Muita gente não teve tempo de acompanhar o maior evento de investimentos do mundo, a Expert XP. Centenas de palestrantes renomados passaram pelo evento que, pela primeira vez, foi feito de forma completamente digital. Dessa forma, a Bloxs preparou um resumo da Expert XP 2020 para você não ficar fora dos temas relevantes que foram tratados no evento.
A edição deste ano reuniu, no mês de julho, grandes nomes nacionais e internacionais da política, economia, finanças, cultura e esporte. Grandes nomes como Ray Dalio, Paulo Guedes, Malala Yousafzai e Magic Johnson foram os principais nomes do evento.
No artigo de hoje, vamos apresentar um resumo das ideias dos principais palestrantes para você tomar melhores decisões de investimento.
Resumo da Expert XP 2020
Resumo da Expert XP 2020 | Investimentos
A Mudança da Ordem Global, por Ray Dalio
Ray Dalio é fundador, copresidente e diretor-geral de investimentos da Bridgewater, um dos maiores e mais bem-sucedidos fundos de investimento do mundo. |
A princípio, em sua apresentação, Dalio ressaltou três pontos importantes que estão influenciando a tomada de decisões de investidores ao redor do mundo neste momento:
- Fim do ciclo de endividamento;
- Desigualdade social e divisão política;
- Ascensão da China como potência mundial antagonista dos EUA.
Segundo o fundador da Bridgewater, os bancos centrais historicamente reduzem as taxas de juros em crises econômicas, a fim de estimular a economia. No entanto, acredita que quando as taxas já estão perto ou abaixo de zero, como estamos vendo no mundo atualmente, seu efeito passa a ser bastante limitado.
Com isso, os BCs mundiais imprimem dinheiro para comprar ativos públicos e privados, no intuito de sustentar a economia. Essas medidas expansionistas reduzem o valor do dinheiro, com potencial para gerar grandes pressões inflacionárias no futuro, como vimos na década de 1930.
Além disso, segundo Dalio, grande parte das bolhas financeiras ocorre quando o mercado financeiro se distancia da economia real, o que parece ser o caso agora.
Estamos vivendo o período com as maiores disparidades de renda desde o início do século passado”.
Inegavelmente, a lacuna entre os mais ricos e os mais pobres gera tensões políticas que abrem espaço para a ascensão do populismo, como a eleição de Donald Trump à presidente dos EUA, segundo o executivo.
Semelhantemente, essa tendência tende a se ampliar na atual pandemia e acentuar essa disparidade de renda e riqueza. Esse fato, decerto, pode trazer implicações políticas, especialmente nas próximas eleições americanas.
Crescimento do mercado chinês
Com relação à ascensão da China, como potência antagonista aos EUA, Dalio fez um apanhado histórico. Mostrou que os EUA se tornaram a maior potência mundial após a Segunda Grande Guerra, quando o dólar se estabeleceu como moeda de reserva do planeta no acordo de Bretton Woods.
Para Dalio, o poder dos EUA está atualmente em declínio, enquanto a China está em franca ascensão e cuja força deve se igualar à dos americanos nos próximos anos.
Desde a Segunda Guerra Mundial, não surgia uma ameaça ao poder americano como a representada pelos chineses. Esse conflito está tendo implicações econômicas, geopolíticas e tecnológicas, como a guerra comercial e o boicote promovido pelos EUA a grandes empresas de tecnologia chinesas, como a Huawei.
Nesse sentido, para enfrentar esse cenário, Ray Dalio defende que a diversificação de carteira com ativos menos correlacionados com o mercado financeiro é extremamente importante, principalmente diante do aumento da volatilidade.
A visão de um dos maiores investidores do mundo: Howard Marks
Howard Marks é cofundador e copresidente da Oaktree Capital, fundo que tem mais de US$ 100 bilhões de ativos sob gestão. |
Howard Marks afirmou que a recente recuperação do mercado financeiro não encontra respaldo, em sua opinião, nos fundamentos. “Estamos vivendo o pior momento econômico dos últimos 80 anos, durante uma pandemia que continua se disseminando”.
As crises anteriores eram de ordem financeira; a atual é de natureza sanitária, por isso não é possível traçar paralelos com as quedas que ocorreram no passado. Isso aumenta o nível de incerteza dos agentes econômicos, o que acaba se refletindo na volatilidade – e, portanto, no risco – do mercado.
“Só a injeção de dinheiro do Fed e do Tesouro [americano] na economia não resolverá o problema subjacente, que é um problema sanitário”, apesar de o executivo reconhecer que a ação dos bancos centrais ajudou a atenuar ou desacelerar a intensidade da crise.
