Na ultima terça feira dia 19/11, corretoras de valores e fundos de investimentos marcaram a debenture RDVT11 (Rodovias Tietê) a zero nas suas precificações. O fato foi largamente noticiado na mídia especializada e causou muita discussão, nos grupos de whatsapp e em todas redes sociais.
Não é para menos.
A despeito da normalidade de um potencial “default” em um título desta natureza, essa talvez tenha sido a primeira vez que o papel tinha mais de 18.000 investidores pessoa físicas como debenturistas diretos e outros tantos indiretamente via fundos.
A primeira celeuma surge entre os investidores que foram pegos “de surpresa” com um titulo que estava ali na sua conta digital da corretora mostrando uma rentabilidade de Y% e de um dia para o outro viram esse mesmo titulo ser precificado a 0%.
Esses investidores passaram a fazer questionamentos relevantes afinal, não estavam eles diante de um “titulo de renda fixa” ? Como que como num passe de mágica aquele papel de código RDVT11 estava valendo zero ?
Essas perguntas, justas mas ao mesmo tempo neófitas, desencadearam a segunda e mais relevante discussão; aquela entre os profissionais do mercado, afinal, não seriam esses mesmos investidores assessorados por profissionais, independentes, isentos e melhores ( muito melhores) que os gerentes de Banco ?
Queremos crer que, nesse caso, os investidores foram informados por seus agentes de investimento que Debêntures são títulos de crédito negociados no mercado de capitais e quem as compra está no fim do dia “emprestando” dinheiro para uma empresa durante um período, em troca de determinada remuneração em formato de juros e que assim como os títulos públicos e os CDBs, as debêntures são investimentos considerados de renda fixa, cujo pagamento depende da solvência e adimplência do emissor.
Considerando verdadeiras as colocações acima o que tem suscitado tanto alvoroço ?
Com a evolução das plataformas de investimentos com arquitetura aberta, a maioria trabalhando com Agente Autônomos de Investimento como seus prepostos e um cenário de taxa de juros nas minimas históricas, produtos como COEs, Debenture, FIPs, dentre outros, passam a se aproximar cada vez mais do investidor comum.
Todos esses são produtos com altas taxas de colocação pactuadas com as Corretoras pela distribuição e consequentemente repassadas aos Agentes Autônomos de Investimento em formato de Comissão/Rebate, que aumenta de acordo com a duration do papel.
O questionamento que se avizinha é: Como fica a isenção de um profissional de investimento dentro desse contexto ?
O mundo tem se transformado em uma velocidade surpreendente. As inovações e disrupções que ocorrem aos montes em diversos setores como a mobilidade urbana, pedidos, entretenimento, meios de pagamento, contas e bancos digitais, vem ganhando muita força quando o assunto é investimento.
A desintermediação é a ordem do dia e está levando a indústria de alocação de recursos a passar por uma, ainda silenciosa, transformação profunda.
O aculturamento com novas classes de ativos e possibilidades de acesso direto do investidor a investimentos em Startups, P2P Lending, Crowdfunding é só a ponta do iceberg.
Se de um lado vemos um incremento nos investidores ditos “self direct”, que investem por conta própria, é latente a migração daqueles tidos como “validators”, que validam o que o assessor indica, para a categoria dos “delegators”, que delegam para um gestor ou consultor de carteiras.
Vejamos a distribuição desses tipos de investidores dentro das principais corretoras americanas no gráfico abaixo.
O crescimento dos clientes que preferem contratar um gestor de carteiras é refletido no aumento substancial de AUM ( Asset Under Managment) das empresas independentes que ao invés de atrelarem a sua remuneração a uma comissão por produto vendido, optam por um modelo de fee based, onde o cliente paga pelos serviços de gestão profissional e recebe de volta todo e qualquer rebate que eventualmente exista.
A evolução é fruto do aprendizado e esse normalmente vem acompanhado de dor e algum prejuízo quando o assunto é investimentos. A destruição criativa normalmente entre em ação trazendo a tona novos caminhos.
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