A digitalização da economia avançou nos últimos anos com a adoção em massa do Pix e tende a ganhar força com o Drex, moeda digital e plataforma de serviços financeiros tokenizados do Banco Central do Brasil.
No terceiro painel do XSummit, fórum aberto de inovação no mercado de capitais realizado pela Bloxs no dia 12 de março de 2024, as discussões giraram em torno do Drex e da tokenização, especificamente do seu impacto no mercado de capitais.
Quem conduziu a conversa foi Jéssica Mota, da Bloxs, que contou com a contribuição dos especialistas Rodrigo Moreira, do banco BS2, e de Alessandro Fraga, do Banco Central do Brasil.
Entre os assuntos abordados ao longo do painel estavam o poder do Drex em reduzir custos de manutenção de contratos e tornar as captações financeiras mais acessíveis para empresas de menor porte.
Neste artigo, vamos mergulhar fundo nos temas mais importantes desse bate-papo, para que você entenda e se prepare para a revolução que está por vir.
Os tópicos que vamos abordar são os seguintes:
Por que o Drex e a tokenização estão atraindo tanto a atenção do mercado?
Na abertura do terceiro painel do XSummit, o destaque foi para a importância cada vez maior do Drex e da tokenização no cenário atual do mercado de capitais.
Jéssica Mota iniciou o painel salientando o entusiasmo e a curiosidade em torno dessas tecnologias, considerando-as temas “super em alta”. Para ela, o Drex e a tokenização já estão atraindo a atenção de especialistas e do público, um sinal do interesse e do reconhecimento do seu potencial revolucionário.
Quem assumiu a palavra logo em seguida foi, Alessandro Fraga, do Banco Central do Brasil, que apresentou uma visão completa sobre o Drex, abordando o progresso atual e os planos para o futuro.
Ele destacou a participação ativa do mercado no projeto-piloto da moeda digital e plataforma de serviços financeiros tokenizados do Bacen, com mais de 70 entidades envolvidas, incluindo bancos e cooperativas.
Essa colaboração indica o forte interesse e comprometimento do setor financeiro com o projeto, refletindo a crença no potencial do Drex para revolucionar o mercado de capitais e o sistema financeiro como um todo.
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Visão geral do Piloto Drex
Alessandro destacou que as prioridades atuais do projeto são a privacidade, a segurança cibernética e a infraestrutura robusta, consideradas essenciais para o sucesso da moeda digital brasileira e da sua plataforma de serviços.
Ele observou que o Drex utiliza a tecnologia Hyperledger Besu, escolhida por suas vantagens competitivas, e o Bacen está empenhado em garantir que a plataforma cumpra rigorosos padrões de segurança e privacidade, em linha com as regulamentações do setor financeiro.
Quanto às tecnologias e testes, o regulador detalhou várias ferramentas em avaliação para superar os desafios de privacidade e escalabilidade:
- Anonymous Zeather: tecnologia em teste para aumentar a privacidade através de transações anônimas, que opera com um sistema de “épocas” para completar provas de conhecimento zero, o que pode ser desafiador para transações complexas ou em ambientes de alta demanda.
- Starlight: uma tecnologia que precisou de ajustes no código e que está prestes a entrar em uma nova fase de testes.
- Part Chain: uma solução em desenvolvimento, com expectativas de iniciar testes em breve.
Além disso, mencionou que soluções da Microsoft e da própria Hyperledger estão sendo consideradas para uma possível integração futura no Drex. Essas tecnologias são fundamentais para garantir que a plataforma ofereça segurança, privacidade e escalabilidade para o futuro digital do real brasileiro.
O painel mostrou o compromisso do Banco Central com a inovação consciente e a colaboração com o mercado para criar uma infraestrutura digital sólida para o real. A busca por avanços tecnológicos e a realização de testes minuciosos são esforços para assegurar que o Drex atenda às exigências de um sistema financeiro moderno e protegido.
Impacto do Drex e da tokenização no mercado de capitais
Em seguida, a conversa girou em torno do impacto que o Drex pode ter no mercado de capitais, com ênfase na redução de custos para manter contratos e na facilitação do acesso ao financiamento para pequenas e médias empresas.
“Isso pode abrir o mercado de capitais para um espectro mais amplo de empresas, especialmente para as PMEs que geralmente têm mais dificuldades em obter financiamento.”, diz Alexandro Fraga (BC)
Fraga destacou como o Drex pode simplificar a tokenização de ativos, resultando em operações mais eficientes e econômicas.
Ele detalhou também que o Drex foi desenhado para apoiar a criação e gestão de tokens, incluindo a conversão da moeda nacional em sua forma digital e a tokenização de outros ativos financeiros. Essa funcionalidade promete ser revolucionária, permitindo que pagamentos e transferências de ativos ocorram simultaneamente de maneira segura e eficaz, o que pode reduzir riscos e cortar custos operacionais drasticamente.
