Na economia brasileira, investimentos em renda fixa, contratos, financiamentos e demais aplicações estão atreladas a algum dos indexadores financeiros, conhecidos também como benchmark de mercado. Por consequência, a performance e as oscilações próprias do mercado também são afetadas por essas taxas.
A depender dos movimentos dos indexadores no ecossistema macroeconômico, os efeitos são sentidos por diferentes camadas da sociedade. Afinal, a influência desses índices acarreta no aumento ou na queda de valores em acordos e, até mesmo, no custo de vida.
Os indicadores macroeconômicos desempenham um papel crucial no mundo das finanças e dos investimentos. Eles são usados para medir o desempenho de ativos, calcular taxas de juros e determinar valores de referência para diversos produtos financeiros.
Neste artigo, exploraremos as principais dúvidas sobre indexadores financeiros, desde o que são até como eles afetam os investimentos e a economia como um todo.
Indicadores macroeconômicos
Em resumo, os indexadores financeiros funcionam como taxas de referência utilizadas pelas companhias. A sua aplicabilidade atende tanto demandas de orientação quanto de acompanhamento do desempenho econômico, disponibilidade de crédito e tendências de consumo. Por isso, costuma sustentar precificação e reajustes.
Dentre as implicações diretas que melhor exemplificam a abrangência desses índices, estão os contratos de aluguel. O reajuste do preço, conforme previsto no prazo contratual, segue as orientações da base de referência do indexador apontado no documento. Como, invariavelmente, estão atrelados à inflação, o peso da correção dependerá da modalidade escolhida.
Além dos negócios no segmento de locação, as taxas influenciam a rentabilidade de títulos e investimentos públicos e privados; correção de valores de contratos para prestação de serviços; renegociação de folhas de pagamento; concessão de empréstimos e financiamentos; e outros.
Principais indexadores financeiros
No mercado nacional, cinco índices de mercado se destacam no uso de referência para análise e tomada de decisões. São eles:
Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
Apurado oficialmente pelo IBGE, esse índice considera o valor dos produtos e serviços prestados ao consumidor. Ou seja, na sua soma, consta o custo médio da cesta básica e dos bens e serviços. Em julho deste ano, o teto registrado do IPCA foi de 4,75%, e a meta de inflação para a época era de 3,25%. Isso significa que os investimentos atrelados ao IPCA geraram ganhos acima da perda do poder de compra.
Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M)
Medido pela Fundação Getúlio Vargas, o cálculo do IGP-M engloba os custos de diferentes etapas da cadeia produtiva. A porcentagem resulta da média de Índices de Preços ao Consumidor (IPC), Preços por Atacado (IPA) e Índice Nacional do Custo da Construção (INCC). No último agosto, o IGP-M registrado teve variação negativa, chegando a -5,28%.
Taxa Selic
Principal instrumento de combate à inflação do Comitê de Política Monetária (Copom), esse índice orienta o Banco Central na regulação da moeda, precificação de linhas de crédito e demais operações relacionadas ao custo real do dinheiro. Neste ano, após a queda na inflação, os juros da Selic foram reduzidos para 13,25% ao ano. Porém há projeções para novas reduções abaixo de 12%.
Certificado de Depósitos Interbancários (CDI)
Considerada a medida-base da renda fixa, trata-se da taxa utilizada pelos bancos para empréstimos feitos entre si. Ao colocar os títulos públicos como garantia do crédito, os valores de referência são aproximados aos da Selic.
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC)
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor, conhecido como INPC, foi criado com o propósito de servir como base para calcular os ajustes salariais. Diferentemente do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o INPC representa a realidade financeira dos trabalhadores com renda mais baixa e dos aposentados, ou seja, aqueles que são mais impactados pelo valor do salário mínimo.
O INPC, portanto, avalia o impacto da inflação sobre as famílias que recebem entre 1 e 5 salários mínimos. Acompanhar o comportamento do INPC é uma atividade fundamental para os investidores, uma vez que alguns investimentos privados ainda estão vinculados a esse índice. Além disso, o INPC é valioso por sua capacidade de indicar o momento mais propício para negociações na área de Renda Fixa.
Como os indexadores financeiros são calculados?
