Mais inovação, concorrência e inclusão no sistema financeiro, esses são os objetivos do Open Finance, criado pelo Banco Central para melhorar a oferta de produtos e serviços do setor no país.
Através dessa iniciativa, você terá mais liberdade para movimentar contas bancárias, contratar serviços financeiros e fazer investimentos sem se limitar às ofertas das instituições financeiras onde tem uma conta.
Hoje, isso não é possível, pois cada instituição guarda para si as informações de seus clientes, evitando que concorrentes as utilizem para oferecer produtos e serviços melhores e mais baratos.
Mas qual é o impacto do Open Finance no mercado de capitais? Como ele pode beneficiar os investidores? Como as empresas deverão se adaptar?
Para tratar desses e outros tópicos, elaboramos este artigo especial, que vai explicar também os desafios que a iniciativa tem pela frente. Confira:
O que é Open Finance e qual é sua diferença para o Open Banking
O Open Finance significa basicamente “sistema financeiro aberto” e é, na verdade, uma ampliação do conceito de Open Banking que vinha sendo utilizado até então.
Isso porque a intenção do Banco Central não é apenas trazer mais eficiência, competição e qualidade para os serviços bancários, mas também fazer isso nas áreas de investimentos, seguros, previdência, entre outras.
Dessa forma, você não vai precisar mais usar diferentes aplicativos na hora de contratar um empréstimo, fazer um investimento, realizar operações de câmbio, cotar um seguro, etc.; poderá fazer isso através de uma única plataforma de sua preferência, por exemplo.
O melhor de tudo é que as informações que você disponibilizar poderão ser acessadas inclusive por empresas onde você não tem conta, em um ambiente seguro e controlado.
De acordo com Felipe Souto, fundador e CEO da Bloxs, ecossistema de soluções de investimentos alternativos e acesso ao mercado de capitais para pequenas e médias empresas:
A abertura do sistema financeiro com o compartilhamento seguro de dados autorizados entre as plataformas participantes é, sem dúvida, uma revolução em relação à forma como o setor opera atualmente. Os usuários terão acesso a uma gama mais ampla de produtos e serviços financeiros, podendo escolher aqueles que se adéquem melhor ao seu perfil, objetivos e momento de vida.
Ou seja, o Open Finance é uma forma de integrar todo o sistema financeiro, permitindo que os clientes possam escolher livremente entre diferentes provedores e produtos, de acordo com suas necessidades e preferências.
Nesse sentido, o Open Banking é uma parte do Open Finance, que se refere especificamente ao compartilhamento de dados e serviços bancários entre as instituições autorizadas pelo Banco Central.
O Open Finance traz mais transparência, agilidade e conveniência para os investidores, que poderão acessar e comparar diversas opções de investimento em uma única plataforma, sem a necessidade de abrir contas em diferentes instituições.
Com isso, terão a portabilidade dos seus dados e do seu histórico financeiro entre diferentes instituições, facilitando a análise de crédito e a obtenção de melhores condições.
Benefícios para investidores individuais
Para os investidores individuais, o Open Finance oferece os seguintes benefícios:
- Maior autonomia e controle sobre seus dados e serviços financeiros;
- Mais alternativas para diversificar e personalizar as decisões de investimentos;
- Mais facilidade para realizar operações financeiras;
- Maior segurança e proteção dos dados pessoais;
- Menos custos e tarifas;
Tudo isso, sem dúvida, permitirá que os investidores tomem melhores decisões na hora de aplicar seu dinheiro, exigindo mais inovação e aprimoramento do mercado.
Ainda de acordo com Souto:
Podemos ver o surgimento de novos modelos de negócios com a integração de serviços financeiros e bancários em plataformas digitais, permitindo que os usuários estejam no centro das suas decisões. Se considerarmos a forma como esses setores são concentrados e ineficientes hoje no país, realmente se trata de uma revolução.
Desafios de segurança e proteção de dados no Open Finance
O Open Finance também traz alguns desafios para os investidores, especialmente no que se refere à segurança e à proteção dos dados pessoais.
Para garantir que o compartilhamento de dados seja feito de forma segura e consentida, o Banco Central estabeleceu uma série de regras e padrões técnicos para as instituições participantes do Open Finance.
Além disso, a instituição criou um sistema de autorregulação do Open Finance, que visa fiscalizar e punir eventuais infrações ou abusos.
