A evolução da indústria de fundos de investimentos alternativos no Brasil foi o tema do segundo painel do XSummit, fórum de inovação aberta da Bloxs, realizado em março de 2024.
No bate-papo conduzido por Sophia Annicchino, da Bloxs, o gestor da Cimetro Capital, André Ballista, explicou como são as estratégias para adquirir bons ativos no momento certo para obter valor.
O painel também discutiu os diversos tipos de investimentos alternativos, como ativos estressados (ou distressed assets) e seu potencial de lucratividade quando bem trabalhados.
Neste artigo, vamos resumir os pontos mais importantes dessa conversa para que você entenda tudo sobre a evolução desses fundos de investimentos em nosso país.
Importância do timing na indústria de investimentos alternativos
O segundo painel do XSummit teve como foco os fundos que atuam com ativos alternativos, especificamente buscando oportunidades não convencionais no mercado de capitais.
Os investimentos alternativos abrangem tudo o que não se enquadra nas categorias tradicionais de renda fixa ou variável.
O leque de opções é amplo e variado, indo desde fundos imobiliários, já bem estabelecidos no Brasil, até ativos estressados (ou distressed assets), que são aqueles em dificuldades financeiras ou operacionais e podem ser adquiridos a preços reduzidos.
Sofia inicia a conversa citando uma frase de Howard Marks no sentido de que o importante não é simplesmente comprar bons ativos, mas comprá-los no momento certo. Isso é ainda mais importante quando se considera que o setor deve crescer cerca de 8% até 2028.
André concorda com essa visão e afirma que a estratégia correta requer um filtro eficiente das informações fornecidas por originadores para que seja possível selecionar oportunidades de qualidade.
Além disso, o gestor da Cimetro Capital apontou que esse processo é essencial para o desempenho de uma gestora de fundos, especialmente no mercado de investimentos alternativos, onde os ativos não seguem um padrão.
“Devido à complexidade desses ativos, é muito importante desenvolver sistemas que possam selecionar rapidamente as melhores oportunidades, otimizando recursos e aumentando a rentabilidade da gestora”.
Ele argumenta que a eficiência na seleção prévia pode reduzir drasticamente o volume de oportunidades que precisam ser analisadas detalhadamente para fazer as alocações de capital mais assertivas, impactando diretamente na eficiência e nos resultados da gestora.
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Filtro de informações e seleção de investimentos
No evento, Balista enfatizou a importância de se ter um bom sistema de filtragem de informações para identificar as melhores oportunidades de investimento, uma habilidade essencial para o sucesso de uma gestora de fundos.
“Escolher investimentos alternativos é um desafio, pois cada ativo é único e requer uma análise cuidadosa e tempo.”
Balista destacou que o tempo gasto analisando potenciais investimentos é precioso, envolvendo profissionais especializados e, por isso, é caro. Ser eficiente na filtragem inicial — descartando rapidamente o que não se encaixa nos padrões da gestora — é crucial para manter a operação ágil e rentável.
O gestor observou que muitas vezes apenas uma pequena parte das oportunidades analisadas é realmente escolhida para investimento, o que mostra a importância de ter sistemas robustos para fazer essa seleção de forma eficiente. Isso permite que a gestora se concentre nos investimentos mais promissores.
André também mencionou que desenvolver softwares ou sistemas especializados é tão importante quanto o próprio negócio de gestão de ativos, pois a tecnologia é fundamental para otimizar a seleção de investimentos. Esses sistemas ajudam não só na filtragem rápida, mas também na tomada de decisões estratégicas, maximizando o uso dos recursos nas melhores oportunidades.
Assim, a capacidade de filtrar informações e selecionar investimentos é vital para a estratégia de uma gestora de fundos de investimentos alternativos, exigindo tanto habilidades internas quanto o suporte de tecnologia avançada para melhor identificar oportunidades de alta qualidade.
Avaliação de risco e precificação
Em seguida, André destacou a importância de avaliar riscos e definir preços corretamente na gestão de fundos de investimentos alternativos.
Ele comparou a gestão profissional com a amadora, enfatizando que a profissional se sobressai não só pela competência técnica em avaliar e precificar riscos, mas também por uma estratégia intencional de diversificação do portfólio.
