O mercado de forex envolve a negociação de pares de moedas de diferentes países e é um dos mais ativos do mundo, atraindo tanto especuladores quanto investidores que desejam lucrar com o sobe e desce constante do câmbio.
“Forex” é a sigla para “foreign exchange” em inglês e significa “mercado cambial” e movimenta trilhões de dólares todos os dias, ao funcionar de maneira praticamente ininterrupta.
Entre os participantes desse mercado, considerado como o maior do mundo, estão bancos, instituições financeiras, empresas multinacionais, governos, investidores individuais e também traders.
Cada um desses players tem objetivos diferentes, como formação de reservas em moeda estrangeira, pagamentos e transferências internacionais, aquisições e investimentos no exterior, ganhos especulativos, entre outros.
Mas como funciona o mercado de câmbio? Quais são suas características? Como é possível ganhar dinheiro negociando moedas estrangeiras? O “forex trading”, ou negociação de moedas, é permitido no Brasil?
Para responder a essas e outras perguntas, ouvimos um especialista no setor para tirar todas as dúvidas dos investidores sobre os atrativos e os riscos de operar a taxa de câmbio.
Os tópicos que vamos abordar a partir de agora são os seguintes:
O que é Forex?
O mercado de câmbio, também conhecido como “forex”, é considerado o maior mercado financeiro do mundo, por movimentar trilhões de dólares todos os dias com a negociação de moedas de países estrangeiros.
Nele, as moedas são compradas e vendidas em pares, como EUR/USD (euro contra dólar), USD/JPY (dólar contra iene) e BRL/USD (real contra dólar).
Entre os operadores (traders) de forex estão instituições financeiras, bancos centrais, empresas multinacionais, gestores financeiros, pessoas físicas, investidores e especuladores, que determinam diariamente a taxa de câmbio de cada par de moedas.
Principais características do mercado de Forex
Entre as principais características do mercado de câmbio, podemos citar:
- Funcionamento 24 horas: devido aos diferentes fusos horários, as operações de câmbio ocorrem de forma ininterrupta, o que permite aos participantes realizar negociações em praticamente qualquer momento.
- Pares de moedas: as operações são feitas com base na taxa de câmbio de uma moeda contra a outra, ou seja, em pares de moedas. O preço, assim, é determinado pela relação entre as duas moedas, como BRL/USD. A primeira divisa da paridade se chama “moeda-base”, e a segunda, “moeda de cotação”.
- Liquidez: como há um grande número de participantes nesse mercado, ele é considerado como o maior do mundo, movimentando trilhões de dólares todos os dias. Isso facilita encontrar compradores e vendedores e executar as negociações em várias condições de mercado.
- Alavancagem: muitos traders operam alavancados, isto é, movimentam quantias maiores do que as que têm depositadas na conta, numa espécie de “empréstimo” oferecido por corretoras de forex e bancos que atuam nesse mercado. No entanto, é exigida uma margem de garantia para a liberação da alavancagem, que varia conforme a instituição e a legislação aplicável.
- Volatilidade: outro ponto importante da negociação cambial é a volatilidade, isto é, as bruscas e repentinas movimentações de preços, por conta de eventos de impacto no mercado, como uma decisão de juros de um banco central relevante ou declarações de autoridades capazes de influenciar a moeda do país.
- Plataformas de negociação: as pessoas físicas costumam acessar esse mercado através de corretoras forex especializadas, que disponibilizam as cotações de câmbio e diferentes plataformas para fazer as operações, geralmente através de gráficos técnicos na forma de “candlesticks”, ou “velas”.
Dessa forma, estamos falando de um mercado bastante complexo, com diversas variáveis capazes de influenciar o comportamento das divisas envolvidas e, dependendo da alavancagem do trader e da volatilidade do par que está negociando, é possível sofrer perdas significativas.
Como funciona?
Ao contrário das bolsas de valores, em que as negociações são centralizadas em uma única central de informação, que fornece aos participantes dados precisos de cotação e volume, por exemplo, o mercado de câmbio é descentralizado e pulverizado, gerando assimetria de informações.
