo dizer que não existem investimentos ruins, mas sim investimentos que estão fora do perfil do investidor.
Como disse no artigo, o segredo de uma boa alocação esta na diversificação da carteira entre diferentes classes de ativos.