O preço da arroba do boi tende a reagir de forma positiva a anos eleitorais, e no pleito deste ano não deve ser diferente.
Diversos fatores irão contribuir para o aumento do consumo interno após as eleições, como a maior renda disponível da população, e eventos importantes, como a Copa do Mundo e as festas de fim de ano.
A injeção de capital na economia e o crescimento do PIB acima das expectativas neste ano contribuem para a valorização da arroba do boi no mercado nacional, mas ainda há pontos de atenção para o pecuarista, como o aumento da inflação e o maior custo do crédito.
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Neste artigo, vamos entender melhor qual é o cenário para a pecuária brasileira após as eleições e o que esperar do agronegócio que é considerado por muitos como um “porto seguro” para momentos de incerteza, como o atual.
Os tópicos que vamos abordar a partir de agora são:
Arroba do boi historicamente sobe em anos de eleições
A história recente mostra que as margens de lucro do pecuarista tendem a aumentar bastante em anos eleitorais, graças à valorização do preço da arroba do boi no mercado interno.
Dados levantados por diversos especialistas mostram que, desde 2002, o preço da carne bovina se beneficia do aumento do consumo interno nos anos em que a população vai às urnas.
E tudo leva a crer que este ano não deve fugir à regra.
Como ressalta um artigo publicado pela Scot Consultoria:
Em anos de eleições há uma injeção de capital na economia, o que de certa forma estimula o consumo da população. […] Sabemos que nesses anos, há maiores investimentos econômicos, o que deixa a população mais capitalizada para consumir e, consequentemente, aquecer o mercado interno.
De fato, neste ano estamos vendo uma conjunção de fatores que deve favorecer enormemente a renda dos pecuaristas, como o aumento da renda disponível da população, a redução do desemprego e a melhora nas projeções de crescimento econômico, o que deve manter o consumo de carne bovina aquecido após as eleições.
Esses fatores, historicamente, vêm contribuindo para a tendência de alta da arroba do boi ao longo dos anos, como mostra o gráfico a seguir, referente ao mercado futuro na B3:
Durante a pandemia, vimos uma intensa valorização do preço da arroba do boi no mercado internacional durante a pandemia, quando medidas de estímulo econômico nas principais economias impulsionaram a demanda da carne bovina, as projeções de crescimento no Brasil vêm sendo revisadas para cima.
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Melhoram perspectivas para economia brasileira
De acordo com o último levantamento do Relatório Focus, pesquisa semanal realizada pelo Banco Central do Brasil junto ao mercado, os especialistas esperam que o PIB cresça 2,67% neste ano, uma alta em relação ao mês passado, quando a expectativa de crescimento do produto interno bruto nacional era de 2,10%.
Além disso, as projeções de inflação estão em tendência de queda, após dois meses seguidos de deflação, graças à queda do barril de petróleo no mercado internacional e às reduções dos preços de combustíveis nas refinarias pela Petrobras.
Dessa forma, o crescimento econômico e o arrefecimento da inflação, aliados à queda da taxa de desemprego, aumentaram a renda disponível da população, especialmente as de baixa renda, graças à ampliação do programa Auxílio Brasil, que deve continuar em vigor após as eleições, independente do candidato à presidente que venha a vencer o pleito.
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Segundo semestre tende a ser favorável ao consumo de carne bovina
Em termos sazonais, o segundo semestre do ano costuma ser positivo para o consumo da carne bovina, já que as festas de fim de ano, o pagamento do 13º salário e a criação de postos de trabalho temporário contribuem para as compras das famílias.
Neste ano, teremos ainda um dos eventos mais apreciados pelos brasileiros: a Copa do Mundo da FIFA.
Durante o torneio, é muito comum que amigos e familiares se reúnam para fazer um tradicional churrasco e assistir às partidas da seleção brasileira.
Como ressalta a Scot Consultoria:
Na média, em anos de eleições, municipais e presidenciais desde 1996, a cotação da arroba do boi gordo, no segundo semestre subiu 8,5%. Este número está acima da média de todos os anos desde o início do plano real, cuja média é de 7,5%.
Pecuarista deve ficar de olho em alguns pontos de atenção
Mas para toda regra existe exceção. No caso da valorização da arroba do boi em anos de eleições, o pecuarista precisa ficar atento a fatores que possam abalar a confiança dos consumidores.
Apesar da queda da inflação nos últimos meses, os preços dos alimentos ainda continuam elevados e pesando no bolso das famílias, muitas das quais mudaram seus hábitos de consumo para conseguir fazer o dinheiro chegar ao fim do mês.
Além disso, o aumento dos juros encareceu o crédito, o que pode diminuir a propensão ao consumo nos últimos meses do ano, mesmo com o cenário econômico mais favorável no país.
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É preciso lembrar ainda que a bonança no mercado internacional parece ter chegado ao fim, devido à normalização das taxas de juros nas principais economias, redução do crescimento da China, recessão na Europa e menor volume de capital disponível para investimentos em economias emergentes, como o Brasil.
O dólar continua se valorizando contra as principais divisas, inclusive frente ao real, encarecendo os preços dos insumos, máquinas e fertilizantes.
Apesar dos anos eleitorais representarem, em média, melhor desempenho que os anos sem eleições, retrações também aconteceram, casos de 2012 e 2016. Isso porque a queda natural do consumo, devido às crises econômicas não alavancou os preços da arroba.
Como investir na fazenda, sem depender de “bancões” ou crédito subsidiado?
No momento em que as taxas de juros voltam a subir forte e o crédito segue escasso para o produtor do campo, levantar recursos para investir na fazenda e aproveitar o bom histórico da arroba do boi em ano eleitoral pode ser um desafio.
Mas existem hoje alternativas para os pecuaristas que não querem ficar reféns das taxas abusivas cobradas pelos grandes bancos ou depender do escasso crédito subsidiado para alavancar os negócios.
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