A web 3.0 marca uma nova era no uso inteligente de dados, com destaque para a inteligência artificial, a aprendizagem de máquina, o metaverso, entre diversas outras tendências que prometem revolucionar a forma como utilizamos a internet.
No mercado financeiro, o avanço da descentralização e da economia digital tende a eliminar barreiras para a circulação do dinheiro e a negociação de ativos, reduzindo, ao mesmo tempo, os custos das transações e melhorando o processo de tomada de decisão dos gestores.
O ambiente financeiro ficará muito mais pulverizado e dinâmico em relação às opções de alocação de ativos, mas a capacidade de inovação continuará sendo o diferencial-chave das organizações que se destacarão nesse cenário mais competitivo.
Da mesma forma, a regulação dos criptoativos permitirá seu uso mais seguro e o fluxo institucional para o mercado de moedas e tokens digitais, acelerando de maneira formidável as possibilidades de uso da blockchain.
Neste artigo, vamos abordar com mais detalhes o que é a web 3.0 e como irá mudar completamente o mercado financeiro, ampliando fronteiras e removendo obstáculos para a captação de recursos para as empresas e a diversificação de carteira dos investidores.
Se você deseja saber quais são as tendências para o futuro do mercado financeiro na era digital, então fique com a gente e fique por dentro dos seguintes tópicos:
O que é a web 3.0 e quais são suas principais características?
Web 3.0 é considerada a próxima geração da internet, marcada pela descentralização de serviços, pela quebra de barreiras ao acesso de informações e pelo poder maior dos usuários sobre seus dados.
O termo, às vezes escrito como web3, é atribuído a diversas origens e já foi utilizado em diferentes momentos das últimas décadas, mas ganhou força após o cofundador do Ethereum, Gavin Wood, empregá-lo em 2014 no artigo “Insights into a Modern World”.
Nesse ambiente, a influência de grandes organizações e o controle dos governos sobre o que os usuários da internet podem ou não fazer tende a ser diminuído, e o fluxo de dados e informações ganhará uma nova dimensão.
Conceitos como inteligência artificial, metaverso, aprendizagem de máquina, blockchain, redes distribuídas e escalabilidade serão comuns nessa próxima onda da internet que vem se desenvolvendo.
Por isso, podemos citar que as principais características da web 3.0 são as seguintes:
- Descentralização de serviços, como e-mail, redes sociais, aplicativos, buscas, plataformas de desenvolvimento de conteúdo, entre outros;
- Maior controle dos usuários sobre o uso dos seus dados;
- Menor influência de grandes organizações no comportamento e na evolução da rede;
- Menor interferência governamental no acesso à informação;
- Redução de barreiras tecnológicas e financeiras para utilização da internet;
- Uso intensivo de tecnologias, como inteligência artificial, aprendizagem de máquina, metaverso e blockchain.
Como funciona a Web3?
O conceito mais importante da Web 3.0 é a descentralização; portanto, todos os serviços que utilizamos atualmente terão uma pulverização cada vez maior, no sentido de que a interferência de grandes organizações e governos será diminuída, mas não extinta.
Da mesma forma, haverá um foco maior na privacidade e no controle de dados pessoais, fazendo com que a internet seja construída pelos usuários e para os usuários.
É possível perceber, portanto, que setores tradicionais da economia passarão por grandes transformações e deverão repensar sua atuação, com foco no usuário e na sua privacidade.
De acordo com Josh Neuroth, diretor de produto da Ankr, em entrevista ao portal Business Insider:
A ideia geral em relação à web 3.0 é fazer com que o controle e a tomada de decisões saia das mãos de um grupo pequeno de pessoas e vá para as mãos da comunidade. É algo bem democrático.
Atualmente, quando utilizamos uma rede social, todos os nossos dados e atividades de navegação são armazenados e rastreados, a fim de permitir a veiculação direcionada de publicidade.
Na Web 3.0, isso não deverá ocorrer, já que os dados dos usuários serão guardados em uma carteira criptografada, através da qual fará a interação com os diversos serviços da internet, permitindo quem pode acessar seus dados e quando pode fazê-lo.
Da mesma forma, quem terá protagonismo na nova geração da internet serão as organizações autônomas descentralizadas, conhecidas pela sigla em inglês “DAO”. Nesse ambiente, os produtos e as decisões em torno da sua utilização não ficarão nas mãos de uma organização centralizada, mas dos usuários, através de aplicações descentralizadas para tanto.
Na primeira fase da internet, as páginas destinavam-se apenas para leitura e obtenção de informações. Já na segunda fase, na qual nos encontramos, houve uma ampliação extraordinária das funcionalidades, permitindo que os usuários se envolvessem de forma muito mais ativa. Sua experiência também ficou mais personalizada, com o surgimento dos serviços de streaming, por exemplo.