Se os ativos estão subindo por uma força artificial, e não com base em seus resultados concretos, é possível dizer que seus valores estão acima de patamares considerados naturais”.
Diversificar é a solução
Howard defendeu que a diversificação é a melhor forma de mitigar os riscos das carteiras de investimentos em um cenário de grandes incertezas, principalmente em termos geográficos. “É bom ter parte dos seus ativos em seu país e outra parte no exterior”. Ressaltou ainda que é essencial fazer uma diversificação estratégica, alocando recursos em ações, dívidas e investimentos alternativos, com o auxílio de uma consultoria profissional.
Atualmente, Howard acredita que há poucos ativos que podem ser considerados como “baratos” ou “barganhas”, após uma valorização de quase 40% do S&P 500 desde o fundo de março. Mas ele fez questão de frisar que alguns setores com fundamentos sólidos e bom histórico de geração de resultados, como empresas dos setores de energia (petróleo), lazer, hotelaria, viagens e companhias aéreas, estão com preços bastante atraentes para investir com foco em valor. “Muitas companhias desses setores estão cotadas abaixo do seu valor justo”.
O retorno de um futuro melhor, por Larry Fink
Larry Fink é fundador, presidente e CEO da BlackRock, maior gestora de fundos do mundo, com cerca de US$ 7 trilhões em ativos administrados. |
Larry iniciou sua exposição dizendo que ainda não vimos o pior da pandemia. “A taxa de infecção está, na verdade, acelerando no mundo”.
Essa situação inesperada, segundo o executivo da BlackRock, está sendo enfrentada por um nível sem precedentes de estímulo fiscal. “Para se ter uma ideia, a BlackRock foi contratada por cinco governos diferentes para implementar sua política monetária”, afirmou.
Larry ressaltou que esses estímulos precisam surtir efeito.
Se não houver uma rápida recuperação das pequenas e médias empresas, o mercado financeiro provavelmente se adiantou demais”.
O executivo explicou ainda que “há um nível incrível de liquidez disponível no mundo”, o que, segundo ele, explica o rali recente do mercado. “É muito dinheiro que precisa ser investido de alguma forma”. Dado que os juros encontram-se perto de zero ou abaixo disso nas principais economias, o destino natural de toda essa liquidez é o mercado financeiro.
Perspectivas para o mercado
O futuro, de acordo com o presidente da BlackRock, depende sobretudo das taxas de infecção e mortalidade. Se não tivermos uma melhora nesse aspecto ou o desenvolvimento de uma vacina rapidamente, pode ser que voltemos a ver o mesmo derretimento do mercado que vimos em março.
Uma das tendências que vem crescendo nos últimos anos na gestão de portfólios, segundo Larry, é a questão da sustentabilidade. “Um número cada vez maior de clientes vem nos perguntando como estamos lidando com a questão ambiental em nossos investimentos”. Segundo o executivo, a sustentabilidade não é um objetivo só dos ambientalistas, é um valor que está sendo integrado de forma definitiva ao capitalismo. “Ninguém mais quer ver seu nome associado ao aquecimento global”, explicou.
Resumo da Expert XP 2020 | Política
O mundo e seu futuro – entrevista com Tony Blair
Ex-primeiro-ministro do Reino Unido (1997-2007) pelo Partido Trabalhista e membro do parlamento britânico entre 1983 e 1997. |
Tony Blair iniciou sua exposição falando sobre os desafios da administração pública. “Nos meus 10 anos como primeiro-ministro, posso afirmar que o mais difícil no governo é fazer as coisas acontecer, é promover uma mudança real”.
Para o ex-primeiro-ministro, o que faz com que um governo tenha sucesso no enfrentamento dos seus desafios é a sua eficiência na condução da máquina pública. “Coloque dois países lado a lado e em pés de igualdade, e você verá que quem se sai melhor é aquele que procurou adotar uma administração eficiente”, citando como exemplos contrastantes a Venezuela e a Colômbia, Uganda e Brundi, Polônia e Ucrânia.
“Descobrir os problemas que precisam ser resolvidos é muito fácil; o difícil é justamente resolvê-los, pois muitos interesses entram em jogo”, afirmou Blair. Para o ex-parlamentar, é fundamental que os países emergentes adotem sistemas jurídicos que criem segurança institucional capaz de dar previsibilidade aos investidores, além de medidas no campo da infraestrutura e educação para que haja diversificação adequada de suas economias.
O capital humano é o ativo mais importante de uma nação”.
Como vencer a crise
Para Blair, a tecnologia será a grande vencedora da pandemia, e se as empresas não se remodelarem para o mundo digital, acabarão ficando pelo meio do caminho.
