A energia renovável na América Latina tem grande potencial de expansão, graças aos abundantes recursos naturais da região, especialmente em energia solar, eólica, hidrelétrica e geotérmica.
E o grande destaque no uso de fontes renováveis para geração de eletricidade é o Brasil, cuja matriz energética é uma das mais limpas do mundo e expandiu sua diversificação nos últimos anos.
De acordo com o relatório “Uma corrida para o topo: América Latina 2023”, do Global Energy Monitor, cerca de 11,5% da geração de eletricidade na região vinha de fontes renováveis em 2019.
No entanto, segundo especialistas, os países latino-americanos podem reduzir ainda mais sua dependência a combustíveis fósseis se investirem em infraestrutura de transmissão, reduzirem as incertezas regulatórias e melhorarem o ambiente de investimentos.
De fato, projeções do Ministério de Minas e Energia mostram que o Brasil deve atrair mais de R$ 3 trilhões em investimento na próxima década, dos quais R$ 500 bilhões serão aplicados na geração e na transmissão de energia elétrica, com destaque para a geração distribuída.
Esses números comprovam que a energia renovável é estratégica para o desenvolvimento econômico e sustentável da América Latina e tende a registrar forte crescimento nos próximos anos, atraindo bilhões de dólares.
Quer saber como investir em projetos diretamente ligados a esse setor em franca expansão?
Então, continue a leitura deste artigo e fique por dentro dos seguintes tópicos:
- Energia renovável na América Latina tem grande espaço para crescer
- Potencial de geração de energia solar e eólica em larga escala
- Políticas de incentivo à energia renovável na América Latina
- Descarbonização do sistema elétrico latino-americano
- Destaque brasileiro
- Desafios para o crescimento da energia renovável na América Latina
Energia renovável na América Latina tem grande espaço para crescer
O potencial da energia renovável na América Latina é extremamente promissor, graças aos abundantes recursos naturais disponíveis na região.
Essa é a avaliação do Global Energy Monitor (GEM), organização não governamental sediada nos EUA que desenvolve estudos sobre o setor de energia em todo o mundo.
Em um relatório intitulado “Corrida para o Topo: América Latina 2023”, o GEM afirma que a América Latina possui um dos maiores potenciais para geração de energia a partir de fontes limpas e renováveis, com destaque para energia solar, eólica, hidrelétrica e geotérmica.
Segundo o documento, a energia renovável na América Latina registrou um progresso significativo, respondendo por 11,5% da geração de eletricidade da região em 2019. Brasil, México e Chile são os grandes destaques em termos de capacidade instalada.
Potencial de geração de energia solar e eólica em larga escala
A busca por projetos de energia solar e eólica em grande escala na América Latina visa aumentar sua capacidade de produção de energias renováveis em mais de 319 GW (460%) até 2030. A região já possui mais de 116 GW de projetos solares em grande escala anunciados, em pré-construção e em construção, além de mais de 203 GW de projetos de produção de energia eólica programados para entrar em operação.
O maior projeto em energia solar em grande escala da região é o Parque Solar Berço Das Gerais, de 5,7 GW, no Brasil, com data de início ainda não anunciada.
Já o maior projeto eólico onshore potencial é o parque eólico de 10 GW H2 Magallanes em San Gregorio, região de Magallanes no Chile, com comissionamento previsto para 2027 e foco na produção de hidrogênio verde.
O maior projeto eólico offshore potencial é o parque eólico offshore Ventos Do Sul, de 6,5 GW, do Brasil, que tem previsão de entrar em operação em 2027. Com potencial de produção de energia eólica offshore de 128 GW, o Brasil se destaca como líder mundial em termos de energia eólica em potencial. Sua capacidade solar potencial em grande escala (57 GW) também o coloca entre os cinco primeiros do mundo.
Políticas de incentivo à energia renovável na América Latina
Vários países latino-americanos implementaram políticas de fomento ao desenvolvimento de energia renovável, como isenção de tarifas, obtenção de créditos para injeção de excedente na rede elétrica (net metering) e leilões de concessão de projetos de energia renovável.
A maioria dos países da região tem alta incidência de radiação solar e um forte potencial para o desenvolvimento de energia eólica offshore. Mas os três líderes regionais devem seu crescimento contínuo em grande escala em produção de energias solar e eólica a leilões de energia bem estabelecidos, abertura ao investimento privado, o potencial econômico das exportações de hidrogênio verde, a diminuição do custo das instalações de produção de energias solar e eólica e respostas políticas às mudanças climáticas.
A transição para sistemas de energia mais sustentáveis e com baixas emissões de carbono na América Latina deve acelerar nos próximos anos, graças a diversos fatores, como:
- necessidade de redução de gases de efeito estufa;
- menor custo de tecnologias de geração de energia renovável;
- demanda crescente por energia, com boas perspectivas de crescimento da região para a próxima década.
