A infraestrutura no Brasil precisa de pelo menos R$ 285 bilhões em investimentos por ano para solucionar gargalos nos setores de transporte, logística e saneamento e destravar todo o potencial de crescimento econômico do país.
Essa é a estimativa de recursos feita pela KPMG, uma das principais empresas de consultoria do mundo, em um estudo chamado “Panorama do Setor e Tendências em Infraestrutura no Brasil”.
As parcerias público-privadas (PPPs) são essenciais para ampliar e fortalecer a interação entre as três esferas de poder e a iniciativa privada, acelerando a implementação de obras e projetos de infraestrutura.
Segundo a KPMG, um incremento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em investimentos em infraestrutura poderia impulsionar a atividade econômica em 2,7%, o investimento privado em 10% e a criação de empregos em 1,2%.
Para tanto, é indispensável que as autoridades tracem planos que alinhem o Brasil a um mundo novo digital, sustentável e menos dependente de atores externos para o seu funcionamento, tendo sempre em vista as demandas da população.
Neste artigo, vamos entender as sete tendências identificadas pela KPMG para o setor de infraestrutura no Brasil e saber quais oportunidades podem surgir para um posicionamento estratégico em projetos de transporte, logística e saneamento nos próximos anos.
Os tópicos que vamos abordar a partir de agora são os seguintes:
Desafios e oportunidades da infraestrutura no Brasil
Não é de hoje que o Brasil enfrenta problemas de infraestrutura que impedem seu desenvolvimento econômico e prejudicam a competitividade das empresas no longo prazo.
A falta de investimentos na última década deixou um grande número de obras inacabadas pelo país e um vasto histórico de má gestão pública, gerando a necessidade urgente de privatizações e parcerias com o setor privado, a fim de reverter o quadro.
Vencer esses desafios não é fácil, principalmente porque o país precisa intensificar seus investimentos em transporte, logística e saneamento, além de implementar uma regulamentação mais clara e transparente e adotar novas tecnologias, como a digitalização e a análise de dados, para aperfeiçoar o ciclo de planejamento.
Nesse sentido, um estudo abrangente realizado pela consultoria KPMG, uma das maiores do mundo, procura identificar esses obstáculos para o avanço econômico brasileiro em infraestrutura e destacar as oportunidades que os gargalos atuais oferecem no setor.
Intitulado “Infraestrutura: panorama do setor e tendência no Brasil”, o documento afirma que o Brasil precisa investir, por ano, cerca de R$ 284,4 bilhões para reverter os efeitos da falta de investimentos na última década e concluir as obras inacabadas, principalmente através de Programas de Parcerias de Investimentos (PPI).
Mais crescimento, mais investimento e mais empregos
De acordo com Leonardo Giusti, sócio-líder de Infraestrutura, Governo e Saúde da KPMG no Brasil:
A retomada de investimentos em infraestrutura no Brasil está diretamente relacionada ao crescimento e desenvolvimento do país: um incremento de investimento no setor da ordem de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países poderia fortalecer a confiança na recuperação e impulsionar o PIB em 2,7%, o investimento privado em 10% e o emprego em 1,2%
O primeiro passo para atingir esses objetivos, na visão de Giusti, é estabelecer um sistema regulatório bem projetado, a fim de proteger os interesses de todas as partes envolvidas: o contribuinte, o investidor, o usuário futuro e o próprio poder público.
O especialista explica que sistemas regulatórios bem projetados são poderosos motores de inovação e desenvolvimento em infraestrutura, atraindo grandes volumes de capital nacional e estrangeiro, além de contratos de longo prazo.
Para o futuro, espera-se que governos, reguladores e empresas adotem a governança como oportunidade para garantir que projetos e programas sejam planejados, entregues e gerenciados adequadamente para atender às demandas da sociedade. O estudo ainda destaca que, a curto prazo, reguladores e órgãos de governança poderão assumir um papel central, com o objetivo de incrementar valor, tanto na forma como a infraestrutura é entregue quanto na maneira como é gerida.
Foco na cadeia de valor
A análise feita pela KPMG aponta que a baixa oferta de infraestrutura de qualidade prejudica o ritmo de desenvolvimento do Brasil, gera impacto nos preços dos mais variados produtos e provoca uma “avalanche de efeitos nocivos” tanto para a sociedade como para a economia.