Analogamente, outra questão que vem ganhando relevo na forma como a política mundial e os investimentos vêm se configurando é o respeito pelo meio ambiente e o combate do aquecimento global. “É impossível falar em desenvolvimento sem levarmos em conta a sustentabilidade”, afirmou o ex-primeiro-ministro.
Sobre o Brexit, Blair afirmou que foi veemente contra essa posição, por acreditar que traria prejuízos irreparáveis ao país. Segundo ele, o Reino Unido deverá tomar medidas que permitam sua integração de forma mais profunda nas cadeias globais para que sua influência no mundo não seja prejudicada.
Resumo da Expert XP 2020 | Atualidade e Filosofia
Antifragilidade e “Skin in the game”, entrevista com Nassim Nicholas Taleb
Pesquisador, filósofo e risk trader. Autor de sucessos editoriais, como “Cisne Negro”, “Antifrágil” e “Arriscando a própria pele”. |
Nicholas Nissin Taleb foi perguntado, inicialmente, por que não considerava que a atual pandemia seria um “cisne negro”. Explicou que “nada que é previsível pode ser considerado dessa forma”.
As pandemias, segundo o filósofo, são eventos bastante conhecidos da humanidade, citando exemplos de quarentenas no Império Otomano. “As pandemias sempre fizeram parte da atividade econômica ao longo da história”.
O escritor explicou que as medidas para conter uma pandemia são conhecidas, como o uso generalizado de máscaras. “Se essa medida tivesse sido tomada [uso de máscaras] desde o início, poderíamos ter reduzido muito mais a contaminação”. Nenhum governo, portanto, pode dizer que foi pego de surpresa pela pandemia, já que houve tempo suficiente para que muitos países se preparassem adequadamente.
Os EUA têm os melhores centros de pesquisa em saúde do mundo e, mesmo assim, são um dos países mais afetados pela doença”.
O que deixou de ser feito, segundo o filósofo, foi buscar as soluções mais baratas possíveis para a produção de máscaras, por exemplo, cujo uso em massa tem eficiência comprovada. Além disso, “ninguém se preocupou em fechar as fronteiras com antecedência”, explicou.
A pandemia e a ciência
Perguntado sobre a importância da pesquisa para desenvolver soluções capazes de conter a disseminação da doença, Taleb disse que o avanço da ciência se baseou mais na “tentativa e erro” do que propriamente em estudo teórico, citando o exemplo da indústria farmacêutica. “Muitos dos medicamentos que tomamos ao longo da história se basearam muito pouco em pesquisa e muito mais na tentativa e erro dos químicos e farmacêuticos para ver o que funcionava ou não”. Por isso, segundo o filósofo, é importante ser cético quanto às soluções que nos dizem ser baseadas em pesquisa.
Em síntese, acredita que o mesmo se aplica ao mercado, de acordo com Taleb. Disse que “98% dos produtos que estão à venda hoje não foram desenvolvidos para a finalidade que têm hoje”.
Posteriormente, ao final da sua entrevista, Taleb salientou a importância da adaptação para sobreviver em um ambiente em constante inovação. A pandemia, segundo o filósofo, deixou bastante claro que os negócios que souberam se adaptar a um evento abrupto como esse estão enfrentando melhor a crise, e o poder de adaptação é maior em quem está acostumado a enfrentar o inesperado.
Resumo da Expert XP 2020 | Economia
O momento econômico brasileiro – Entrevista de Paulo Guedes
Ministro da Economia, fundador do grupo BR Investimentos e um dos quatro fundadores do Banco Pactual. |
O ministro Paulo Guedes iniciou sua exposição ressaltando a importância das reformas para a estabilidade fiscal, com destaque para a reforma tributária, na qual defendeu a adoção do imposto sobre transações financeiras: “Haverá um imposto sobre transações? Estamos estudando ampliar a base. Vai ter imposto sobre dividendo? Vai. O imposto de Renda da Pessoa Jurídica vai cair”.
Guedes explicou que o planejamento do ministério foi interrompido abruptamente pela pandemia e que o governo precisou adotar medidas emergenciais para evitar um colapso dos sistemas de assistência social. “Terminamos o eixo emergencial e estamos voltando à agenda”, referindo-se às reformas que deseja promover durante o governo.
O ministro reconheceu que o governo falhou na tentativa de ampliar o crédito no país, especialmente para as pequenas e médias empresas. Segundo ele, o governo enfrentou muitas dificuldades para “fazer o dinheiro chegar na ponta”. No entanto, salientou que há previsão de injetar “mais uns R$ 300 bilhões de crédito”.
