SPACs são empresas listadas em bolsas americanas com o único propósito de gerar ganhos de capital aos seus acionistas através da aquisição de startups ou outras empresas de capital fechado com alto potencial de valorização.
Na sigla em inglês, SPAC significa Special Purpose Acquisition Company, ou empresa com propósito específico de aquisição.
Essas operações foram responsáveis pela maior parte do crescimento dos IPOs feitos nos EUA e arrecadaram no ano passado mais de US$ 80 bilhões.
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Os investidores dão a essas empresas uma espécie de “cheque em branco” para que elas vasculhem o mercado em busca de oportunidades capazes de gerar ganhos financeiros extraordinários após o anúncio de uma fusão.
Além disso, as SPACs permitem que empresas não listadas façam IPOs “mais baratos”, já que não precisam incorrer nos altos custos da abertura de capital tradicional.
No artigo de hoje, você vai saber mais detalhes de como funciona uma SPAC e por que elas estão chamando tanto a atenção do mercado ultimamente.
O que é uma SPAC?
SPACs quer dizer (Special Purpose Acquisition Company) é uma empresa que abre seu capital em uma bolsa dos EUA com o objetivo de fazer uma aquisição de uma boa companhia não listada e, com isso, gerar ganhos de capital aos seus acionistas.
Essas companhias não têm operações comerciais nem um plano de negócios e são constituídas somente para levantar capital através de uma oferta inicial de ações (IPO).
Por isso, elas são chamadas de “cheque em branco”, pois sua função é buscar no mercado companhias que possam gerar ganhos financeiros através de uma fusão ou aquisição.
Entre as empresas que abriram seu capital através de uma fusão ou aquisições via SPAC estão:
- DraftKings, uma das líderes mundiais em esportes eletrônicos e entretenimento digital.
- QuantumScape, líder no desenvolvimento de baterias de lítio-metal em estado sólido para uso em veículos elétricos.
- Immunovant, biofarmacêutica de estágio clínico, focada em proporcionar uma vida normal a pacientes com doenças autoimunes.
- Betterware, empresa mexicana especializada em vendas diretas ao consumidor.
- Adapthealth, fabricante de equipamentos médicos e prestadora de serviços de saúde.
Os investidores das SPACs geralmente alocam uma parte do seu capital de risco nessas ações, buscando ganhar com operações especulativas.
Saiba mais detalhes sobre as empresas com propósito específico de aquisição no vídeo a seguir:
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SPACs em números
Em 2020, as empresas com propósito específico de aquisição foram responsáveis pela maior parte do crescimento do mercado de IPOs nos EUA, respondendo por cerca de 50% das listagens feitas no país.
Essas companhias conseguiram levantar no ano passado mais de US$ 80 bilhões em receita bruta, com 237 aberturas de capital, ultrapassando o recorde de US$ 13,6 bilhões em 2019, que teve 59 IPOs do tipo.
O tamanho médio desses IPOs é de US$ 337 milhões nas bolsas americanas.
O salto de 462% na receita gerada pelas SPACs no ano passado superou a dos IPOs tradicionais, que foi de US$ 67 bilhões, conforme números da Business Insider.
Confira no gráfico abaixo o crescimento dos volumes capitados com esse tipo de operação:
Leia também: SPACS: o que está por trás desse fenômeno americano?
Como funciona um IPO via SPAC?
Em um IPO tradicional, as empresas precisam contratar grandes bancos de investimento para ajudá-las a vender suas ações ao público.
Isso, obviamente, não é nada barato, já que todo o processo é realizado por essas instituições, no intuito de tornar o IPO viável e conseguir um bom preço por ação.
Esse processo, no entanto, é cheio de incertezas, pois é preciso fazer um esforço enorme para atrair investidores institucionais e impulsionar a captação.
A estratégia de abertura de capital via SPACs, por outro lado, é muito mais barata, porque a empresa que faz a aquisição já está listada, tornando desnecessários os tradicionais road shows e a contratação de grandes bancos, que cobram em média 3-3,5% do volume captado.
Assim, todo o processo de abertura de capital já foi feito antes da aquisição, reduzindo drasticamente o tempo e os recursos necessários para a listagem.
Ao encontrar uma empresa para fusão ou aquisição, a SPAC costuma oferecer cerca de 80% do valor captado via IPO para a companhia comprada e o restante é destinado a cobrir custos e comissões.
Vale lembrar que as operações feitas pelas empresas com propósito específico de aquisição precisam ser submetidas aos seus acionistas, que podem decidir continuar ou não com a ação.
Vantagens do investimento em SPACs
O grande interesse de pequenos investidores nesse tipo de operação é que as ações das SPACs custam em média US$10, e o volume captado é aplicado em títulos do tesouro americano à espera de uma oportunidade de compra.
Se não houver uma operação de fusão ou aquisição no período de dois anos, os recursos captados no IPO da SPAC são devolvidos aos investidores, acrescidos de juros.
O ganho de capital acontece quando é anunciada uma fusão ou aquisição, já que as ações da SPAC pertencerão à empresa adquirida.
Como se vê, é um investimento relativamente barato e seu maior risco é o resultado da aquisição, que pode ou não agradar o mercado. Trata-se, portanto, de um investimento especulativo, mas com altíssimo potencial de retorno.
O benefício para os investidores é se tornar sócio de uma boa empresa antes de ela se tornar pública, ou seja, é uma espécie de operação de private equity.
Segundo o especialista em investimentos Andrey Nousi:
As SPACs estão gerando tanto frenesi porque entregaram em média retornos de 37% aos investidores em 2020, muito maior do que a média do mercado. São realmente ganhos estratosféricos.
Como investir em uma SPAC?
O modelo de IPO via empresa com propósito específico de aquisição ainda não foi regulamentado no Brasil, apesar de já existir há várias décadas nos EUA.
Por isso, não é possível fazer esse tipo de investimento na bolsa brasileira.
Para investir em SPACs é preciso abrir uma conta em uma corretora americana e realizar a operação de acordo com a legislação daquele país.+
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