Apesar de melhorar a cada ano, a participação de profissionais mulheres nos investimentos alternativos ainda enfrenta grandes desafios.
Um relatório recente da Preqin, fornecedora de dados e análises sobre investimentos alternativos, mostra que o número de mulheres atuando na indústria está crescendo, porém ainda há profundas discrepâncias que não terão uma solução rápida.
A título de exemplo, menos de 13% dos cargos de nível sênior são ocupados por mulheres no setor.
Essa realidade vai na contramão das várias evidências de que a maior diversidade de gênero nos quadros de tomada de decisão das empresas tende a melhorar seus resultados no longo prazo.
No artigo de hoje, vamos entender melhor os avanços do mercado de investimentos alternativos em termos de igualdade de gênero e saber o que ainda precisa ser feito para que o público feminino consiga galgar patamares mais altos na indústria.
Os tópicos que vamos abordar são os seguintes:
- Mulheres são minoria entre os profissionais de investimentos alternativos
- Diversidade de gênero entre gestores de fundos
- Investidores institucionais prezam mais pela diversidade do que gestores de fundos alternativos
- Representação feminina em empresas de private equity continua baixa
- Investidores institucionais procuram diversificar mais seus quadros profissionais
Mulheres são minoria entre os profissionais de investimentos alternativos
Ainda há um longo caminho a ser percorrido para que o mercado de investimentos alternativos consiga fechar as lacunas profissionais entre homens e mulheres.
A consultoria britânica Preqin divulgou recentemente seu relatório Women in Alterntives 2022, no qual mostra que a proporção de mulheres trabalhando na indústria teve um pequeno aumento em relação ao ano passado, saindo de 20,3% para 20,9%.
Esse pequeno aumento marginal é insuficiente para que se alcance a plena igualdade de gênero nos investimentos alternativos, ainda mais se considerarmos que, nos cargos de nível sênior, a participação das mulheres ainda é muito pequena: apenas 12,9%.
Entre os investidores institucionais, quase um quarto dos seus profissionais são do sexo feminino. Nas funções de nível júnior, a participação das mulheres salta para 32,1%, mas a profunda desigualdade no alto escalão se repete: pouquíssimas mulheres conseguem chegar ao topo.
Nas palavras de Shifra Ansonoff, diretora global de pesquisa e dados da Prequin:
Apesar da melhora marginal a cada ano, é difícil comemorar esse progresso, sobretudo se considerarmos que a sociedade vem se conscientizando cada vez mais da importância de buscar maior diversidade no mercado de trabalho e permitir que as mulheres se desenvolvam profissionalmente.
Diversidade de gênero entre gestores de fundos
O estudo da Preqin revela que, no segmento de gestão de fundos alternativos, a proporção de mulheres varia de 18,9%, para empresas do mercado imobiliário, a 21,1% para empresas de venture capital e crédito privado.
Ao contrário de outros setores, a indústria de alternativos não registrou uma grande queda na proporção de profissionais mulheres durante a pandemia de Covid-19. Isso reflete a facilidade com que as empresas do segmento conseguiram mudar para o trabalho remoto e híbrido.
Embora isso seja relativamente positivo, mostra que a indústria não passou por uma transformação significativa, e os mesmos desafios pré-pandemia ainda persistem.
Investidores institucionais prezam mais pela diversidade do que gestores de fundos alternativos
A Preqin mostra ainda que a participação de mulheres no segmento de investidores institucionais é maior, alcançando quase 35% em cargos de nível júnior, 26,6% em posições de nível médio e 16,7% em funções de nível sênior
Em um setor cada vez mais competitivo, refletir a mesma prioridade que os clientes têm com a igualdade de gênero pode ser um diferencial importante para o estabelecimento de parcerias de longo prazo, ressalta a consultoria.
O progresso continuará lento até que as mulheres se vejam mais bem representadas na maioria dos cargos de nível sênior. Para isso, a Preqin recomenda que sejam tomadas diferentes ações de inclusão, tais como:
- Buscar ativamente maior diversidade na seleção de profissionais de nível júnior;
- Desenvolver métricas para acompanhar a evolução da igualdade de gênero dentro da companhia;
- Inserir a paridade de gênero como uma métrica importante de desempenho corporativo.
Representação feminina em empresas de private equity continua baixa
Apesar de evidências de que a diversidade de gênero contribui para a geração de melhores resultados financeiros, a participação de profissionais mulheres entre as empresas de private equity continua extremamente baixa.
A pesquisa da Preqin ressalta que apenas 20,5% dos profissionais na gestão de fundos de private equity são mulheres.
Embora a participação feminina tenha melhorado na América do Norte, Europa e Ásia, no resto do mundo, a representação das mulheres entre os profissionais de private equity caiu de 18,9% em 2020 para 18,3% em 2021.
Nos cargos de nível C, a presença de mulheres era ainda menor. Apenas 9% ocupavam cargos de CEO e 8,2% eram membros de conselhos.
As melhoras nesse cenário continuam baixas, apesar das muitas evidências de que a diversidade de gênero gera melhores resultados.
Apesar de esses relatórios mostrarem que a maior presença de mulheres nas empresas melhora seu desempenho, os dados da Preqin revelam que o público feminino está ainda mais subrepresentado profissionalmente no segmento de private equity em comparação com a indústria como um todo.
Investidores institucionais procuram diversificar mais seus quadros profissionais
Nos últimos anos, os investidores institucionais de ativos alternativos passaram a tomar medidas de promoção de mulheres, seja dentro da sua própria organização, seja nas empresas nas quais investem.
Os números da Preqin evidenciam que quase um quarto dos profissionais de investidores institucionais são mulheres, ao contrário dos family offices, onde a representação feminina não passa de 17,6% ao redor do mundo.
Precisamos urgentemente fomentar a criação de culturas corporativas que incentivem a diversidade de gênero dentro da indústria de investimentos alternativos, implementando ativamente medidas de gestão de talentos e políticas de promoção que reconheçam a contribuição feminina para a melhor tomada de decisão das organizações.
Se você deseja saber mais sobre as mulheres no mercado financeiro, não deixe de ler o artigo especial que elaboramos em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres.
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