Descarbonização do sistema elétrico latino-americano
Nesse sentido, a América Latina progrediu bastante em seus esforços de descarbonização do setor elétrico, com países como o Brasil liderando o avanço nessa área, através de políticas de incentivo e financiamento de projetos de usinas solares e eólicas.
Como explica Felipe Souto, CEO da Bloxs, plataforma de acesso ao mercado de capitais para pequenas e médias empresas e soluções de investimento em ativos alternativos:
Apesar de ter uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, o Brasil acabou concentrando demais os investimentos em construção de hidrelétricas, o que deixou nosso sistema elétrico bastante suscetível à mudança climática e do regime de chuvas.
Felipe explica ainda que, nas últimas décadas, passamos por várias crises hídricas que obrigaram o acionamento de termelétricas, que são usinas mais caras e poluentes.
Isso acabou encarecendo a tarifa de energia, roubando competitividade das nossas empresas e obrigando as famílias a mudar seus hábitos de consumo. Felizmente, vivemos em um país extremamente rico em recursos naturais e privilegiado em termos de incidência de raios solares. Isso acabou permitindo avanços importantes na diversificação da nossa estrutura elétrica, principalmente na modalidade de geração distribuída, com a construção de parques e usinas eólicas e solares.
Dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) mostram que os painéis solares já são responsáveis por 12% da potência instalada na matriz elétrica brasileira, com mais de 26.000 MW.
Considerando ainda a participação significativa de outras fontes de energia limpa, como a hidráulica, a eólica, o gás natural e a biomassa, cerca de 90% de toda a eletricidade que consumimos no Brasil já é produzida de forma sustentável e menos poluente.
Destaque brasileiro
Em 2013, o Brasil traçou um plano decenal com o objetivo de instalar 20 GW de energia eólica e 3,5 GW de energia solar em larga escala até 2023. Segundo dados, o país superou esses números, com 21,5 GW de energia eólica onshore e 5,4 GW de energia solar em operação.
Com 167 projetos potenciais de parques eólicos e 182 projetos de parques solares, o Brasil pode alcançar sua meta de produzir 81 GW de energia solar e eólica em larga escala até 2030 e 190 GW até 2050. Grande parte desse objetivo pode ser atingido pela atualização da produção potencial de 128 GW de energia eólica offshore.
O país também possui uma grande rede de energia solar distribuída, que contribui com mais de 20 GW de capacidade de produção de energia renovável. Para incentivar os setores solar e eólico, o Brasil utiliza uma combinação de ferramentas, incluindo empréstimos subsidiados, leilões de Contratos de Compra e Venda de Energia (PPA), garantias de financiamento e contratos de compra direta.
O governo está comprometido em mudar a matriz energética dos combustíveis fósseis para atender à crescente demanda por eletricidade renovável no país. A vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em outubro de 2022 baseou-se em uma agenda ambiental que prioriza a redução do desmatamento e o investimento em energia eólica offshore, através de parcerias público-privadas e envolvimento da Petrobras e investimento público.
Desafios para o crescimento da energia renovável na América Latina
Mas também há grandes desafios para o crescimento da energia renovável na América Latina, entre os quais podemos citar:
- Infraestrutura de transmissão inadequada: é necessário construir novas linhas de transmissão e infraestrutura para garantir a integração eficiente e confiável de projetos de energia renovável ao sistema elétrico;
- Incerteza regulatória: a falta de clareza das regras de funcionamento do sistema elétrico e intervenções indevidas de governos no setor têm afastado investimentos em novos projetos de energia renovável;
- Conflitos sociais: o desenvolvimento de projetos de energia renovável pode, por vezes, enfrentar a oposição de comunidades locais, grupos indígenas e ativistas ambientais, o que pode atrasar ou até mesmo inviabilizar investimentos;
- Capacidade limitada da rede: a integração de projetos de grande escala à rede elétrica requer grandes atualizações na infraestrutura do sistema, o que exige bom planejamento, fontes de financiamento e investimentos;
- Falta de capital humano: a escassez de profissionais qualificados no setor de energia renovável na América Latina vem limitando o desenvolvimento de bons projetos na região.
Em conclusão, a energia renovável na América Latina tem enorme potencial de crescimento na próxima década, especialmente diante dos esforços dos países no sentido de diversificar suas matrizes elétricas e reduzir sua dependência a combustíveis fósseis.
Com isso, a perspectiva para investimentos em fontes alternativas de energia limpa e sustentável são extremamente promissoras, especialmente no Brasil, que já possui políticas de regulamentação avançadas e vem registrando grandes investimentos nos últimos anos.