Crédito rural em dólar – O acesso a diferentes fontes de financiamento é essencial para o desenvolvimento do agronegócio, um dos principais motores da nossa economia.
Recentemente, o BNDES e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) lançaram uma nova linha de financiamento rural em dólar com taxa fixa, voltada a produtores com receitas ou contratos na moeda americana.
O crédito pretende promover a modernização e a produtividade das fazendas, ao permitir a aquisição ou renovação de máquinas e equipamentos agrícolas de fabricação nacional.
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Para acessar os recursos, os produtores precisarão ter o crédito aprovado junto a bancos parceiros, responsáveis por fazer a concessão do financiamento e estabelecer as condições de pagamento.
Para explicar melhor as características dessa linha de financiamento rural, a Bloxs conversou com o economista e professor do Insper, Alexandre Jorge Chaia, que abordou as vantagens e as limitações do crédito para os pequenos e médios produtores.
Os tópicos que vamos abordar a partir de agora são os seguintes:
- BNDES libera linha de financiamento para exportadores do campo
- Recursos devem ser canalizados para grandes exportadores, segundo professor do Insper
- Recursos a pequenos e médios produtores devem continuar escassos
- Por que o crédito rural em dólar é importante para nossas exportações?
- Como captar recursos para sua fazenda no mercado de capitais?
BNDES libera linha de financiamento para exportadores do campo
As linhas de crédito para o agronegócio são importantes não apenas para financiar nossas atividades do campo, mas também para garantir a competitividade dos nossos produtos no exterior.
Fundamental para o saldo positivo da nossa balança comercial nos últimos anos, o agro é responsável por exportar bilhões de dólares todos os meses em produtos como soja, farelo e óleo de soja, café, açúcar, celulose, proteína animal, entre outros.
Em vista disso, a fim de apoiar os produtores com receita em dólar ou contratos lastreados na moeda americana, o BNDES lançou uma linha de financiamento para o campo junto com o Ministério de Agricultura e Pecuária (Mapa).
De acordo com o portal do governo, a nova linha de crédito rural em dólar terá taxa fixa, mais a variação cambial, e visa financiar produtores que realizam transações com o exterior e desejam modernizar suas fazendas.
Isso porque os recursos serão destinados à aquisição de máquinas e equipamentos agrícolas de qualquer espécie de fabricantes nacionais para ampliar a mecanização, renovar e atualizar a frota de tratores e colheitadeiras.
Recursos devem ser canalizados para grandes exportadores, segundo professor do Insper
De acordo com o economista e professor do Insper, Alexandre Jorge Chaia, o financiamento em dólar pode ajudar a mitigar os riscos cambiais dos produtores rurais, na medida em que as commodities exportadas pelo país são, em sua maioria, dolarizadas.
O financiamento em dólar pode ajudar a reduzir a volatilidade da taxa de câmbio para os produtores que têm dívidas em dólar, já que eles terão mais previsibilidade em relação aos seus pagamentos e poderão gerenciar melhor os riscos de flutuações cambiais.
No entanto, Chaia acredita que esses recursos tendem a ser predominantemente destinados a grandes exportadores, que têm uma estrutura organizacional mais estabelecida e maiores condições de fornecer garantias às operações, justamente aqueles que têm mais acesso ao mercado de capitais e conseguem captar mais facilmente no exterior.
O mercado de capitais existe, mas é praticamente dominado pelos grandes produtores rurais, como grandes produtores de soja, milho e algodão. Eles conseguem emitir títulos aqui e também fora do país, inclusive de órgãos multilaterais que destinam recursos para atividades rurais que respeitem o meio ambiente.
Recursos a pequenos e médios produtores devem continuar escassos
Chaia explica que a maior parte do crédito destinado ao pequeno e médio produtor vem do crédito rural de depósitos à vista nos bancos, que são obrigados por lei a repassar parte desses recursos para financiar atividades agropecuárias.
O crédito rural é uma linha barata, porém tem suas limitações e não consegue atender toda a demanda do setor. Nesse sentido, essa linha do BNDES teria impacto para os pequenos e médios produtores com alguma receita em dólar e que tenham acesso aos limites de crédito dos bancos conveniados.
O professor do Insper explica que os produtores de menor porte no país enfrentam um grande empecilho: a baixa formalização.