Esse uso ativo, no entanto, não foi acompanhado da preocupação com a privacidade dos usuários, cujas informações vêm sendo tratadas como uma espécie de “commodity”, usadas de forma indiscriminada.
Qual será o impacto da Web 3.0 no mercado financeiro?
Já estamos testemunhando o impacto da web 3.0 no mundo das finanças com o surgimento das criptomoedas, criadas justamente para descentralizar e democratizar os serviços financeiros.
O bitcoin nasceu com a proposta de eliminar barreiras para a circulação do dinheiro, reduzir os custos das transações e acabar com a intermediação de grandes bancos, sem prejuízo da segurança dos usuários.
Para tanto, foi desenvolvida a tecnologia blockchain, um registro público de transações administrado por uma rede pulverizada de computadores ao redor do mundo, dando-nos uma ideia clara de como será a realidade do mercado financeiro na nova era da internet.
O mercado financeiro, ou mercado de capitais, é composto por um conjunto variado de instituições, como bancos, corretoras e bolsas de valores, cujo objetivo é viabilizar os esforços de capitalização das empresas junto a investidores, promovendo o desenvolvimento econômico e social.
Todo esse sistema é rigidamente regulado e supervisionado por autoridades locais, a fim de evitar desequilíbrios e aumentar a segurança dos agentes.
Transações sem fronteiras
A nova realidade trazida pela web 3.0 para o mercado financeiro impactará, sobretudo, os players com visão local, que desconsideram a tendência cada vez mais global das operações e do fluxo mais dinâmico de capital.
Como bem explica Felipe Souto, CEO da Bloxs, plataforma de tecnologia de acesso ao mercado de capitais:
As finanças descentralizadas e a web 3.0 prezam pela transparência, pela inclusão e pela autonomia dos usuários, promovendo o aspecto global e dinâmico dos serviços financeiros. Nesse sentido, a infraestrutura, os processos e as tecnologias dos sistemas financeiros sofrerão drásticas mudanças, reduzindo cada vez mais a importância de intermediários e das taxas associadas. Os players que dependem desse tipo de serviço de intermediação, sem se preocupar em diversificar e inovar sua atuação, inevitavelmente ficarão obsoletos em pouco tempo.
Para Felipe, o mercado financeiro descentralizado acabará com a ideia de bolsas de valores locais e pouco acessíveis a pequenos investidores estrangeiros, em razão das dificuldades de câmbio, das tarifas e das taxas bancárias.
Com isso, em sua visão, haverá uma abertura extraordinária do mercado de capitais para investidores de todo o mundo e permitindo que empresas de todos os portes possam se financiar a custos muito mais baixos, o que deve impactar os níveis de juros e a liquidez do mercado como um todo.
Nas finanças descentralizadas, aumentará a importância de aplicativos abertos e geridos por contratos inteligentes, permitindo que as pessoas tenham mais controle sobre seu dinheiro e realizem transações a qualquer momento, em qualquer lugar.
Mais crédito e menos juros
Da mesma forma, o mercado de crédito na web 3.0 tende a ser desburocratizado e desconcentrado, com a participação cada vez maior de plataformas de empréstimos com recursos de pequenos poupadores, como vem ocorrendo com sucesso no caso das operações de crowdfunding (financiamento coletivo) e peer to peer lending (empréstimo direto entre usuários individuais).
Gestão de recursos
A indústria de gestão de recursos também tende a sofrer profundas modificações, especialmente quanto à possibilidade de internacionalizar as carteiras com ativos dos mais variados setores, negociados em blockchain.
Se o acesso a novos mercados tende a se acentuar com a web 3.0, questões como liquidez, lastro real, confiabilidade e segurança ganharão uma nova dimensão, com desafios ainda mais complexos para a gestão dos portfólios.
Seguro e proteção contra ameaças
O segmento de seguros também ganhará um nicho totalmente novo com a descentralização das finanças, na medida em que o volume de ameaças a serem neutralizadas para a segurança dos usuários inevitavelmente aumentará, exigindo uma atuação muito mais direcionada para a proteção de dados e das transações.
Novos desafios
Por fim, não poderíamos deixar de citar os novos desafios que a web 3.0 terá para realmente democratizar o acesso ao capital e aos serviços financeiros.
Como se sabe, o nível de desbancarização da população mundial ainda é muito elevado, de modo que o efeito dessas novas tecnologias pode se dar justamente em sentido contrário, ou seja, acentuando ainda mais as desigualdades.
Outro fator a se ter em mente na web 3.0 é a questão da regulação, da segurança e da moderação em um ambiente descentralizado e, portanto, não submetido a uma autoridade central. Isso pode acentuar preconceitos e reforçar estigmas.
E talvez a maior crítica que esteja sendo direcionada à DeFi seja a impossibilidade de evitar crimes, como lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Nesse sentido, o ideal de liberdade e autonomia não pode contrastar com a exigência de controles e supervisão dos agentes, para a própria segurança dos usuários.
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