Saber se uma ação está “cara” ou “barata” nunca foi uma tarefa fácil nem livre de controvérsias. Indicadores Fundamentalistas são grandes parceiros nessa tarefa.
A verdade é que essa distinção está na essência daquilo que se pode chamar de arte de investir: escolher os melhores ativos, no momento certo, ao preço mais baixo possível.
Ao longo de décadas, gerações e mais gerações de investidores se debruçaram sobre os números do mercado financeiro para desenvolver técnicas e ferramentas que lhes permitissem descobrir preciosidades ocultas aos olhos da maioria.
Entre as diversas estratégias de investimento que acabaram sendo desenvolvidas, a Análise Fundamentalista pode ser considerada como uma das mais destacadas e tradicionais, influenciando ainda hoje as decisões de uma legião de investidores que buscam nos resultados corporativos e no ambiente concorrencial das empresas aqueles papéis que, em sua visão, têm grande potencial de valorização.
O objetivo da Análise Fundamentalista é encontrar o valor intrínseco de um ativo através do estudo pormenorizado de fatores econômicos e financeiros que afetam o desempenho operacional das empresas, desde dados constantes de seus balanços em si até um exame das condições dos mercados onde atuam, seus principais concorrentes, cadeias de suprimentos, entre diversos outros fatores.
Através desse estudo, a Análise Fundamentalista pretende chegar a um número que permita ao investidor compará-lo ao preço atual de um ativo, a fim de determinar se está subvalorizado ou sobrevalorizado. Em outras palavras, a meta é descobrir se determinado ativo está caro ou barato.
Hoje vamos falar sobre 5 indicadores fundamentalistas que frequentemente são citados e debatidos nos departamentos de research das maiores e mais influentes mesas de operações ao redor do mundo.
Mas, antes, vamos definir o que é investimento em valor e saber como a Análise Fundamentalista pode auxiliar na tomada de decisões estratégicas.
O que é value investing?
O investimento em valor, ou value investing, é uma estratégia de aplicação que se utiliza da Análise Fundamentalista para encontrar ações de boas empresas com preços abaixo do seu valor considerado justo, a fim de lucrar com sua futura valorização.
Muitas vezes, as oscilações do mercado são provocadas por fatores que não necessariamente têm a ver com a classificação de risco ou desempenho de uma empresa. Questões como tensões políticas e conflitos civis, por exemplo, exercem um papel essencial nesse caso.
Assim, é comum que o preço dos papéis de uma boa empresa caia sem que essa queda tenha relação com seus fundamentos. O investidor de valor busca aproveitar justamente essas oportunidades para se posicionar de forma estratégica e lucrar com a retomada do mercado.
Indicadores Fundamentalistas
Entre os indicadores fundamentalistas mais usados pelos investidores de valor, selecionamos cinco que você com certeza irá ouvir em qualquer relatório financeiro:
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Lucro Líquido/Operacional e Margem Líquida/Operacional
O lucro líquido refere-se à receita total obtida pela empresa com as vendas dos seus produtos ou serviços, da qual são deduzidos todos os custos incorridos no período considerado.
Não deve ser confundido com o lucro operacional, que desconsidera as deduções dos custos decorrentes de dívidas, impostos e determinados itens não recorrentes.
A margem de lucro operacional, ou simplesmente margem operacional, refere-se ao lucro operacional como porcentagem da receita. Portanto, se uma empresa teve um lucro operacional de R$ 50 milhões provenientes de uma receita de R$ 200 milhões, a margem operacional seria de 25% (R$ 50/200 milhões x 100).
A margem operacional mostra a eficiência de uma empresa na administração dos seus custos, o que evidencia a qualidade da sua gestão. Também serve como parâmetro de comparação com outras empresas concorrentes, a fim de determinar qual é mais eficiente em termos de controle de gastos.
Já a margem de lucro líquido, ou simplesmente margem líquida, refere-se ao lucro líquido como porcentagem da receita. Seu cálculo é feito com base na receita e considerando custos dos bens e serviços vendidos, despesas operacionais, juros e impostos.
Trata-se de um dos mais importantes indicadores da saúde financeira de uma empresa. Ao avaliar o histórico de evolução da sua margem líquida, a companhia pode saber se as práticas que vem adotando estão funcionando. Além disso, conseguem prever seu lucro com base nas receitas geradas.
Como esse indicador é expresso em porcentagem, é possível usá-lo para comparar empresas do mesmo segmento e saber qual gerência está sendo mais eficiente em sua estratégia de mercado.
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Lucro por Ação (LPA)
É a parcela do lucro líquido que uma empresa destina para cada ação. Trata-se essencialmente da receita líquida do faturamento dividida pelo número de ações nas mãos dos investidores. Um LPA crescente é um bom sinal, pois mostra que os papéis provavelmente se valorizarão.
Para calcular o LPA, basta dividir o lucro líquido total de uma empresa pelo número de ações em circulação. Se uma empresa, por exemplo, registra um lucro líquido de R$ 350 milhões e existem 100 milhões de ações em circulação, o LPA será de R$ 3,50.
Os investidores se interessam em saber o lucro que uma empresa está gerando para cada ação em circulação, pois esse é um indicativo de como ela está investindo os recursos levantados com a emissão dos seus papéis.
Por se tratar de uma métrica universal, serve de parâmetro para comparar o lucro de empresas em diferentes setores. Também mostra a eficiência com que a gestão da companhia está investindo na viabilidade financeira de longo prazo da instituição.
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Índice preço/lucro (P/L)
É um indicador que mede a relação entre o preço de um papel e o lucro por ação. Ele ajuda os investidores a determinar se uma ação está sub ou sobrevalorizada em relação a outras do mesmo setor. Além disso, os investidores se baseiam no índice P/L para saber quantos anos seriam necessários para reaver o capital investido através do lucro gerado pela empresa, considerando que tais lucros permaneçam constantes.
O índice P/L mostra o que o mercado está disposto a pagar hoje por um papel com base em seus resultados passados ou prospectivos. Dessa forma, os investidores simplesmente comparam esse indicador com os dados de referência ou de concorrentes.
Seu cálculo é feito dividindo o atual preço de uma ação pelo LPA oferecido por uma empresa. Assim, por exemplo, se uma ação está cotada a R$ 70, com um LPA de R$ 5,00, o índice P/L é de 14 (R$ 70 divididos por R$ 5).
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Fluxo de caixa livre
Em termos simples, o fluxo de caixa livre refere-se aos recursos que sobram no caixa da empresa depois que ela paga todas as suas despesas operacionais e de capital.
Um bom caixa é fundamental para a sustentabilidade e aprimoramento de uma empresa.
As companhias que contam com um alto fluxo de caixa livre podem investir em inovação, realizar aquisições e resistir melhor a crises do que concorrentes menos líquidos. Além disso, podem distribuir seus lucros em forma de dividendos para seus acionistas.
Seu cálculo é feito subtraindo-se do fluxo de caixa operacional o dispêndio de capital, conforme os demonstrativos divulgados.
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Retorno sobre o patrimônio líquido (ROE – Return on Equity)
O ROE é um importante indicador fundamentalista, na medida em que mostra a rentabilidade da empresa. Além disso, indica a taxa de retorno que um acionista recebe por sua parcela de participação.
Seu cálculo é feito dividindo-se o lucro líquido pelo patrimônio dos acionistas (ativos da companhia menos dívida).
Com esse indicador, o investidor pode ter uma ideia de como a gerência de uma empresa está usando seus ativos para gerar lucro.
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