Quando você abre uma conta em uma corretora de forex, tem acesso a uma plataforma de operação que exibe, em tempo real, as cotações de cada par de moedas. Esses dados costumam ser obtidos de provedores de liquidez, onde a maior parte das negociações ocorre.
De acordo com o especialista Márcio Paiva, Head de Originação da Bloxs, ecossistema de investimentos alternativos e soluções de acesso ao mercado de capitais para pequenas e médias empresas, o mercado de câmbio é um dos mais complexos do mundo, devido à variedade de fatores que podem influenciar o movimento das moedas, como questões políticas, sociais e econômicas:
Antes de se aventurar no mercado cambial, é crucial ter um conhecimento sólido sobre o que é a moeda e o câmbio, bem como compreender as principais influências e os instrumentos disponíveis. O investimento em moedas requer conscientização dos riscos envolvidos.
Diferença entre mercado à vista e mercado futuro
Os provedores de liquidez são bancos, instituições financeiras e outros participantes de mercado que fazem a intermediação e a liquidação das ordens de compra e venda de seus clientes, que podem ser desde governos até empresas multinacionais. Esses dados determinam o valor do câmbio à vista.
No entanto, diversas bolsas de valores ao redor do mundo oferecem derivativos, como contratos futuros de câmbio, que servem de referência para os operadores que desejam investir, especular ou proteger suas posições em moedas estrangeiras.
Os contratos futuros com vencimento mais próximo costumam seguir de perto as cotações do mercado à vista e, por isso, diversas corretoras forex utilizam essas cotações em suas plataformas.
Dólar à vista e dólar futuro
É muito comum que investidores iniciantes se perguntem “o que é dólar futuro” e “o que é dólar à vista”. A explicação é justamente essa: a cotação do dólar à vista resulta das transações em tempo real que são feitas com os provedores de liquidez, como bancos, corretoras de câmbio e outras instituições financeiras. Já o dólar futuro é utilizado para antecipar ou se proteger de movimentações futuras da moeda americana em relação ao real ou outras divisas.
Classificação dos pares de moedas
Os pares de forex são classificados de acordo com a relevância das moedas em termos de volume de negociação. A divisão costuma ser feita entre pares maiores ou principais (major pairs), pares menores ou secundários (minor pairs) e “pares exóticos” (exotic pairs), formados por uma ou mais moedas com baixo volume de negociação.
Entre os exemplos de major pairs, podemos citar EUR/USD (euro/dólar), USD/JPY (dólar/iene) e GBP/USD (libra esterlina/dólar). Já os minor pairs, também chamados de pares cruzados, são formados por grandes moedas que não envolvem o dólar, como EUR/GBP (euro/libra esterlina), EUR/JPY (euro/iene) e GBP/JPY (libra esterlina/iene).
Por fim, os pares exóticos têm como principais exemplos moedas de países emergentes em relação a moedas de economias desenvolvidas, como BRL/USD (real/dólar), USD/SGD (dólar dos EUA/dólar de Cingapura), EUR/TRY (euro/lira turca) e GBP/ZAR (libra esterlina/rand sul-africano).
Como começar a operar forex?
O primeiro passo para investir ou operar moedas estrangeiras é se preparar, adquirindo conhecimento sobre o funcionamento do mercado de câmbio, suas características e riscos. Em seguida, é necessário acessar o mercado através de uma corretora de forex, que fornecerá a plataforma operacional e as cotações em tempo real para que o investidor possa se posicionar.
O especialista Marcio Paiva, head de Originação da Bloxs, recomenda que qualquer pessoa interessada em forex deve começar de forma gradual e segura, evitando o excesso de alavancagem e a tomada de riscos excessivos:
O ideal seria começar com instrumentos como fundos cambiais, geridos por profissionais experientes. À medida que você adquire mais conhecimento e confiança, é possível considerar posições mais arriscadas, mas sempre consciente dos limites.
Além disso, Paiva recomenda evitar a armadilha do “comportamento de manada” ao começar no mercado cambial:
É essencial estudar, conhecer os principais players e entender como as flutuações cambiais são influenciadas. Não é aconselhável se precipitar e investir grandes somas sem um entendimento profundo.
