A Bloxs lançou recentemente o guia “Lucrando com a transição energética: conheça as estratégias de grandes gestores para investir em energia renovável”, no qual ouviu diversos especialistas para saber como eles enxergam oportunidades no setor.
Em uma das entrevistas, o gestor da Navi Capital, Guilherme Sassi, afirma que o segmento possui um marco regulatório “testado” e apresenta bons níveis de rentabilidade, em especial os projetos de geração distribuída.
Além disso, o especialista em infraestrutura aponta novas avenidas de crescimento para o país, em razão do novo contexto geopolítico que está se configurando com a guerra na Ucrânia.
“Vemos uma grande oportunidade para o Brasil exportar hidrogênio verde para a Europa no futuro, em razão do conflito no leste do continente”, diz o gestor, ressaltando que ainda se trata de uma área que está “engatinhando”.
Neste artigo, vamos analisar melhor os insights de Guilherme Sassi para o setor de energia renovável e as razões que o fazem olhar de perto especificamente os projetos de geração distribuída.
Os tópicos que vamos abordar são os seguintes:
Gestor revela segredos de como investir em bons projetos de energia
No guia “Lucrando com a transição energética: conheça as estratégias de grandes gestores para investir em energia renovável”, a Bloxs faz um panorama completo do setor, com foco em investidores que desejam diversificar suas fontes de renda com projetos de energia renovável.
Foram ouvidos diversos especialistas que revelaram segredos de como identificar bons projetos da área e como obter níveis de rentabilidade atraentes no longo prazo.
Um dos gestores ouvidos foi Guilherme Sassi, gestor da Navi Capital e especialista em infraestrutura, que compartilhou alguns insights valioso para quem tem interesse em se posicionar no segmento.
Na conversa com a Bloxs, Sassi ressaltou que o setor de energia possui um ambiente regulatório “estável e testado”, que historicamente manteve um nível de rentabilidade adequado.
Mesmo com algumas crises e modificações regulatórias ao longo do tempo, o setor se manteve rentável. Além disso, vimos uma oportunidade interessante na geração distribuída, com uma rentabilidade mais atrativa em comparação com a geração centralizada. A combinação desses fatores, juntamente com a janela de oportunidade trazida pela Lei 14.300, tornou esse setor bastante atrativo para nós.
Entre as “crises” indicadas por Sassi que testaram a robustez do marco regulatório de energia está a MP 579, implementada durante o governo Dilma Rousseff, que buscava reduzir a conta de energia.
Ele aponta que essa medida trouxe uma expectativa de prorrogação dos prazos de concessão sem redução de tarifas, mas não havia uma regra pré-determinada para isso. Essa experiência demonstra como o setor elétrico foi testado, sobreviveu e continuou a atrair investimentos.
Além disso, Sassi ressalta a oportunidade de investimento na geração distribuída de energia, que possui rentabilidade mais atrativa em comparação com a geração centralizada. A combinação de um ambiente regulatório estabelecido, rentabilidade e uma janela de oportunidade trazida pela legislação contribuiu para o interesse da Navi nesse setor.
“O Brasil tem tudo para se tornar uma potência energética e exportar energia verde para o mundo inteiro”, destaca.
Critérios para escolha de projetos de geração distribuída
Sobre os critérios para avaliação de projetos de geração distribuída, Sassi menciona que sua gestora realiza análises técnicas, ambientais e jurídicas com o auxílio de especialistas, a fim de garantir que atendam a todos os critérios importantes de investimento.
A análise técnica envolve a verificação do terreno, incluindo acesso, topografia, sombreamento e necessidade de terraplanagem. A análise ambiental abrange aspectos como reservas ambientais, áreas quilombolas, reservas indígenas e preservação ambiental. Já a análise jurídica é feita para verificar as questões legais dos terrenos e proprietários, evitando riscos de posse.
Em relação ao setor de energia, Sassi menciona que o mercado de geração centralizada tem um preço de longo prazo baixo, tornando difícil a rentabilização dos investimentos.
Atualmente, o preço de longo prazo no mercado centralizado da geração de energia é baixo e dificilmente consegue rentabilizar adequadamente os investimentos. No entanto, há uma perspectiva de melhoria, mas isso dependerá dos futuros ajustes nos marcos regulatórios.
“Brasil pode se tornar uma potência energética”
Na questão dos ajustes nos marcos regulatórios, Sassi comenta que é preciso oferecer mais garantias físicas para as usinas hidrelétricas e menciona a oportunidade de geração de energia para produção de hidrogênio verde, destacando o potencial do Brasil nesse campo.
