Grandes empresas brasileiras se uniram em prol da restauração e da preservação das nossas florestas nativas, em uma iniciativa pioneira que ganhou o nome de Biomas.
Itaú Unibanco, Marfrig, Rabobank, Santander, Suzano e Vale anunciaram a parceria durante a Conferência do Clima no Egito (COP27), a fim de recuperar e conservar 4 milhões de hectares de matas nativas ao longo de 20 anos.
A sustentabilidade financeira do projeto se dará por meio da comercialização de créditos de carbono, que serão gerados pela atividade durante esse período.
Esse é um exemplo claro de como a união de empresas líderes de diversos setores pode fomentar a responsabilidade corporativa com o clima, promovendo o desenvolvimento econômico, a criação de empregos e a inserção social.
A participação ativa de grandes players nacionais no mercado de créditos de carbono, por meio da preservação e da restauração de florestas nativas, mostra que esse tema ganhará mais importância nos próximos anos.
Neste artigo, vamos entender melhor o que é a iniciativa Biomas e por que a manutenção das árvores em pé vem ganhando relevância no mundo, criando novos mercados e novas teses de investimento.
Os tópicos que vamos abordar a partir de agora são:
O que é a iniciativa Biomas?
É uma startup criada por grandes empresas brasileiras, de diferentes setores, com o objetivo de desenvolver projetos de restauração e conservação de áreas de florestas nativas, como Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, entre outras.
Os sócios originais desse projeto pioneiro são Itaú Unibanco, Marfrig, Rabobank, Santander, Suzano e Vale, que aportarão R$ 20 milhões cada para dar suporte financeiro aos primeiros anos de atividade da empresa.
O modelo de negócios previsto para a companhia é que cada iniciativa de preservação e recuperação ambiental tenha sua viabilidade financeira garantida pela geração e comercialização de créditos de carbono.
Nesse sentido, a ambição da empresa é remover ou evitar a emissão de aproximadamente 900 milhões de toneladas de carbono equivalente da atmosfera durante o período de duas décadas, o que deve contribuir para a proteção de mais de 4000 espécies de animais e plantas.
Por que é tão importante restaurar e conservar matas nativas?
A conservação e a restauração de florestas nativas são ações fundamentais para preservar a biodiversidade do país, que é considerada uma das mais ricas e diversificadas do mundo.
A Biomas entende que as florestas nativas desempenham um papel crucial na regulação do clima, no fornecimento de água e na manutenção do equilíbrio ecológico.
Além disso, o projeto buscará promover a economia sustentável nas regiões onde atua, gerando empregos e renda através de atividades sustentáveis e de baixo impacto ambiental, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico do país.
Com isso, a iniciativa é extremamente relevante, por representar uma colaboração entre empresas líderes em seus setores, que se unem em torno de um objetivo comum de proteger o meio ambiente e tomar medidas concretas de responsabilidade corporativa, para atingir suas ousadas metas ambientais.
Como a questão ambiental impacta o desenvolvimento econômico e o resultado das empresas?
A questão ambiental tem um impacto significativo no desenvolvimento econômico e nos resultados corporativos no longo prazo.
De acordo com Felipe Souto, CEO da Bloxs, plataforma de investimentos alternativos e soluções de acesso ao mercado de capitais para empresas de pequeno e médio porte:
Não podemos nos esquecer de que o meio ambiente é a fonte de matérias-primas usadas pelas empresas em suas atividades produtivas. Portanto, não surpreende que empresas de mineração, papel e celulose, agronegócio e do setor financeiro se unam em torno da questão ambiental, pois é o seu próprio futuro que está em jogo. A exploração irresponsável da natureza pode provocar danos ambientais irreparáveis e comprometer os resultados dessas empresas e a geração de valor para seus acionistas.
Em razão disso, Felipe acredita que cada vez mais empresas de todos os portes estabelecerão metas ambientais ambiciosas, a fim de mitigar seu impacto no planeta e garantir a sustentabilidade da sua atividade para as próximas gerações.
Cabe ressaltar ainda que, devido à pressão social, os governos estão aplicando leis ambientais cada vez mais rigorosas, obrigando as empresas a se adaptarem a um novo modelo operacional, que conjuga desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente.
Ainda segundo Felipe, o mercado entende que as empresas que adotam práticas sustentáveis e responsáveis podem obter vantagens competitivas, reduzindo custos, melhorando a eficiência energética, minimizando os resíduos e a poluição, além de melhorar sua imagem junto aos consumidores e investidores.
Sem dúvida o risco ambiental se tornou um risco de investimento, como afirmou recentemente Larry Fink, CEO da BlackRock, maior gestora de recursos do planeta. Quem não se preocupar com o tema tende a perder competitividade e afastar investidores.
Novos mercados e novas oportunidades de investimento
Novas tendências sociais geralmente abrem novas oportunidades de negócio e de investimentos.
A preocupação com a sustentabilidade ambiental, por exemplo, permitiu a criação de oportunidades em setores emergentes, como energias renováveis, tecnologias limpas e serviços de sustentabilidade.
Dessa forma, a questão ambiental não pode ser ignorada pelas empresas, pois afeta diretamente seu desempenho financeiro, reputação e capacidade de competir no mercado. As empresas devem buscar o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental, adotando práticas sustentáveis e responsáveis.
Entre os setores que estão crescendo em resposta à preocupação com a sustentabilidade ambiental, podemos citar
- Energias renováveis: a busca por fontes de energia mais limpas e renováveis está impulsionando o crescimento de segmentos como energia solar, eólica, hidrelétrica e de biomassa.
- Tecnologias limpas: empresas que oferecem tecnologias limpas, como sistemas de reciclagem, tratamento de água, gestão de resíduos e produção de alimentos orgânicos, estão ganhando relevância no mercado e na carteira dos investidores.
- Mobilidade sustentável: com o aumento da conscientização ambiental, a demanda por veículos elétricos, bicicletas e transporte público mais eficiente não para de crescer em todo o mundo.
- Construção sustentável: métodos construtivos mais eficientes, em termos de energia e uso de materiais, são cada vez mais valorizados pelos clientes e tendem a receber mais incentivos governamentais.
- Serviços de sustentabilidade: empresas que oferecem serviços de consultoria e treinamento para ajudar outras empresas a adotar práticas sustentáveis e reduzir o impacto ambiental também estão em alta.
Dessa forma, não surpreende que grandes players nacionais estejam investindo milhões de reais para estruturar uma empresa ambiental que se aproveitará do mercado de créditos de carbono para gerar valor e, ao mesmo tempo, promover o bem do planeta.
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