No que se refere à segurança e proteção de dados, podemos citar os seguintes desafios mais importantes:
- Integração dos canais digitais: como há várias instituições financeiras envolvidas, a integração dos canais digitais é um desafio. Embora a padronização da troca de informações já exista, ainda há questões a serem resolvidas.
- Adequação à legislação de proteção de dados (LGPD): as instituições participantes devem estar atentas ao que está previsto na LGPD, especialmente ao fato de que os dados só podem ser compartilhados com o consentimento do cliente e para os fins definidos por ele.
- Governança de APIs: trata-se de um aspecto crucial para garantir que as informações sejam compartilhadas de forma segura e eficiente. As instituições participantes devem disponibilizar APIs dedicadas ao compartilhamento de dados e serviços, de acordo com as regras e os padrões estabelecidos pela regulamentação.
- Segurança do usuário: O Open Finance foi projetado para oferecer segurança ao usuário em todas as etapas, incluindo o uso de diferentes formas de autenticação, como biometria, token e senha, e o monitoramento de transações que possam apresentar vulnerabilidade a fraudes.
- Educação do consumidor: um dos desafios para os próximos anos é garantir que os consumidores entendam que seus dados serão utilizados apenas para os serviços que autorizarem.
Regulamentações e adaptação das empresas
As empresas que atuam no mercado de capitais também precisam se adaptar às novas regulamentações do Open Finance, que exigem mudanças nos processos internos, na infraestrutura tecnológica, na gestão de riscos, na governança corporativa e na cultura organizacional.
As empresas devem estar preparadas para:
- Cumprir as normas técnicas e operacionais do Banco Central;
- Proteger os dados dos clientes e garantir sua privacidade;
- Oferecer produtos e serviços inovadores e competitivos;
- Estabelecer parcerias estratégicas com outras instituições;
- Acompanhar as tendências e as demandas do mercado.
É preciso lembrar que o Banco Central do Brasil regulamenta a implementação do Open Finance por meio de atos normativos que definem as regras, os padrões técnicos e os procedimentos operacionais, envolvendo aspectos como: escopo de dados, serviços das instituições participantes, consentimento do cliente e autenticação.
Dessa forma, as empresas que desejam participar do Open Finance devem se adaptar a essas regulamentações, garantindo que o consentimento do cliente seja respeitado antes de compartilhar seus dados.
Além disso, deverão implementar medidas de segurança para assegurar que apenas usuários autorizados tenham acesso aos dados compartilhados, com estrita atenção à LGPD.
Impacto do Open Finance no mercado de capitais
Para as empresas que desejam alavancar seu crescimento no mercado de capitais – sobretudo as de pequeno e médio porte –, a maior concorrência no sistema financeiro tem um enorme potencial de aumentar a liquidez de suas ofertas.
Ao permitir que os investidores tenham mais flexibilidade para movimentar e aplicar seus recursos com base em suas preferências e objetivos, o Open Finance pode reduzir o tempo e o custo das captações.
Isso permitirá que realizem operações com mais frequência e escolham diferentes soluções de captação, desde contratos de investimento coletivo, para projetos menores, até operações mais estruturadas e de longo prazo, como debêntures, antecipação de recebíveis, fundos de investimento, entre outras.
De acordo com Marcio Paiva, CFO da Bloxs:
Devemos nos lembrar que a tônica do Open Finance é promover a concorrência e a inovação no setor financeiro, com produtos e serviços mais adequados para o perfil e o momento de cada investidor. As recomendações de investimento serão, assim, muito mais personalizadas e diversificadas, dando maior liquidez às ofertas e reduzindo o “time to market”.
Conclusão
Em todos os aspectos, o Open Finance representa uma grande evolução no mercado de capitais, proporcionando uma experiência mais aberta, transparente e acessível para todos os participantes. Na perspectiva da Bloxs, vemos o Open Finance como uma oportunidade emocionante para fortalecer nossa missão de ser a força transformadora no mercado de capitais.
Com o Open Finance, a Bloxs pode expandir ainda mais sua abordagem democrática, conectando investidores, empresas e instituições financeiras de maneiras inovadoras. Ao adotar tecnologias avançadas, como APIs abertas e integrações eficientes, podemos oferecer soluções personalizadas e simplificar os processos, tornando o mercado financeiro mais inclusivo e dinâmico para todos os envolvidos. Além disso, estamos focados em garantir a segurança e a confiabilidade em todas as interações, promovendo assim um ambiente confiável para nossos usuários no cenário do Open Finance.