Forex na B3 / Investir em câmbio no Brasil
No Brasil, a única forma de investir no mercado de câmbio é através de derivativos, como opções e contratos futuros, na bolsa de valores (B3). Em geral, os pares de moeda oferecidos pela B3 têm como moeda-base ou de cotação o real. Entre as opções disponíveis, estão:
- Coroa Norueguesa
- Coroa Sueca
- Dólar Australiano
- Dólar Canadense
- Dólar da Nova Zelândia
- Dólar dos Estados Unidos
- Euro
- Franco Suíço
- Iene Japonês
- Iuan Chinês
- Libra Esterlina
- Lira Turca
- Peso Argentino
- Peso Chileno
- Peso Mexicano
- Rande da África do Sul
- Rublo Russo
Para operar forex na B3, é preciso abrir uma conta em uma corretora registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e ter um perfil de investidor compatível com esse tipo de investimento, já que se trata de uma categoria alavancada e com risco capaz de gerar grandes perdas aos investidores.
Corretoras estrangeiras
Para ter acesso a todas as possibilidades de oferecidas pelo mercado de moedas, é necessário abrir uma conta em uma corretora de forex fora do Brasil, que geralmente fornecem opções de contratos por diferença (CFDs, na sigla em inglês), modalidade proibida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O que são CFDs (contratos por diferença) e como funcionam?
Os contratos por diferença, ou CFDs (“Contracts for Difference”, em inglês), são derivativos utilizados para especulação e investimento em diversos ativos de base, como ações, commodities, criptomoedas e também pares de moedas .
Os CFDs permitem que os traders operem as flutuações na cotação dos ativos de base ou subjacentes, mas sem tê-los em carteira efetivamente. Em geral, a contraparte na operação é a própria corretora na qual o trader está operando, o que, em muitos casos, pode gerar conflitos de interesse.
Opções binárias
Outra forma de operar e investir em forex é através das chamadas “opções binárias” que, ao contrário de outros instrumentos, como CFDs e contratos futuros, têm uma taxa fixa predefinida para a previsão feita pelos traders. Elas recebem esse nome, pois são uma aposta na alta ou na baixa do ativo subjacente, como um par de moedas, durante determinado período, geralmente curto, de minutos a até uma hora.
É preciso lembrar que, assim como os CFDs, as opções binárias não são permitidas no Brasil, sendo oferecidas apenas por corretoras estrangeiras.
É seguro investir no Forex?
A negociação de pares de moedas é considerada arriscada, pois a volatilidade no forex é muito grande, e os traders costumam operar bastante alavancados. Portanto, o potencial de perdas é muito grande.
De acordo com Marcio Paiva, Head de Originação da Bloxs, é preciso ter cautela e ponderação para investir no mercado de câmbio:
Comece de forma gradual, subindo aos poucos e assumindo mais riscos, mas sempre consciente do que está fazendo. Depois de adquirir mais conhecimento, você se sentirá preparado para lidar com movimentos maiores no mercado. Não se aventure com valores elevados sem a devida preparação e compreensão do mercado. Use quantias que você possa se dar ao luxo de perder.
É possível ganhar dinheiro com Forex?
Sim, é possível ganhar dinheiro especulando com a movimentação das moedas, porém é preciso ter consciência de que se trata de um mercado extremamente especializado, que exige preparação e conhecimento dos fundamentos por trás das oscilações cambiais.
O sucesso nesse mercado requer experiência, estratégias bem desenhadas e uma abordagem humilde e cautelosa, já que até mesmo os maiores gestores sofrem perdas importantes operando no mercado de câmbio.
Riscos do mercado de câmbio
Apesar de ser considerado o maior mercado financeiro do mundo, o forex apresenta uma complexidade maior do que as outras classes de ativos, em razão da multiplicidade de fatores que podem afetar a movimentação das moedas, como questões geopolíticas, sociais, econômicas e financeiras.
Além disso, a maioria das corretoras de forex permite que os clientes operem extremamente alavancados nos pares de moeda, o que pode trazer riscos significativos para o seu patrimônio.
Quem opera câmbio com consistência geralmente conhece a realidade das moedas envolvidas e sabe que se trata de um mercado pulverizado, com grandes assimetrias de informação.
Não se esqueça também de que, quando o assunto são CFDs, o trader costuma operar contra a própria corretora, o que pode gerar conflitos de interesses. Esse tipo de operação não é permitida no Brasil.