Outro ponto destacado por ele foi que uma das maiores vantagens do Drex é a potencial redução nos custos fixos de fundos de investimento, como os FIDCs, além de tornar mais fácil e menos custoso para as empresas captarem recursos.
“A capacidade de tokenizar e negociar diversos ativos numa única plataforma digital pode tornar o mercado de capitais mais eficiente, transparente e inclusivo.”
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Padronização e interoperabilidade no Drex
Uma questão importante tratada no painel foi como o Drex está estabelecendo um padrão tecnológico e garantindo que diferentes sistemas possam trabalhar juntos sem problemas.
O objetivo do Drex é claro: construir uma base tecnológica que não só promova a inovação no setor financeiro e de capitais, como também crie uma competição justa entre os envolvidos.
Os especialistas enfatizaram que, para o Drex dar certo, é essencial que haja uma linguagem comum tecnológica e a capacidade dos sistemas de se entenderem. Isso é importante para que a troca de ativos digitais aconteça de forma suave, permitindo que circulem livremente pelo ecossistema do Drex e outros ambientes financeiros.
Alessandro ressaltou que o Drex foi cuidadosamente projetado para ser padronizado desde o início. Isso significa que todos os participantes do mercado, de bancos a fintechs, terão acesso ao mesmo conjunto de ferramentas tecnológicas, o que é vital para que o Drex atenda a uma variedade de operações financeiras, desde as mais simples até as mais complexas envolvendo ativos digitais.
A capacidade do Drex de se integrar bem a outros sistemas financeiros também foi um ponto-chave na discussão. O Drex está planejado para se conectar sem dificuldades com sistemas já existentes, como o PIX e o STR, e estar preparado para futuras inovações no mundo dos ativos digitais.
Por fim, o painel reforçou a visão do Banco Central: o Drex é visto como a espinha dorsal para o crescimento do sistema financeiro e do mercado de capitais. Ele oferecerá as ferramentas necessárias para novas inovações, mantendo tudo funcionando em harmonia. A padronização e a interoperabilidade são os alicerces que vão permitir essa evolução, assegurando que o Drex possa se desenvolver e expandir conforme as demandas do mercado mudem.
Cronograma de implementação
O painel também tratou do cronograma de implementação do Drex, que se encontra em fase de pesquisa e desenvolvimento, focada em encontrar soluções que atendam aos requisitos de privacidade, segurança e infraestrutura.
O cronograma está bem organizado em fases distintas, cada uma com objetivos específicos a serem alcançados.
Atualmente, o piloto do Drex envolve mais de 70 entidades, incluindo bancos e cooperativas, e está em uma fase intensiva de testes de soluções, que deve continuar até a metade deste ano. O objetivo desses testes é verificar a eficiência de diferentes tecnologias para assegurar tanto a privacidade dos usuários quanto a capacidade de expansão da plataforma. Estão sendo examinadas várias tecnologias de proteção de dados, como Anonymous Zeather, Starlight e Part Chain, bem como propostas da Microsoft e da comunidade Hyperledger.
No segundo semestre, o projeto vai expandir seu foco para incluir testes de governança do sistema e implementação de novas smart contracts no ambiente Drex. Essa etapa visa aprimorar aspectos fundamentais do Drex, além de privacidade e segurança, para assegurar que a plataforma suporte eficientemente a criação e gestão de contratos inteligentes, essenciais para a tokenização de ativos e realização de operações complexas no mercado de capitais.
Para 2025, o Banco Central planeja abrir o piloto do Drex para mais participantes, o que vai aumentar consideravelmente o alcance dos testes e a colaboração no desenvolvimento da plataforma.
Uma nova convocatória para participação está prevista para o final de 2024, evidenciando o compromisso do Banco Central em continuar a evolução do projeto Drex com ampla participação do mercado.
Sobre a Bloxs
A Bloxs é uma fintech que lidera a transformação digital no mercado de capitais brasileiro. Como uma empresa de tecnologia B2B2C, é pioneira no modelo de “Capital Market As A Service” (CMAAS), proporcionando aos usuários uma solução completa e integrada para a emissão de títulos estruturados no mercado de capitais.
O compromisso da Bloxs é tornar esse processo mais simples, rápido, digital e conectado ao Drex, oferecendo uma experiência única e eficiente para todos os participantes do mercado.Cadastre-se em nossa plataforma e tenha acesso a soluções voltadas tanto para o buy-side quanto ao sell-side, como marketplace, emissão digital de títulos estruturados, automação de processos, além de dados, insights e conteúdos exclusivos.