Além disso, a consultoria reforça que as cadeias de suprimentos de infraestrutura são profundamente influenciadas por tendências macroeconômicas, na medida em que os próprios agentes de infraestrutura no Brasil precisam lidar com problemas como escassez de materiais, talentos, capacidades e equipamentos.
Tecnologias emergentes em infraestrutura no Brasil
Um ponto importante do relatório preparado pela KPMG tem a ver com a migração do físico para o digital, quando o assunto é planejamento e análise de dados.
Grandes empresas de infraestrutura no Brasil estão explorando oportunidades para coletar e gerenciar dados em vários ativos e nas suas cadeias de suprimentos, a fim de agregar ainda mais valor, como aplicativos de navegação, que fornecem uma visão total e multimodal do sistema viário e das opções para a viagem dos usuários.
Com a incorporação dessas tecnologias nos sistemas de gestão de tráfego e operações, será possível obter uma melhora significativa na mobilidade e no planejamento urbanos.
A sustentabilidade influenciará os projetos de infraestrutura no futuro
A digitalização e o crescimento de novas formas de trabalho após a pandemia mudaram a concepção de que mobilidade e ocupação do solo urbano.
Antes da crise sanitária, havia a concepção de que a melhor alternativa para fazer com que as pessoas gastassem menos tempo se deslocando pelas cidades era investir em moradias mais centrais em núcleos urbanos já estabelecidos.
O distanciamento social e a acelerada digitalização do ambiente de trabalho mostraram que é possível conjugar formas de trabalho híbrido e remoto com o presencial, o que deve se acentuar nos próximos anos e trazer grandes mudanças para as necessidades de infraestrutura no Brasil.
A ampliação do trabalho digital mostrou que outras soluções podem ser interessantes. Longe dos grandes centros, mas conectadas por meio da Internet rápida, muitas pessoas conseguem ter atuação profissional eficaz e ganho de qualidade de vida.
As sete tendências do setor de infraestrutura
Entre as principais tendências apontadas pela KPMG nas áreas de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e mobilidade urbana em seu sentido mais amplo, podemos citar:
1. Governança
É necessário que os governos, os órgãos reguladores e as empresas adotem a governança como uma oportunidade para garantir que projetos e programas sejam planejados, entregues e gerenciados adequadamente, a fim de atender às demandas da sociedade.
2. Cadeias de valor
Além disso, é fundamental desbloquear as cadeias de valor, principalmente com a mitigação da escassez de oferta de suprimentos, como materiais, talentos, capacidades e equipamentos. No curto prazo, a tendência é que tais restrições de fornecimento sejam abrandadas.
3. Digitalização
O planejamento e a gestão da infraestrutura no Brasil devem contar com soluções eficazes de análise de dados e comunicação, a fim de reduzir custos e acelerar a resposta dos entes públicos e privados aos gargalos na mobilidade urbana e na circulação de bens.
4. Planejamento
As mudanças trazidas pela pandemia no ambiente de trabalho, promovendo equipes híbridas e remotas nas empresas, tendem a se acentuar nos próximos anos, mudando a concepção de que é necessário investir em núcleos urbanos já estabelecidos para melhorar sua mobilidade.
Daqui para frente, será comum que as pessoas passem mais tempo fora dos escritórios, criando novas necessidades de infraestrutura de locomoção e comunicação entre as diferentes regiões do país.
5. Sustentabilidade
O desenvolvimento de uma infraestrutura de qualidade deve ser conjugado à preservação e à revitalização de ecossistemas, como rios, vegetação ciliar, matas nativas e fauna, além de prever o uso sustentável de energia e a redução do impacto ambiental, principalmente da poluição.
6. Anseios da população
Os gestores urbanos e formuladores de políticas públicas de infraestrutura no Brasil devem estar atentos aos anseios e necessidades da população, no que se refere a moradia, saneamento, trabalho, locomoção e lazer.
7. Desafios geram oportunidades
Por fim, o estudo levanta a questão de que, longe de serem um empecilho para o desenvolvimento, os desafios que o Brasil enfrenta em infraestrutura representam, na verdade, oportunidades de crescimento e de alinhamento às melhores práticas mundiais, sendo necessário, contudo, ter mais atenção com a parte regulatória e com o incentivo ao mercado de capitais, como forma de financiamento e alocação de recursos mais eficiente na economia.
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