A próxima etapa da digitalização do mercado de capitais ganhou impulso com o avanço das moedas digitais dos bancos centrais e a revolução que a tokenização pode provocar nos meios de pagamento e na negociação de ativos.
Entre os benefícios desse processo para o mercado financeiro está o aumento da liquidez, a redução de custos, a eliminação de fronteiras e a exclusão de intermediários, sem prejuízo da segurança e da transparência.
Como toda inovação, é natural que surjam dúvidas e até receio em sua adoção, mas a regulamentação do setor pode acelerar o surgimento de novos usos e mercados, que vão muito além da oferta de crédito.
Por isso, entender o funcionamento do mercado de tokenização é fundamental para explorar suas possibilidades e as vantagens da automatização e da descentralização.
Estimativas apontam que esse novo mercado pode movimentar US$ 5 trilhões em negócios nos próximos cinco anos, com a integração de diversos ativos, como títulos públicos, ações, papéis imobiliários e moedas digitais.
Você está pronto para essa revolução?
Neste artigo, vamos explicar melhor como a tokenização tende a mudar completamente a forma como fazemos transações de valores, direitos e propriedades, com foco na praticidade e na redução de custos.
Os tópicos que vamos abordar são os seguintes:
Bancos centrais mudam mindset sobre tokenização
A digitalização e a maior integração da economia mundial parecem mesmo ser um processo irreversível e revolucionário, e o protagonismo desse processo deve vir das moedas digitais dos bancos centrais.
Isso acabou dando foco para a importância da tokenização no desenvolvimento de novos sistemas de pagamentos, a fim de reduzir a importância de sistemas legados que hoje dificultam a integração das transações ao redor do mundo.
Ao permitir a transferência e o registro descentralizado de propriedades, direitos e valores, a tokenização aumenta a liquidez dos ativos, elimina a necessidade de intermediários e diminui drasticamente os custos envolvidos.
Como explica Cássio Krupinsk, CEO da BLOCKBR, fintech especializada na construção de infraestrutura de tokenização, em um artigo recente:
A tokenização funciona por meio da transformação de um ativo em diversas frações digitais usando blockchain. Essa transformação dá origem a um token, a representação digital deste ativo, seja ele dinheiro, um direito ou uma propriedade. Ao estruturar juridicamente uma operação de tokenização e criar frações do ativo, é possível negociar qualquer coisa de maneira mais barata, prática e descentralizada, desde uma variedade de produtos financeiros a ativos reais.
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Entendendo a tokenização e seu potencial
Dessa forma, a tokenização é um processo que utiliza a tecnologia blockchain para transformar ativos reais em porções digitais chamadas “tokens”, que representam uma fração do valor do ativo subjacente, possibilitando a divisão e a transferência direta de propriedade.
A maior praticidade e conveniência do processo está despertando o interesse de grandes organizações, ainda mais com a popularização cada vez maior de criptomoedas, como o bitcoin e o ethereum, tanto entre o público de varejo como o institucional.
Isso significa que ativos reais, como imóveis, obras de arte, títulos financeiros e até mesmo direitos de propriedade intelectual podem ser digitalizados pelo uso de blockchain e transacionados em escala global, de forma muito mais fácil, segura e barata.
Cássio, da BLOCKBR, explica que a infraestrutura de tokenização é complexa e deve ser muito bem estruturada, produto a produto, viabilizando a “mudança do mindset” do mercado, ao entender essa aplicabilidade, que é a verdadeira noção de tokenização:
Trata-se de um processo de criar novas estruturações jurídicas e tecnológicas para serem aplicadas no mercado regulado e que reconfigura os papéis dos agentes financeiros de mercado. Já é claro que o mundo corporativo entendeu que isso não é concorrência, mas sim um ambiente que todos utilizarão, mas com espaço para cada negócio alavancar dentro de seus respectivos segmentos e buscar novas fontes que antes eram impensáveis.
Para que isso aconteça, Cássio afirma que a próxima geração de títulos e de tokenização de ativos precisa de padrões regulatórios coesos em todo o mundo, abrindo espaço para um processo real de transformação, com o envolvimento de empresas interessadas.
E as perspectivas são promissoras. Cássio prevê que não demorará muito para que todo o mercado de capitais seja revolucionado pela tokenização, comparando sua transformação com a mudança de paradigma gerada pelo iPhone no mercado de celulares.
Nessa toada, dentro de dois anos, o token se tornará o novo normal, deixando até de se chamar token e substituir o padrão. Assim como, por exemplo, usávamos em 2010 o Blackberry e em 2012 passamos a utilizar smartphones. O mercado irá migrar da mesma maneira e a popularização da tokenização já traz vantagens que passam pela automatização, redução de custos e descentralização dos processos, desde custódia, compliance, transação, verificação e controle de ativos, ou seja, garante maior liquidez entre as pontas.
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Estimativas para o mercado de tokenização
Em seu artigo intitulado “Tokenização não é fazer tokens: a importância de mudar o mindset do mercado”, Cássio, da BLOCKBR, cita um estudo feito pela Bernstein, uma das maiores gestoras de recursos de Wall Street, dizendo que a tokenização deve movimentar US$ 5 trilhões nos próximos cinco anos.
Nessa estimativa, é considerada a tokenização dos títulos mais transacionados no mercado de capitais, como títulos públicos de governos, ações e títulos de dívidas de empresas, papéis imobiliários e ainda as moedas digitais.
Para concluir, Cássio afirma que a “vocação imensurável” dessa plataforma é revolucionar a forma como a sociedade lida com o dinheiro, provocando importantes transformações no mercado financeiro e estimulando diversas discussões sobre sua utilização e legalização.
Saiba mais sobre essa revolução que está chegando
Se você deseja saber mais sobre o que é tokenização, seus diferentes usos e como o mercado de capitais pode se beneficiar enormemente dessa tecnologia, não deixe de ler os materiais completos que já escrevemos sobre o assunto, como:
- O guia rápido de tokenização de ativos;
- Como a tokenização promete revolucionar a indústria de fundos e gestão de recursos;
- E a forma como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está tratando a questão.
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