De acordo com Marcio Paiva, Head de Originação da Bloxs:
O mercado de câmbio é como um jogo complexo. Você não entra nele sem saber as regras. É necessário estudar, entender os principais instrumentos e players, e começar com investimentos mais seguros para então considerar exposições maiores aos riscos
Paiva cita exemplos de grandes prejuízos provocados por operações cambiais em empresas de grande porte, como Votorantim, Aracruz e Sadia, em que a desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar obrigou essas organizações a se reestruturar, muitas vezes vendendo parte ou todas as suas operações para cobrir perdas.
Se empresas bem estruturadas como essas, com equipes enormes de especialistas, analistas e consultores, sofreram perdas substanciais operando câmbio, o que dizer do investidor comum, que muitas vezes está despreparado e em desvantagem no que se refere a tecnologia e acesso à informação?
Alternativa ao investimento no mercado de câmbio
Os investidores que desejam lastrear parte do seu patrimônio em moedas estrangeiras fortes, como o dólar e o euro, contam com diversas alternativas relativamente mais seguras do que o forex, como fundos cambiais, fundos de ações estrangeiras e até mesmo investimento direto em startups.
Segundo Marcio Paiva:
Já realizamos diversas operações na Bloxs oferecendo alternativas para investidores que desejam diversificar seu portfólio com moedas fortes, como uma operação de exportação de carne bovina para a Europa e um investimento direto em uma empresa estruturada para fornecer equipamentos de mineração de criptomoedas. São formas indiretas e inteligentes de ter exposição ao câmbio externo, sem se aventurar na alavancagem, nos riscos e nos custos do mercado cambial.
Como mitigar os riscos do mercado de câmbio?
Para reduzir os riscos do investimento em moedas estrangeiras é necessário preparação, estudo e compreensão dos principais aspectos desse mercado. O mais recomendado é iniciar com investimentos mais seguros, como fundos cambiais, e aumentar gradativamente a exposição ao risco, conforme o trader ou investidor vai adquirindo mais experiência.
Seguindo Marcio Paiva, Head de Originação da Bloxs, as principais dicas para mitigar os riscos no mercado de câmbio são:
Educação e conhecimento
Antes de entrar no mercado de câmbio, é crucial obter um entendimento sólido sobre como ele funciona, as terminologias, os principais fatores que afetam as moedas e os instrumentos disponíveis.
Comece gradualmente
Inicie de forma gradual e segura, evitando excesso de alavancagem e riscos excessivos. Comece com instrumentos mais seguros, como fundos cambiais, antes de considerar posições mais arriscadas.
Evite o comportamento de manada
Evite a armadilha de seguir a multidão e investir grandes somas sem compreender profundamente o mercado. Estude os principais players e entenda como as flutuações cambiais são influenciadas.
Diversificação e alternativas
Considere alternativas mais seguras para ter exposição a moedas estrangeiras, como fundos cambiais, fundos de ações estrangeiras e investimentos em empresas atuantes em mercados dolarizados.
Evite o excesso de alavancagem
A alavancagem pode amplificar os ganhos, mas também aumenta significativamente o potencial de perdas. Utilize alavancagem com cautela e compreenda os requisitos de margem.
Estude fatores externos
Conheça as realidades das moedas envolvidas e entenda que o mercado é pulverizado, com grandes assimetrias de informação. Esteja ciente das questões geopolíticas, sociais, econômicas e financeiras que podem influenciar as moedas.
Faça uma avaliação realista dos riscos
Tenha consciência de que a volatilidade no mercado de câmbio é alta e que as perdas são possíveis. Use quantias que você possa se dar ao luxo de perder e evite investir valores elevados sem uma compreensão profunda do mercado.
Lembre-se de que o mercado de câmbio é complexo e arriscado. Antes de investir, é aconselhável procurar aconselhamento financeiro de profissionais qualificados e dedicar tempo para compreender profundamente os mecanismos e riscos envolvidos.
Procure ainda estudar outras alternativas de lastro do patrimônio em moedas fortes, como investimento direto em empresas que atuam em mercados dolarizados, como commodities, criptoativos e tecnologia.
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