Pedro Damasceno foi um dos maiores gestores de fundo do país. Sócio fundador da Dynamo, uma das primeiras e maiores gestoras de fundos do Brasil, o economista foi um exemplo de profissional e homem de negócios.
Extremamente respeitado no mercado pelo seu brilhantismo e por sua personalidade educada, humilde e amigável, Pedro foi responsável por elevar o patamar da gestão de fundos de ações no país.
O Dynamo Cougar, fundo administrado por Pedro, obteve média de 51,15% de rentabilidade ao ano, de 1993 a 2017. Tais resultados deram a Pedro a fama de lenda do mercado e de maior investidor fundamentalista do Brasil.
Entretanto, o investidor faleceu em 2017, aos 47 anos, quando teve um infarto fulminante enquanto corria pela orla carioca. Porém, Pedro Damasceno deixou seu legado no mercado financeiro brasileiro e há muito a se aprender com sua trajetória.
No texto de hoje, falaremos mais sobre a trajetória de sucesso de Pedro Damasceno.
Pedro Damasceno | Trajetória Profissional
Pedro Damasceno era economista formado pela Universidade Candido Mendes.
Teve sua primeira experiência profissional quando ingressou no Banco Montreal como estagiário.
Posteriormente, trabalhou no departamento de análise do banco e ali conheceu, na prática, os segredos do Value Investing.
O Value Investing, conceito popularizado pela lenda dos investimentos, Warren Buffett, era comumente usada nos Estados Unidos e Europa e trazia resultados expressivos para seus adeptos.
Pedro percebeu que poucas instituições no Brasil se utilizavam dos conceitos da análise fundamentalista na hora de estudar uma empresa e viu amplas oportunidades de implementar a estratégia no país.
Pedro Damasceno e a Dynamo
A Dynamo foi fundada em 1993 por Bruno Rocha e Pedro Eberle com o objetivo de administrar recursos em renda variável exclusivamente no mercado brasileiro.
Pedro foi convidado para ser sócio da gestora e de prontidão aceitou. Uniu-se a gestora em 1993 e começou a sua trajetória de sucesso como gestor de fundos.
Todos os sócios da Dynamo admiravam a filosofia de investimento adotada por Warren Buffet e Charlie Munger, o Value Investing.
A gestora, desde sua fundação, utiliza exclusivamente a análise fundamentalista como balizador de suas tomadas de decisão e se tornou a precursora da filosofia no Brasil.
A gestora chegou a ter, surpreendentemente, mais de 13 bilhões de reais de ativos sob gestão. Hoje, administra cerca de 6 bilhões de reais.
O Value Investing na vida de Pedro Damasceno
No início dos anos 90, o Brasil passava por diversas turbulências macroeconômicas. A inflação fora do controle, os juros altos, trocas de moeda, entre outros, dificultavam (e amedrontavam investidores) a implantação da análise fundamentalista no país.
Ainda assim, o investidor não se deu por vencido.
Pedro Damasceno relata no livro “Fora da Curva”, uma das poucas oportunidades que teve de compartilhar sua história:
“Éramos (os gestores da Dynamo) vistos como alienígenas, porque não era comum ver gestores participando de assembleias de acionistas, nem visitando empresas ou falando com diretores”.
Logo de início, o mercado não apostou na Dynamo, pois acreditava que o Brasil era um país instável demais economicamente e politicamente para o Value Investing funcionar.
Por sorte, Pedro – e a Dynamo como um todo – manteve sua filosofia de investimento por mais de 20 anos e os resultados falam por si só.
De 1993 a 2017, os fundos da Dynamo, geridos por Pedro, obtiveram a expressiva rentabilidade de 18.000%, ante os 600% de valorização do Ibovespa.
Em termos reais (descontada a inflação), o Dynamo Cougar rendeu cerca de 7000% nos anos que teve Pedro como seu gestor.
Os Pontos Fundamentais na Análise de uma Empresa
Para Pedro Damasceno, haviam três pontos que deveriam ser observados na análise de uma empresa:
- Seus resultados (faturamento, lucro, etc.).
- Sua estratégia (que engloba a qualidade do negócio).
- As pessoas responsáveis pela gestão da empresa (conselho, diretores, sócios, etc.).
Pedro usava cerca de 80% de seu tempo somente analisando esses três pontos fundamentais.
Ele gostava de visitar pessoalmente as empresas para conhecer o negócio na prática.
Conversava com seus executivos de forma transparente e buscava auxiliar a empresa quando havia algum ponto a ser resolvido.
Pedro agiu dessa maneira quando decidiu investir em empresas como o Itaú, Natura, Lojas Renner, Antarctica, Mesbla, Gradiente, Coteminas, entre outras.
Filosofia de Investimento
Pedro Damasceno foi conhecido por ter sido um homem muito calculista e analítico.
Não possuía vieses por nenhuma empresa ou por setor específico.
O investidor seguia os conceitos da análise fundamentalista e deixava os sentimentos e preferências de lado.
De conformidade com o que acreditava, Pedro dizia que “investimentos temáticos não necessariamente funcionam” e investia fugindo as tendências que pareciam ser a bola da vez.
A Dynamo “quebrou a cara” quando elegeu o setor de petróleo como promissor em meados de 2005, por exemplo. O retorno que obteve com esse investimento foi, segundo ele, medíocre.
Fatos como esse, só ressaltaram para Pedro que o que importava mesmo era a empresa por si só. Obviamente o setor importa e impacta no real valor de uma ação, porém há muito mais a ser observado.
O mercado dizia que Pedro “analisava muito e investia pouco”, ou seja, o investidor buscava se expor o menos possível ao risco.
Ir na contramão do mercado, esquivando-se do senso comum, tornou Pedro Damasceno em um dos mais bem-sucedidos gestores fundamentalistas do Brasil.
5 Dicas para Fazer Bons Investimentos
O Livro “Fora da Curva”, organizado pelo amigo pessoal de Pedro, Florian Bartunek, foi uma das últimas oportunidades que o investidor teve, ainda em vida, de compartilhar suas experiências.
Com o intuito de ajudar novos investidores, sintetizou seus pensamentos em 5 pontos que julgou essencial para a realização de um bom investimento.
- Antes de comprar uma ação, é preciso analisar a estratégia da empresa para saber como ela pretende se perpetuar no mercado e quais os principais riscos que corre. Se for complicado, procure um gestor de fundos que faça isso.
- Companhias que precisam de escala para serem competitivas são normalmente boas opções de investimento, porque um concorrente precisa de tempo e dinheiro para “roubar” seu mercado. É o caso dos grandes bancos no Brasil, da Ambev e da Cielo, por exemplo.
- Estude o histórico dos sócios e executivos que comandam a empresa que pretende investir. Fuja se eles tiverem reputação duvidosa ou estiverem envolvidos em grandes problemas, porque isso pode acabar prejudicando o resultado da companhia.
- Leia os documentos societários das empresas em que investe. São públicos e podem revelar detalhes importantes do funcionamento das empresas.
- É melhor evitar empresas de setores que estejam passando por mudanças, estruturais ou regulatórios, porque é difícil estimar seus resultados.
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