Não é de hoje que o brasileiro possui o gosto e preferência por realizar pagamentos
parcelados. O sucesso das Casas Bahia é um exemplo disso. Ao permitir que seus
clientes – que eram em sua maioria de baixa renda – adquirissem os produtos de
forma parcelada, as vendas decolaram. É algo que se tornou cultural.
Hoje, grande parte do lucro de empresas é obtido cobrando juros sobre as compras
parceladas. Você sabe como pode usar isso ao seu favor? Sabe como funciona o
cartão de crédito?
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC
Brasil) sobre cartão de crédito, 52 milhões de brasileiros o utilizam como forma de
pagamento, sendo que um terço desconhece o limite do cartão; 96% desconhecem
as taxas de juros mensais e 93% admitem o risco de gastar mais do que podem.
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Além disso, outras pesquisas do SPC Brasil apontam que 48% dos brasileiros não
controlam o próprio orçamento e que em 2018 os serviços de crediário (65%), cartão
de crédito (63%) e empréstimo pessoal (61%) eram os principais responsáveis pela
negativação de CPFs no país.
De qual grupo você faz parte?
Um erro que muitos cometem é encarar o limite do cartão de crédito como uma
extensão do salário, afinal, se o banco disponibilizou é porque eu posso gastar, não?
Essa é uma grande armadilha.
Nem tudo o que o banco disponibiliza devemos utilizar. Ele é uma empresa que
precisa gerar lucro a partir desses produtos, há um forte conflito de interesses entre
isso e a preocupação com o que é melhor de fato para o cliente.
Cartão de crédito
O cartão de crédito é uma forma de empréstimo que possibilita o parcelamento de
compras por meio de uma fatura mensal, que é sempre referente ao mês anterior.
Há diversos custos envolvidos, como por exemplo a taxa de anuidade (garante a
manutenção do cartão durante aquele ano); avaliação emergencial de crédito;
saque; emissão de segunda via e pagamento de boletos.
Muitas instituições cobram a anuidade de forma mensal, enquanto outras nem
sequer cobram. Ao mesmo tempo, muitos cartões com anuidade possuem
benefícios como programa de pontos. É preciso refletir sobre o que vale a pena
dentro de cada programa oferecido, padrão de consumo e necessidades.
Não vale a pena gerar endividamento para conseguir mais pontos. Nunca se deve
gastar o que não se pode pagar, especialmente sem planejamento e estratégia por
trás.
Os juros do cartão de crédito estão entre os mais altos do mercado, como pode ser
observado abaixo:
Mas afinal, o que é o rotativo do cartão?
Para que o limite de crédito seja restabelecido, a fatura deve ser paga até a data de
vencimento. Caso o usuário não possua dinheiro para pagar o valor inteiro da fatura,
existem duas opções: pagamento do mínimo da fatura ou parcelamento.
Ao pagar o mínimo, o valor restante sofre ação de juros compostos. Esse é o
chamado crédito rotativo. Enquanto isso, o crédito parcelado possui juros mais
baixos.
Um aspecto importante é que a fatura em atraso não pode permanecer por mais de
30 dias no crédito rotativo. O valor devido deve ser pago integralmente, junto com a
fatura atual.
Após os 30 dias, caso não seja paga, a instituição emissora do cartão deve oferecer ao
cliente a possibilidade de financiar sua dívida por meio de uma linha de crédito
parcelado, que, por mais que apresente taxas inferiores ao rotativo, costuma ser
superior ao crédito pessoal ou empréstimo consignado, por exemplo.
Assim, nota-se que o mau uso do cartão de crédito pode ser de fato um vilão. Suas
desvantagens estão relacionadas a mentalidade e uso do cliente, a sensação de
renda extra gerada, o desconhecimento do funcionamento, o não pagamento da
fatura e a consequente cobrança de juros.
É preciso ter controle e planejamento para evitar dívidas. Se bem utilizado, o cartão
pode se tornar um herói, permitindo a participação em programas e promoções,
eliminando a necessidade do dinheiro físico, aumentando a segurança e
possibilitando que em situações de parcelamento sem juros, por exemplo, o dinheiro
seja investido até a data da fatura.
Moral da história: nem herói, nem vilão, apenas um cartão. Você é quem tem o poder
de decidir o papel desse ator que se tornou tão relevante para grande parte da
população.
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