Em dezembro, a SEC (U.S. Securities and Exchange Commission) anunciou mudanças propostas na definição de investidor credenciado que permitiriam que mais pessoas acessassem estratégias do mercado privado como o private equity.
Este é um movimento que nós apoiamos. De fato, com proteções adequadas, acreditamos que a proposta da SEC poderia ir mais longe na capacitação de investidores individuais para acessar os mercados privados.
Em relação a entidade, a SEC é uma agência americana independente e responsável por proteger os investidores, teria funções paralelas a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) do Brasil. Adicionalmente, ela também tem como obrigação manter o funcionamento justo dos mercados de valores mobiliários.
Mercados privados oferecem oportunidades significativas de crescimento
Nos últimos 20 anos, uma transformação fundamental dos mercados públicos deslocou grande parte do crescimento econômico para os mercados privados.
Hoje há muito mais empresas privadas do que públicas, e essas empresas permanecem privadas por mais tempo (e, em muitos casos, evitam se tornar públicas por completo). Como resultado, muitas das melhores oportunidades de crescimento estão nos mercados privados, onde são inacessíveis para a grande maioria dos investidores individuais.
Os escritórios familiares e investidores institucionais, como aposentadorias, fundações e doações, há muito reconhecem os benefícios de investir em mercados privados.
Alocações a private equity de 15% a 40% ou mais são comuns entre esses grandes e sofisticados investidores. Dado o sucesso que esses investidores institucionais têm tido nos mercados privados, não deve ser surpresa que muitos estejam pedindo à SEC para nivelar o campo de atuação, ampliando o acesso a essas oportunidades.
A proposta da SEC busca o conhecimento
A atual proposta da SEC de reformulação da definição de investidor credenciado abriria acesso a ofertas isentas para investidores que tenham atingido credenciais profissionais ou educacionais relevantes e funcionários conhecedores desses fundos. Todos estes são desenvolvimentos positivos.
Como os mercados privados podem ser complexos e ilíquidos, uma forte base de conhecimento sobre essas estratégias é essencial, algo que a primeira parte da proposta da SEC aborda.
Acreditamos, no entanto, que investidores individuais trabalhando com um consultor que possua a certificação profissional ou educacional exigida poderiam optar, com segurança, por não obter a mesma certificação, desde que esses clientes reconheçam os requisitos de comprometimento de capital e as características de risco e liquidez do fundo em questão.
Mudanças adicionais podem beneficiar os investidores
Também é fundamental disponibilizar pesquisas de baixo custo e imparciais sobre gestores de fundos do mercado privado para ajudar os consultores e investidores a fazer melhores escolhas.
A dispersão de desempenho entre gestores de alto e baixo desempenho é muito maior nos mercados privados do que nos mercados públicos.
Felizmente, esses fundos do mercado privado já estão bem cobertos em nome de investidores institucionais e escritórios familiares.
Se o universo de investidores elegíveis for expandido, é provável que grande parte dessa pesquisa de alta qualidade existente seja rapidamente disponibilizada para investidores individuais e seus assessores.
Finalmente, os investidores credenciados precisam de um veículo apropriado para acessar os fundos do mercado privado. Muitos no setor têm exigido a expansão dos fundos registrados para atender a essa necessidade.
Como resultado, os sócios gerais de primeira linha têm pouco incentivo para oferecer produtos registrados, o que limita as oportunidades de acesso dos investidores de varejo aos gestores de primeira linha.
Além disso, os fundos registrados no mercado privado normalmente cobram taxas significativamente maiores do que as que as instituições pagariam ao investir diretamente na mesma estratégia. Isso corrói o valor dos investimentos no mercado privado para investidores individuais.
Com mudanças relativamente pequenas nas regras, a seção 3(c)(7) feeder funds, que agrega investimentos menores em um único investimento com um gestor de fundos privados, poderia oferecer uma solução melhor.
Esses fundos permitem que investidores de varejo participem (ao lado de instituições em fundos do mercado privado) com mínimos de investimento acessíveis e estruturas de taxas mais baixas do que os fundos registrados normalmente cobram.
Os gestores de alto risco são muito mais propensos a abraçá-los – na verdade, muitos já o fazem – porque oferecem aos GPs uma forma sem atritos de entrar no mercado de varejo.
O acesso a esses fundos está atualmente limitado a compradores qualificados. Se eles forem disponibilizados a investidores credenciados, isso abriria a porta para mais pessoas investirem em fundos de alta qualidade no mercado privado.
Ampliação do acesso aos mercados privados pode melhorar os resultados
O Fórum Econômico Mundial estima que a diferença de poupança para aposentadoria está aumentando US$ 3 trilhões por ano e chegará a US$ 137 trilhões em 2050.
A expansão do acesso aos mercados privados permitiria aos indivíduos considerar oportunidades atualmente fora de seu alcance e poderia resultar em melhores resultados para a carteira de investimentos.
Com a educação sobre os riscos e considerações do investimento em mercados privados e uma maior disponibilidade de pesquisas de alta qualidade sobre fundos, o private equity poderia se tornar tão comum em carteiras de investidores quanto às ações e títulos públicos.
Fonte: Icapitalnetwork