No momento em que os bancos estão mais seletivos e conservadores nas concessões de maneira geral, os empreendedores do campo que não conseguirem fornecer as garantias necessárias, muito provavelmente terão dificuldades em acessar esses recursos.
Não basta a capacidade financeira, é preciso que o produtor tenha um nível organizacional com boa governança para acessar esse crédito. Muito provavelmente aqueles que operam na pessoa física serão preteridos pelas instituições associadas.
Aparentemente, o próprio governo reconhece que os recursos tendem a ser escoados para os grandes exportadores de commodities.
Em entrevista ao portal do governo, o assessor especial do Mapa, Carlos Augustin, disse o seguinte:
O BNDES foi ao mundo, trouxe dinheiro barato e colocou na mão dos produtores de exportação. Assim, sobra mais recursos para que o governo possa oferecer crédito equalizado para pequenos produtores e para outros produtos e outros produtos agrícolas.
De fato, a política governamental de crédito mais barato para o campo parece estar respaldadas nas linhas já existentes, em especial, o crédito rural, fazendo com que o grande produtor financie sua exportação através da nova linha dolarizada.
De acordo com o governo, o crédito rural em dólar para os exportadores não trará ônus para o Tesouro, pois os recursos serão captados no exterior e disponibilizados aos bancos, que serão responsáveis por assumir o risco do tomador final.
Ainda assim, em razão da relevância que o agronegócio brasileiro ganhou no país e no mundo, o volume disponibilizado pelo governo não deve ser suficiente para satisfazer a demanda do setor.
Isso porque o valor disponibilizado inicialmente será de R$ 2 bilhões, com uma taxa de juros de 7,58%, mais a variação cambial. Os bancos parceiros devem aplicar uma comissão sobre esse percentual, em razão do risco de crédito que tomarão na operação.
Para se ter uma ideia da representatividade do setor em nossas exportações, as remessas do agro para o exterior somaram mais de US$ 17 bilhões no primeiro trimestre do ano.
Dessa forma, os recursos são escassos e não serão capazes de satisfazer as necessidades de financiamento da grande maioria dos produtores, que deverão acessar o mercado de capitais, a fim de levantar os recursos necessários ao financiamento da sua atividade.
Por que o crédito rural em dólar é importante para nossas exportações?
Em primeiro lugar, a medida de certa forma incentiva as exportações brasileiras, já que muitas das transações comerciais no mercado internacional são realizadas na moeda americana.
Além disso, a taxa de câmbio pode ser uma fonte de volatilidade e risco para os produtores rurais, e o financiamento nessa divisa pode ajudar a mitigar esses riscos cambiais.
De fato, como explica o professor do Insper, Alexandre Chaia:
Os exportadores de commodities dolarizadas poderão usar essa linha para se proteger da variação cambial e não correr o risco de, por exemplo, haver uma queda muito grande da moeda americana no mercado internacional e isso reduzir as suas receitas e sua capacidade de pagar as dívidas.
Além disso, muitos produtores rurais já possuem dívidas em dólar, e a oferta de crédito em moeda estrangeira pode ser uma forma de ajudá-los a gerenciar esse passivo financeiro e financiar suas atividades produtivas.
De outro lado, segundo o professor, quando um produtor rural contrata um financiamento em dólar, tem o compromisso de quitar o débito nessa moeda, independente das variações na taxa de câmbio.
Assim, se o real se desvalorizar em relação ao dólar, o produtor terá que desembolsar mais reais para honrar seus pagamentos na moeda americana, e isso pode afetar sua capacidade de pagamento, reduzir sua margem de lucro e até mesmo colocar sua operação em risco
Como captar recursos para sua fazenda no mercado de capitais?
Ao contrário do que muitos acreditam, o mercado de capitais não é exclusivo para os grandes exportadores de commodities.
Já existem hoje soluções ao alcance do pequeno e médio produtor, desde contratos de investimento coletivo (crowdfunding) até operações estruturadas, como debêntures, CRAs e fundos de investimento.
A Bloxs possui um ecossistema completo para atender às necessidades dos produtores que desejam captar de R$ 1 milhão a R$ 120 milhões, com uma equipe de especialistas que entendem as necessidades de financiamento do agronegócio.
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