Tulipas são plantas com flores geralmente grandes e chamativas, que podem ter coloração vermelha, amarela, rosa, violeta ou branca. Seu cultivo por seres humanos data do século XX, quando agricultores da civilização Persa se empenhavam em plantá-las no território iraniano.
Foi somente em meados do século XV, contudo, que as tulipas chegaram na Europa Ocidental, trazidas por membros do Império Otomano. De Viena, aonde chegavam juntas às outras mercadorias importadas, elas eram transportadas às demais regiões do continente, como à Bavária e aos Países Baixos.
De fato, foi na Holanda, o centro econômico-financeiro do mundo à época, que as tulipas se tornaram protagonistas de um dos eventos socioeconômicos mais importantes do segundo milênio: a Mania das Tulipas.
Nesta edição do Suno Call, falaremos sobre esse evento histórico e suas implicações econômicas até agora.
A Mania das Tulipas
Quando chegaram na Holanda, as tulipas rapidamente chamaram a atenção das elites locais. Suas flores eram diferentes das demais plantas encontradas na Europa, sobretudo por possuírem colorações quentes e muito mais chamativas.
Como não eram originárias do continente, as tulipas eram dotadas de certa raridade, o que fez com que, gradativamente, elas se tornassem símbolos de luxo e de status. Pelos comerciantes, elas eram categorizadas em diversas variedades, que geralmente derivavam de sua coloração: Couleren, Rosen, Violetten e Bizarden. Cada uma delas possuía escassez particular, o que se acreditava que lhe conferia seu verdadeiro valor.
Enquanto suas flores se tornaram mais populares, cultivadores profissionais passaram a pagar progressivamente mais pelas sementes de tulipas. Em 1634, especuladores entraram no mercado e, dois anos depois, os holandeses criaram o mercado formal de contratos futuros para tulipas. De forma resumida, o mercado futuro permitia que especuladores e comerciantes negociassem contratos para a compra e venda de tulipas ao fim da temporada de plantio.
O mercado cresceu tanto que, ao final de 1636, as tulipas já haviam se tornado o quarto produto mais exportado dos Países Baixos. Em certo momento, o preço por uma única flor de tulipa chegou a superar dez vezes a renda anual de um artesão médio na Holanda.
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Este efeito permaneceu até 1637, quando, na cidade de Haarlem, na Holanda, compradores se recusaram a participar de um leilão de compra de tulipas pela primeira vez. Desde então, o preço das tulipas despencou e diversas fortunas evaporaram da noite para o dia. Ao final, a maioria dos contratos firmados ao longo destes anos nunca chegou a ser, de fato, concretizada.
O trágico episódio ficou registrado na história como a primeira bolha econômica da humanidade sendo usado até hoje como metáfora para descrever movimentos especulativos.
O que causou a bolha das tulipas?
Quando analisamos este evento de maneira isolada, é difícil entender como, conjuntamente, diversos comerciantes concordaram em pagar preços tão elevados por uma flor exótica.
O fato é que, na época, se acreditava que o valor de uma tulipa era derivado da sua raridade, não de sua utilidade. Em outras palavras, compravam-se tulipas, pois se esperava que, no futuro, alguém pagasse um preço maior por elas. Na euforia de mercado, com o sentimento de ganância a flor da pele, ninguém parava para pensar o que faria com as tulipas ao término do contrato.
Em suma, o motivo da compra e venda de tulipas era baseado no que chamamos de bandwagon effect ou “efeito-manada”. Esse viés cognitivo leva milhares de investidores otimistas a comprarem os “ativos do momento”, inflacionando seus preços no curto prazo. A alta repentina desperta o sentimento de ganância de outros investidores, que compram os ativos na expectativa de que seus preços continuem subindo.
Como no caso das tulipas, entretanto, a inflação dos preços geralmente não está associada ao verdadeiro valor intrínseco daquele ativo. No fundo, ela é apenas o resultado das pressões de oferta e demanda, que nada tem a ver com a capacidade de geração de riqueza do ativo negociado.
Conclusão
De maneira resumida, a Mania das Tulipas serve como um modelo genérico para entender o surgimento de bolhas especulativas.
Geralmente, uma bolha se inicia quando diversos investidores, em conjunto, perdem a capacidade de pensar racionalmente, pois estão imersos em vieses cognitivos. Enquanto mais pessoas adentram o mercado em busca de lucro rápido, o preço dos ativos sobe e isso desperta o sentimento de ganância em novos investidores. O ciclo se encerra quando um estopim causa a queda repentina dos preços inflados.
Esperamos que, com isso em mãos, você se sinta mais confiante para se proteger de bolhas especulativas!