O Boletim CVM agronegócio abril 2024 revela que o mercado consolidado de renda fixa, renda variável e fundos de investimento alcançou R$ 14,7 trilhões no 1º tri deste ano, com uma importante contribuição do agronegócio.
No setor, o grande destaque no período foi o avanço dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), cujo principal lastro foram as debêntures.
Já os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro), apesar de uma redução em seu patrimônio líquido, viram um aumento no número de fundos e de investidores.
Para entender melhor as tendências do financiamento do agro no mercado de capitais brasileiro, exploramos os dados do último boletim trimestral da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre os instrumentos focados no campo.
Confira a seguir os tópicos que vamos abordar:
Instrumentos do agro crescem em volume
O agronegócio está ganhando espaço no mercado de capitais brasileiro, graças ao dinamismo do setor e, principalmente, à evolução dos seus instrumentos financeiros.
A cada trimestre, vemos um aumento do volume financeiro destinado à produção no campo e, no primeiro trimestre deste ano, não vou diferente.
Nesse período, os ativos do setor atingiram um volume de R$ 493 bilhões, o que representa um aumento de 3% frente ao 1º tri de 2023, de acordo com dados do último Boletim CVM Agro.
Se consideramos o acumulado nos últimos 12 meses, esse crescimento foi ainda mais expressivo, com uma alta de 15,6%.
Os dados do primeiro trimestre revelam que o agronegócio registrou uma taxa de crescimento maior do que o mercado de capitais mais amplo, tanto na comparação trimestral quanto anual. Em termos percentuais, o setor cresceu três vezes mais em volume do trimestre de dezembro ao de março e, na comparação ano a ano, esse crescimento foi duas vezes maior.
De fato, os dados da CVM revelam que o volume financeiro total do mercado de capitais aumentou 1% no trimestre, passando de R$ 14,6 trilhões para R$ 14,7 trilhões. Considerando o intervalo de 12 meses, o crescimento foi de 7,1%.
Mais participação de mercado
Esses números revelam que o agronegócio está aumentando sua participação no mercado de capitais, em busca de fontes alternativas de financiamento, especialmente diante dos incentivos dados ao segmento.
O relatório da CVM revela que a participação das empresas do campo no mercado de capitais aumentou para 3,35% no último trimestre e, em 12 meses, a relevância do setor cresceu 8% nas captações.
Desempenho dos instrumentos financeiros
Apesar de uma redução no patrimônio líquido dos Fiagro, o agro como um todo mostrou um forte crescimento anual, destacando-se os CRAs, que superam o desempenho do mercado geral.
Os números da autarquia revelam que o patrimônio líquido dos Fiagro registrou uma redução de 5,5% no trimestre, devido à movimentação de um fundo específico, que saiu da categoria Fiagro-FIP e passou para a categoria FIP. Mas desconsiderando essa migração, o patrimônio líquido cresceu 3,75%.
Já os CRAs apresentaram um crescimento robusto de 7,7% no trimestre e de 26,9% em 12 meses, passando de R$ 130 bilhões para R$ 140 bilhões, acima do crescimento médio do mercado.
Base de investidores e diversificação
A diversificação e o crescimento da base de investidores nos Fiagro são um sinal de que esse instrumento está ganhando a aceitação e a confiança dos investidores, sobretudo por conta da composição diversificada dos seus ativos.
Em março de 2024, havia 103 Fiagro em operação, com um aumento de 6% no trimestre e de 49% em 12 meses. Segundo a autarquia, a categoria Fiagro-Imobiliário continua em destaque, por representar quase metade do quantitativo total (48%).
No que se refere à concentração de investidores, os Fiagro apresentam uma base diversificada na faixa de 2.000 a 5.000 cotistas, em sua maioria.
Já em relação à sua composição de ativos, os fundos do agronegócio mostram uma preferência maior por CRIs e CRAs, que representam metade do total investido, de cerca de R$ 11,6 bilhões.
Características das emissões de CRA
A maioria das emissões de CRA é destinada a investidores profissionais (49%) e é indexada ao IPCA (60% das emissões), demonstrando uma alta concentração de risco: 95% das emissões.
Na avaliação do CEO da Bloxs, Felipe Souto:
“A prevalência de investidores profissionais nas emissões de CRA e a indexação ao IPCA refletem uma busca por instrumentos financeiros mais seguros, com proteção contra a inflação. Mas a alta concentração de risco é um ponto de atenção, mas também indica grandes operações dentro do setor.”
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Rentabilidade e diversificação
A evolução regulatória promovida pela CVM nos últimos anos permite que os investidores institucionais tenham exposição a diferentes segmentos de expansão do agro.
Um exemplo notável disso é a Resolução CVM 88, voltada ao financiamento de startups e empresas de pequeno porte. Essa resolução simplificou o processo de emissão de títulos estruturados, tornando-o mais rápido e barato do que no rito tradicional.
Dessa forma, títulos securitizados, como CRIs e CRAs, podem ser estruturados e investidos com muito mais eficiência e rentabilidade, sem perda de rigor regulatório e compliance.
O grande benefício disso é que captações de menor valor se tornaram viáveis graças a essa resolução. Com isso, é possível economizar com custos administrativos, conformidade legal e pagamento de juros sobre valores não utilizados.
Conclusão
As principais conclusões desses números é que a taxa de crescimento dos instrumentos ligados ao agronegócio tem sido maior que o mercado de capitais como um todo. Sua participação aumentou, assim como sua atratividade para os investidores.
Nesse sentido, é preciso destacar a força dos CRAs, que tiveram um avanço expressivo nos períodos analisados, com grande preferência entre os investidores profissionais.
A predominância de CRAs indexados ao IPCA revela ainda uma preocupação desses investidores com a inflação e a busca por instrumentos de proteção.
Da mesma forma, a expansão e a diversificação dos Fiagro, com uma base crescente de investidores, é sinal de que o segmento deve continuar crescendo nos próximos anos.
A evolução regulatória, principalmente através da Resolução CVM 88, simplificou processos e reduziu a burocracia para emissões de títulos securitizados de menor valor, permitindo que investidores institucionais diversifiquem suas carteiras com oportunidades mais rentáveis, em conformidade com seus mandatos.
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