“Gestores profissionais buscam ativamente diversificar seus investimentos para reduzir riscos, evitando a dependência de ativos que possam ser afetados pelas mesmas condições de mercado.”
O gestor observou que investidores não profissionais, mesmo sendo inteligentes e bem-informados, muitas vezes montam portfólios que parecem diversificados, mas que na verdade são vulneráveis a certos eventos de mercado, devido à correlação entre os ativos. Isso significa que se um evento negativo afetar um ativo, outros similares no portfólio também serão impactados.
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No mercado de investimentos alternativos, onde os ativos são menos padronizados e o mercado é menos líquido, saber precificar com base em uma análise de risco detalhada é uma habilidade essencial para gestores de sucesso.
No caso de ativos estressados, Balista ressaltou a importância de uma diversificação cuidadosa, que vai além de apenas misturar diferentes tipos de ativos, mas também considera as várias fontes de risco. Isso envolve entender os fatores que podem influenciar os retornos dos ativos e organizar o portfólio de forma que os riscos sejam minimizados e os preços ajustados adequadamente.
Balista concluiu que a análise de risco e uma estratégia de diversificação bem pensada são fundamentais na gestão profissional de fundos de investimentos alternativos, e que a habilidade de identificar, avaliar e precificar riscos corretamente é crucial para criar portfólios fortes e lucrativos.
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Estratégias para investir em ativos estressados
O investimento em ativos estressados envolve a compra de créditos de empresas que enfrentam dificuldades financeiras, como recuperação judicial ou falência.
Balista salientou que o sucesso nesse tipo de alocação depende da aquisição de ativos descontados e da aplicação de uma estratégia eficiente para reabilitar o valor do ativo, o que pode gerar retornos expressivos.
O gestor explicou que não é suficiente comprar um ativo barato se ele continuar desvalorizado. O verdadeiro ganho vem de resolver os problemas que impedem a valorização do ativo, possibilitando vendê-lo por um preço mais alto do que o de compra.
“Se bem-sucedido, esse processo pode multiplicar o capital investido, especialmente se o momento da compra e venda for bem escolhido.”
Ele também falou sobre a variedade de investimentos alternativos, observando que, embora fundos imobiliários sejam alternativos, eles são quase tradicionais em comparação com outros ativos estressados que requerem uma abordagem mais sofisticada. Balista relatou sua experiência com esses ativos, que muitas vezes envolvem resolver dívidas ou outros problemas que limitam seu valor. Superar esses obstáculos é o que permite vender o ativo por um valor maior, alcançando retornos substanciais.
A eficiência operacional é crucial para o sucesso nesses investimentos. Balista frisou que investir em ativos estressados exige uma ação constante e, frequentemente, mais investimentos para solucionar questões legais ou operacionais. Esse esforço adicional é vital não só para liberar o valor do ativo, mas também para acelerar a recuperação do investimento.
Para concluir, o gestor enfatizou a necessidade de uma abordagem cuidadosa e informada na seleção e gestão desses investimentos.
“A estratégia de investir em ativos estressados requer um conhecimento aprofundado do mercado, uma avaliação de riscos excepcional e a implementação de estratégias operacionais eficazes para recuperar e maximizar o valor dos ativos.”
Como investir bem em ativos judiciais
Na última parte do painel, o bate-papo se concentrou na importância de criar uma margem de segurança ao investir em ativos judiciais, destacando que comprar a um preço reduzido é só o começo para assegurar bons retornos.
O desafio real está na capacidade de implementar estratégias eficientes para solucionar problemas complexos, muitas vezes legais ou operacionais, que acompanham esses ativos. Balista ressaltou que o sucesso nesses investimentos depende fortemente da habilidade da gestora em manobrar no ambiente jurídico e, se necessário, adotar abordagens além das jurídicas para liberar o valor dos ativos.
O gestor também deu ênfase especial aos créditos trabalhistas, que são atraentes no universo dos ativos estressados, devido à sua prioridade em processos de liquidação, o que os torna particularmente valiosos.
“Essa prioridade oferece uma camada extra de segurança ao investimento, contribuindo para a margem de segurança geral da operação.”
Investir em créditos trabalhistas também permite diversificar o portfólio de forma eficaz, reduzindo riscos e aumentando os retornos em um ambiente de investimento já considerado arriscado.
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