Os fundos de investimento nas cadeias produtivas agroindustriais (Fiagro) tiveram um crescimento extraordinário desde a sua criação em 2021, aumentando seu patrimônio em mais de 30 vezes.
No último ano, as captações líquidas do setor cresceram mais de sete vezes, superando a marca de R$ 4 bilhões de reais, um claro sinal de que o mercado de capitais está de olho no crescimento do agro nacional.
Como uma das maiores potências agropecuárias do mundo, o Brasil precisa ampliar as fontes de financiamento do campo, a fim de aumentar a competitividade das nossas fazendas e expandir seu mercado.
Nos últimos anos, o agronegócio elevou sua participação no PIB nacional e contribuiu decisivamente para os saldos positivos da nossa balança comercial, consolidando-se como pilar fundamental da nossa economia.
No entanto, não houve uma expansão paralela das soluções de crédito rural, sobretudo para pequenos e médios produtores, o que levou as autoridades a buscar novas fontes de captação para as fazendas, como os Fiagro.
Neste artigo, vamos entender melhor como foi o crescimento desses novos fundos de investimento do agronegócio e quais são os maiores Fiagro atuantes hoje em nosso mercado.
Confira os tópicos que vamos abordar a partir de agora:
No fim do ano passado, estavam ativos em nosso mercado mais de três dezenas de Fiagro, com um patrimônio líquido superior a 10 bilhões de reais, de acordo com dados da Anbima.
Os fundos de investimento nas cadeias produtivas agroindustriais foram criados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em meados de 2021, a partir da promulgação da lei 14.130.
De lá para cá, o salto desse novo instrumento de captação de recursos para o agronegócio teve um salto impressionante, saindo de 500 milhões de reais em captações líquidas em 2021 para mais de 3,63 bilhões de reais no ano passado.
Com inspiração no sucesso dos fundos imobiliários, não demorou muito para que os Fiagro também atraíssem uma parcela substancial de investidores, com destaque para pessoas físicas, cujo interesse pelo setor cresce a cada ano.
De fato, houve um avanço extraordinário de pequenos investidores interessados em diversificar seu patrimônio com ativos ligados ao campo.
Em seu último relatório mensal sobre o mercado de Fiagro, a B3, empresa operadora da bolsa de valores brasileira, divulgou que o número de investidores em fundos do agronegócio atingiu mais de 188 mil em janeiro deste ano.
E a perspectiva de crescimento dessa nova fonte de financiamento do agronegócio não poderia ser melhor. Uma reportagem publicada no portal da Sociedade Nacional de Agricultura aponta que, em apenas cinco anos, o patrimônio líquido dos Fiagro pode alcançar a marca de 100 bilhões de reais, dez vezes maior do que o valor atual.
De acordo com Felipe Souto, CEO da Bloxs, plataforma de acesso ao mercado de capitais para pequenos e médios empreendedores:
Os fundos imobiliários têm um patrimônio líquido de 200 bilhões de reais atualmente. Para fins de comparação, a construção civil representa menos de 7% do PIB nacional, enquanto o agronegócio responde por mais de 27%. Há, portanto, uma avenida enorme de crescimento para os Fiagro, e acredito que as projeções atuais para o setor são extremamente conservadoras, dada a sua importância para a economia nacional.
Felipe menciona ainda que a pouca representatividade do agronegócio no mercado de capitais se deve ao chamado “efeito crowding out”, na medida em que os subsídios governamentais sempre foram muito elevados, retirando a competitividade de linhas tradicionais de crédito para as empresas do setor.
Até a crise de 2015, os incentivos governamentais cresceram de forma acelerada, na forma de subsídios, como o Plano Safra, praticamente expulsando o financiamento privado do setor. Após a mais grave recessão da nossa história, o equilíbrio fiscal ganhou mais importância, abrindo espaço para reformas como a da previdência e a do teto de gastos. A partir de então, houve uma drástica queda nos recursos públicos aportados no setor.
Essa nova realidade obrigou os produtores a aumentarem a participação dos juros de mercado em seu mix de crédito e incentivou as autoridades a criarem novas soluções de captação, principalmente para pequenos e médios empreendedores.
Nesse sentido, a CVM regulamentou o crowdfunding para empresas com receita bruta anual de até R$ 40 milhões. O investimento participativo é ideal para que pequenos produtores possam formar sua base de investidores e realizar captações recorrentes no mercado de capitais.
Da mesma forma, a autarquia implementou, em caráter experimental, os fundos de investimento nas cadeias produtivas agroindustriais (Fiagro), inspirando-se na experiência de sucesso dos fundos imobiliários.
A partir de então, o número de operações focadas em propriedades rurais, direitos creditórios do agronegócio e participação em empresas do setor cresceu de forma vigorosa.
Os fundos imobiliários classificados como Fiagro saíram de apenas 200 milhões de reais no terceiro trimestre de 2021 para 8,8 bilhões de reais no primeiro trimestre de 2023, como mostra o gráfico abaixo:
O mesmo se aplica aos fundos de direitos creditórios ligados ao agronegócio, que cresceram de apenas 400 mil, no terceiro trimestre de 2021, para 1,66 bilhão no primeiro trimestre de 2023. Já os fundos de participação em empresas do campo tiveram um salto de 26 milhões para 143 milhões no mesmo período.
Em relação maiores Fiagro do mercado no fim do ano passado, uma matéria publicada pela analista Gabriela Mendes no portal Uqbar afirma o seguinte, :
O FIAGRO Opea Agro Sumitomo Chemical foi o que obteve maior PL, R$ 524,62 milhões, seguido pelo Insumos Milênio TerraMagna FIAGRO, com R$ 462,68 milhões de PL, e o BTG Pactual Crédito Agrícola FIAGRO, com R$ 304,59 milhões em PL. Juntos, eles somam mais de R$ 1,2 bilhão em patrimônio líquido.
Os dados sobre o patrimônio líquido dos maiores Fiagro do mercado de capitais no fim de 2022 podem ser encontrados na seguinte tabela:
Se você gostou deste conteúdo e deseja saber mais sobre o mundo dos investimentos alternativos, não deixe de se cadastrar em nossa plataforma para receber nossas newsletters semanais e saber em primeira mão quando forem abertas novas captações para o agronegócio.