Existem boas oportunidades no setor, principalmente com a mudança geopolítica advinda da guerra na Ucrânia, como a geração de energia para a produção de hidrogênio verde, que pode ser exportado para a Europa. Embora essa discussão ainda esteja em estágios iniciais no Brasil, acreditamos que o país tem potencial para se tornar uma potência energética e exportar energia limpa para o mundo todo.
De fato, o contexto geopolítico pode ter impactos no mercado global de energia e influenciar estratégias de investimento, razão pela qual Guilherme Sassi considera que a instabilidade na região da Ucrânia e suas consequências geopolíticas são fatores capazes de impulsionar a demanda por fontes de energia alternativas, como o hidrogênio verde.
Sassi lembra ainda que o Brasil possui um enorme potencial para a produção de hidrogênio verde, graças à sua matriz energética diversificada, disponibilidade de recursos naturais e capacidade de produção de energia renovável.
O gestor explica que o país tem extensas áreas com grande incidência de radiação solar, alto potencial para geração de energia eólica, vastas reservas de biomassa e um setor agrícola forte que pode fornecer matéria-prima para a produção de biogás.
Perspectivas para o futuro
Sassi indica que a Navi avalia o setor de energia de forma positiva e vislumbra a possibilidade de aumentar sua participação nesse mercado, mas enfatiza que as oportunidades são analisadas caso a caso, sem um viés de investimento obrigatório nesse segmento.
Continuamos avaliando o setor com grande interesse e estamos considerando captar um segundo fundo nessa área. No entanto, analisamos cada oportunidade caso a caso e não temos um viés de que precisamos necessariamente investir em energia. É algo que observamos com bons olhos, mas avaliamos de acordo com as circunstâncias.
Confira um trecho da entrevista que fizemos com Guilherme Sassi para o guia “Lucrando com a transição energética: conheça as estratégias de grandes gestores para investir em energia renovável”, que você pode baixar aqui.
Bloxs: O que motiva vocês a incluir no portfólio um investimento no setor de energia?
Guilherme Sassi: Em primeiro lugar, a gente enxerga um ambiente regulatório bastante testado e estável. Mesmo com algumas crises e modificações regulatórias ao longo do tempo, ele se manteve rentável. Houve uma expectativa de continuidade e prorrogação dos prazos de concessão, sem pagamento de outorga ou redução das tarifas. Além disso, vimos uma oportunidade interessante na geração distribuída, com uma rentabilidade mais atrativa em comparação com a geração centralizada. A combinação desses fatores, juntamente com a janela de oportunidade trazida pela MP 143/300, tornou esse setor bastante atrativo para nós.
Bloxs: Como você avalia o setor de energia, especialmente a energia renovável, do ponto de vista das oportunidades de mercado?
Guilherme Sassi: Atualmente, o preço de longo prazo no mercado centralizado da geração de energia é baixo e dificilmente consegue rentabilizar adequadamente os investimentos. No entanto, há uma perspectiva de melhoria, mas isso dependerá dos futuros ajustes nos marcos regulatórios. É importante mencionar que esses marcos são organismos vivos, que evoluem a cada momento e enfrentam novos desafios. Na nossa visão, são necessários alguns ajustes nos marcos legais e na atuação da agência regulatória. Alguns pontos que destacamos são a separação de potência e capacidade e a garantia física efetiva das usinas hidrelétricas, pois o Brasil frequentemente enfrenta restrições na geração de energia, como ocorreu em 2015, 2021 e em outras ocasiões. Essas dificuldades da agência regulatória em estabelecer o melhor modelo de regulação são recorrentes e esperamos que sejam abordadas. Precisamos de um nível de preço de longo prazo de energia mais adequado para rentabilizar esses investimentos. Além disso, existem boas oportunidades no setor, como a geração de energia para a produção de hidrogênio verde, que pode ser exportado para a Europa. Embora essa discussão ainda esteja em estágios iniciais no Brasil, acreditamos que o país tem potencial para se tornar uma potência energética e exportar energia limpa para o mundo todo.
Bloxs: Diante disso, podemos esperar um aumento na proporção de investimentos em energia na carteira da empresa?
Guilherme Sassi: Sim, continuamos avaliando o setor com grande interesse e estamos considerando captar um segundo fundo nessa área. No entanto, analisamos cada oportunidade caso a caso e não temos um viés de que precisamos necessariamente investir em energia. É algo que observamos com bons olhos, mas avaliamos de acordo com as circunstâncias.
Se você deseja saber tudo sobre investimentos em energia renovável, em especial, projetos de geração distribuída, então baixe agora mesmo o nosso guia “Lucrando com a transição energética: conheça as estratégias de grandes gestores para investir em energia renovável”.