Depois de cinco meses do aparecimento do coronavírus no planeta já ficou bem claro que o mundo não vai ser o mesmo depois da pandemia. O que fica mais claro ainda é que o setor de viagens vai precisar mudar. Muito. E muitas potências do setor já estão se mexendo para mostrar essas mudanças.
Tenho recebido diversos emails de redes de hotéis informando seus novos procedimentos pós-pandemia. Álcool gel vai ser o item mais encontrado em todo hotel, não tenham dúvidas. Por um bom tempo, que ninguém sabe exatamente quanto vai ser, funcionários e hóspedes vão precisar usar máscaras em áreas comuns. Esqueça os buffets de café da manhã. Isso não vai mais existir por muito tempo, talvez a gente nunca mais veja isso. Vai depender da criatividade do hotel em como encher os olhos do hóspede nos cafés da manhã servindo individualmente cada um. A higienização dos quartos vai ser completamente diferente. Como o vírus sobrevive por alguns dias em superfícies de plástico e papelão – e por horas no ar, o processo de higienização dos quartos também vai ter que ser diferente e mais demorado. Quando um hóspede sai, o tempo de entrada do próximo vai ser diferente.
O sistema de ar-condicionado central vai precisar ser revisto em todos os lugares: hotéis, escritórios, aeroportos, galerias. Isso é ponto pacífico.
Os restaurantes vão precisar mudar os espaços das mesas e vários já começam a apresentar soluções como divisões de acrílicos entre clientes ou pequenas cabanas transparentes separando cada mesa. Novamente vai ser um exercício de criatividade.
Quem viajava pra Nova York, por exemplo, para assistir os espetáculos da Broadway vai sofrer a princípio. Shows, teatros e cinemas vão ter que repensar seus espaços. O que a gente estava acostumado a viver em casas de espetáculos e grandes teatros não pode mais acontecer num mundo que já espera várias ondas da pandemia. O antigo drive-in aparece como uma solução para quem gosta de assistir filmes na tela grande. O turismo para grandes eventos esportivos também vai ter que mudar. Aquela multidão num estádio, sinto dizer, já é passado.
Talvez o setor que mais esteja sofrendo seja o de aviação. A maioria dos voos simplesmente foram interrompidos e algumas companhias aéreas já assinalam suas perdas. Todo o setor vai ter que ser repensado: a distância das cadeiras, o tempo da aeronave no aeroporto para higienização e os métodos de higienização. O custo para o passageiro, a priori, deve aumentar, mas as principais companhias aéreas precisam muito buscar soluções criativas e parcerias com outros setores para que esses custos não recaiam unicamente nos passageiros, porque isso vai significar a diminuição no mercado e um aprofundamento na crise.
Internamente a indústria do Motorhome, que já é tão grande em alguns países, pode crescer. Você viaja com seu próprio transporte e quarto.
“O turismo não vai morrer. Mas vai nascer de novo, de forma bastante diferente.”
Álvaro Garnero
O turismo é um mercado muito grande: ninguém vai deixar de viajar. Ninguém vai deixar de ter curiosidade de conhecer outros lugares, de viver emoções diversas e de explorar novas culturas. Cabe aos grandes players da área, que têm condições de investir em mudanças, apontar novos caminhos. O turismo não vai morrer. Mas vai nascer de novo, de forma bastante diferente.
Autor: Álvaro Garnero