Os indexadores financeiros são calculados de diferentes maneiras, dependendo do índice em questão. Vou explicar brevemente como alguns dos principais indexadores financeiros brasileiros são calculados:
- Taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia): A Taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e é determinada pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central. Ela é calculada com base nas operações de compra e venda de títulos públicos federais. A Selic é divulgada diariamente e serve como referência para diversas operações financeiras.
- IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo): O IPCA é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mede a inflação oficial no Brasil. Ele é calculado a partir da variação de preços de uma cesta de produtos e serviços que representa o consumo das famílias brasileiras. O IPCA é divulgado mensalmente.
- IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado): O IGP-M é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e é utilizado como referência em contratos de aluguel e reajuste de preços em geral. Ele é calculado a partir da média ponderada de três outros índices: IPA (Índice de Preços por Atacado), IPC (Índice de Preços ao Consumidor) e INCC (Índice Nacional de Custo da Construção).
- CDI (Certificado de Depósito Interbancário): O CDI é um indicador utilizado no mercado financeiro para referenciar a taxa de juros de empréstimos entre instituições financeiras. Sua taxa é calculada a partir das operações de empréstimos e financiamentos entre os bancos.
- TR (Taxa Referencial): A TR é uma taxa de juros que costumava ser usada como referência para alguns investimentos, como a poupança. Ela era calculada pelo Banco Central e estava ligada à remuneração das contas de poupança e outros produtos financeiros.
É importante notar que esses são apenas alguns dos principais indexadores financeiros do Brasil, e outros índices podem ser utilizados em diferentes contextos e produtos financeiros. Cada um deles possui uma metodologia específica de cálculo para refletir as variações econômicas e de preços em sua área de abrangência.
Como os indexadores afetam a economia?
Os indexadores financeiros podem ter um impacto significativo na economia. Por exemplo, mudanças nos indexadores de inflação, como o IPCA, podem afetar o poder de compra dos consumidores e influenciar as decisões de política monetária dos bancos centrais.
Indexadores de mercado de ações, como o S&P 500, frequentemente refletem a saúde geral da economia e podem influenciar os investimentos empresariais.
Qual é o papel dos indexadores financeiros nos investimentos
Os indexadores financeiros desempenham um papel fundamental na avaliação do desempenho de investimentos. Investidores utilizam esses índices como benchmarks para comparar o retorno de seus investimentos em relação ao mercado como um todo. Além disso, muitos fundos de investimento e produtos financeiros são projetados para acompanhar o desempenho de indexadores específicos.
Quando o assunto se volta para opções de investimentos, os indexadores financeiros se dividem entre:
- Prefixados: os rendimentos são definidos no ato da aplicação.
- Pós-fixados: o valor depende das variações acumuladas durante a aplicação.
Os riscos que envolvem a modalidade em que se emprega o capital devem ser ponderados conforme o propósito que conduz a ação. Caso seja necessário um retorno específico para custeio de sonhos, quer seja aquisição de uma moradia ou custeio de uma viagem internacional, compassagem de avião e hospedagem, a previsibilidade do prefixado pode ser mais adequada.
Quais são as vantagens de acompanhar indexadores financeiros?
Acompanhar indexadores financeiros oferece diversas vantagens, incluindo:
- Referência de Desempenho: Investidores podem comparar o desempenho de seus investimentos com o mercado em geral.
- Tomada de Decisão: Ajuda na tomada de decisões de investimento informadas.
- Diversificação: Permite a diversificação de portfólios com base em diferentes indexadores.
- Avaliação de Risco: Facilita a avaliação do risco associado a investimentos.
- Ajuste de Contratos: É utilizado para reajustar contratos financeiros, como aluguéis e títulos de dívida.
De um modo geral, os indexadores financeiros desempenham um papel vital nos mercados financeiros e na economia em geral. Eles servem como indicadores-chave para investidores, empresas e formuladores de políticas, afetando uma ampla gama de decisões financeiras e econômicas. É essencial compreender como esses indexadores funcionam e como eles podem impactar seus investimentos e finanças pessoais.
Lembre-se de que, ao investir, é importante considerar os riscos e buscar orientação profissional, se necessário. Os indexadores financeiros são ferramentas valiosas, mas a análise cuidadosa é fundamental para tomar decisões financeiras sólidas.