Com um volume de 139.6 bilhões de dólares sob gestão, Howard Marks é um símbolo de expertise e referência para o mercado de capitais global.
Não somente apreciado pelo seu track record de cerca de 19% a.a., é ainda igualmente admirado por compartilhar suas visões periodicamente por meio dos seus memorandos.
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Tomo emprestadas as próprias palavras do oráculo de Omaha, Warren Buffett, sobre os ditos memorandos:
“Quando chegam na minha caixa de e-mail, são a primeira coisa que abro e leio.”
Creio que a partir desse ponto, estão dispensadas demais apresentações.
‘Pensando Sobre Macroeconomia’, o mais recente memorando do megainvestidor
Publicado na última semana, o memorando “Thinking About Macro”, em sua tradução literal, “Pensando Sobre Macroeconomia”, extraímos dois principais apontamentos do gestor, que consideramos serem revestidos de um tom de aviso – uma espécie de ensinamento para todos os investidores e demais integrantes do mercado de capitais.
- Cuidado com previsões sobre cenários macroeconômicos, o futuro da conjuntura macroeconômica não é cognoscível tanto quanto os economistas fazem parecer que é;
- A inflação e os seus impactos nas taxas de juros são extremamente importantes para o investidor, mas a verdade é que pouco conhecemos sobre este fenômeno “misterioso”.
“Existem dois tipos de indivíduos que ‘preveem’ o futuro, aqueles que não sabem sobre o futuro e aqueles que não sabem que não sabem.”
Apesar desta frase não ser de autoria de Howard Marks, e sim de John Kenneth Galbraith, o renomado gestor já se valeu desse pensamento para exemplificar o que pensa sobre previsões acerca de acontecimentos que ainda estão por vir.
Previsibilidade excessiva: qual o cuidado que devemos tomar com previsões macroeconômicas?
Em síntese o que se interpreta a partir desta mensagem é a humildade que devemos ter diante de acontecimentos futuros.
Por mais que possamos procurar matematizar e estimar efeitos de fatores econômicos, como o resultado das decisões no campo da política monetária, por exemplo, nunca saberemos ao certo qual rumo a macroeconomia irá tomar de fato, e por assim ser, não deveríamos fundamentar nossas decisões de investimento nestas presunçosas previsões, aponta Marks.
Vejamos, não é o caso de descartarmos por completo a análise macroeconômica, ela não pode ser tida como obsoleta.
O foco é para a cautela com as previsões neste âmbito, dado que existem inúmeras variáveis nesse contexto que mais beneficiam as incertezas do que as certezas.
A diferença entre o importante e o cognoscível
Conforme aponta Marks, há diferença entre ser importante e ser cognoscível, o primeiro deve ser reconhecido independente do último.
Isto é, por mais que não possamos determinar com níveis de muita definição os rumos da inflação e os seus efeitos, ou seja, por mais que não sejam fatores cognoscíveis do ponto de vista da certeza, devemos ao menos reconhecer e considerar a sua importância para os nossos investimentos.
Assim, as decisões de investimento deixam de ser embasadas por previsões macroeconômicas e futurologia e passam a ser ajustadas e ponderadas, considerando cenários e não se orientando por eles.
Com relação à inflação, Marks desafia aspectos relevantes sobre o que de fato conhecemos dela, e perpassa os fatos sobre o atual estado da economia americana impulsionada pelas estratégias de fomento do Federal Reserve em meio a crise pandêmica.
O que podemos aprender com Howard Marks
Costurando fatos, o gestor elucida sua preocupação sobre o risco de uma alta nas taxas de inflação.
Sempre se voltando, no entanto, para o humilde posicionamento de que, apesar de termos conhecimento dos fatos, o resultado destes não é cognoscível. Exemplificando sua tese, Marks aborda a teoria amplamente difundida da relação inversamente proporcional das taxas de desemprego com a inflação – conhecida como a Curva de Phillips.
Em linhas gerais, esse famoso conceito macroeconômico, busca atribuir uma relação de causa e efeito ao desemprego e inflação.
Quando há um baixo número de desempregados o mercado fica mais aquecido e o poder de barganha fica na mão dos colaboradores, puxando os salários para cima e, consequentemente, gerando um aumento no poder de consumo, que por sua vez, eleva os preços, aumentando as taxas de inflação.
Na teoria faz sentido, mas a prática tem se mostrado diferente da teoria.
Conforme evidenciado pelo gestor – os Estados Unidos têm registrado uma queda nas suas taxas de desemprego na última década, e isso que era motivo para gerar um aumento inflacionário acabou não se materializando.
Portanto, com esse e outros exemplos, Howard Marks aponta para os perigos de buscarmos previsões macroeconômicas baseadas nos efeitos que dotamos por conhecer simplesmente porque há uma teoria sobre o tema.
Em síntese, pelo espectro apresentado em mais um de seus memorandos, podemos tirar duas valiosas lições de Howard Marks: humildade na interpretação dos acontecimentos que estão por vir e ponderação daqueles que hoje já estão sob o nosso poder de conhecimento.
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