As reformas do Governo
Para a retomada do crescimento, Guedes frisou que o governo está planejando uma série de medidas para “destravar os investimentos”. Dessa forma, iniciativas como o marco do saneamento, a reforma do setor elétrico, além de ferrovias e infraestrutura de petróleo e gás, serão essenciais.
Eu acho que este ano nós vamos surpreender o mundo”.
O ministro se mostrou confiante de que as reformas enviadas ao congresso serão aprovadas no tempo certo para o país sair da crise o mais rápido possível.
No final da entrevista, o ministro disse estar totalmente comprometido com as bandeiras do governo, rechaçando qualquer possibilidade de deixar o cargo antes do fim do mandato do presidente Jair Bolsonaro. Todavia, a única possibilidade de isso acontecer seria o congresso interditar completamente o debate e o presidente abandonar a agenda de reformas.
Resumo da Expert XP 2020 | Empreendedorismo
A Magia de Vencer – Entrevista com Earvin “Magic” Johnson
Earvin “Magic” Johnson é ex-jogador de basquete e atual presidente e CEO da Magic Johnson Enterprises, conglomerado de investimentos avaliado em cerca de US$ 1 bilhão. |
Johnson, a princípio, foi perguntado sobre qual seria a principal característica de líder nas quadras. O ex-astro dos Los Angeles Lakers respondeu que era o foco constante em vencer, apesar de todas as adversidades e obstáculos.
Em sua carreira desportiva, Johnson defende que o que faz um jogador se tornar um astro não é seu histórico de vitórias, mas sua capacidade de superação e aprendizado a cada derrota. “Sempre que eu perdia, voltava para a academia e pensava em como eu poderia ser um jogador melhor”.
Johnson foi questionado sobre a experiência que teve quando descobriu, em 1991, que era HIV positivo. Afirmou que o apoio da família foi crucial para continuar de pé, visto que sua esposa estava grávida na época, e a doença trouxe grandes incertezas tanto para a saúde dela quanto do bebê. “Se não tivesse contado com o apoio dos meus pais e da minha esposa, não estaria aqui hoje”.
Saia justa
Earvin ‘Magic’ Johnson foi questionado, com tom de brincadeira, sobre qual foi o maior desafio de sua carreira: enfrentar Michael Jordan ou administrar um grupo avaliado em US$ 1 bilhão?
Sem dúvida o mundo empresarial é mais difícil”.
Para ele, o basquete era algo natural. Já o mundo dos negócios trouxe desafios completamente distintos. Destacou, dessa forma, que encontrou dificuldade em termos de atração de talentos e bons colaboradores. Analogamente, disse que precisou voltar a estudar para acompanhar a vida de um executivo.
Resumo da Expert XP 2020 | Educação e Direitos Sociais
Uma conversa com Malala Yousafzai
Vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2014 e cofundadora da Fundação Malala |
Malala Yousafzai é uma das principais vozes do planeta. A ativista iniciou a conversa dizendo que sua luta pelo direito universal à educação e pela emancipação feminina. Dessa forma, focou em compartilhar sua visão que “todo o poder que a voz tem na promoção de mudanças.”
Nunca subestime o poder da sua voz, essa é a mensagem que quero espalhar pelo mundo”.
Segundo Malala, muitas vezes acabamos ofuscando nosso potencial por acreditar que não estamos à altura dos desafios que temos pela frente. “Percebi que podemos fazer a nossa parte dando pequenos passos de cada vez”.
Questionada se em algum momento pensou em desistir daquilo que defende, Malala afirmou que, mesmo nos momentos em que ninguém a escutava, ela refletia: “Eu não acredito que a mudança acontece sem ação, por isso precisamos de alguém que assuma a dianteira e seja a voz da mudança”, citando os exemplos de Nelson Mandela, Martin Luther King e diversos outros líderes.
A democratização da educação
Ao falar sobre a educação feminina, Malala ressaltou que, ao redor do mundo, o interesse em garantir a emancipação da mulher é muito pequeno, já que poucos governos se preocupam em adotar ações afirmativas que permitam às mulheres prosperar nos mais diferentes ramos de atuação.
“Muitas mulheres saem da escola na adolescência por pressões sociais, gravidez precoce, violência, etc.”, disse Malala. A frase lembrou o caso em que foi baleada ao sair da escola por ousar buscar uma educação melhor para si.
Malala citou a importância de contar com o apoio da família para que as mulheres possam se desenvolver plenamente na sociedade, pois, segundo ela, a maioria dos obstáculos femininos começa dentro de casa. Segundo a ativista, as empresas também precisam adotar, acima de tudo, ações afirmativas para que seus cargos diretivos sejam ocupados cada vez mais por líderes femininas.
Resumo da Expert XP 2020 | Bloxs
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