A crise da Light ganhou um novo capítulo neste mês, quando a empresa obteve uma medida cautelar para deixar de honrar suas obrigações financeiras.
As agências de classificação de risco logo consideraram o caso como um “default” da dívida da companhia, o que pode afetar principalmente os titulares de debêntures.
O setor de energia elétrica é amplamente considerado pelos especialistas como estratégico, defensivo e com boa rentabilidade, principalmente para investidores que buscam dividendos e valorização de capital.
Porém, o caso da Light mostra que é importante fazer uma análise criteriosa das empresas e dos projetos ligados ao setor, principalmente em um contexto de juros elevados e maior aversão ao risco.
Nesse sentido, buscar empreendimentos descorrelacionados com a bolsa de valores, como projetos de energia renovável, pode ser uma excelente alternativa para quem busca ter renda passiva e construir um sólido patrimônio no longo prazo.
Neste artigo, vamos falar mais sobre a crise da Light, por que é uma boa ideia investir em energia e como você pode ter ativos geradores de renda no setor, sem o risco do mercado financeiro.
Os tópicos que vamos abordar são:
Quem é a Light e por que a empresa entrou em crise?
A Light é uma das principais empresas integradas de energia elétrica do país, com operação nos segmentos de geração, distribuição e comercialização de energia a partir de hidrelétricas, termelétricas e usinas eólicas.
Sua área de concessão se estende por um quarto do território do estado do Rio de Janeiro, atendendo a mais de 10 milhões de pessoas em 31 municípios, incluindo a capital.
Fundada em 1904 por um grupo de canadenses, a companhia se confunde com a própria história da cidade do Rio de Janeiro e nasceu com o objetivo de fornecer energia elétrica para a capital federal à época.
Nos últimos anos, entretanto, a companhia vem enfrentando graves problemas financeiros que estão afetando sua rentabilidade e reputação junto aos investidores, entre os quais podemos citar:
- Forte aumento da inadimplência dos consumidores de baixa renda, principalmente durante a pandemia.
- Elevado índice de perdas não técnicas (furtos e fraudes) de energia, que chega a quase 30% na área de concessão da empresa.
- Deterioração das redes de distribuição, com frequentes interrupções no fornecimento de energia e reclamações dos clientes.
- Pressão regulatória da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que fiscaliza o cumprimento dos indicadores de qualidade e eficiência da companhia e aplica multas e penalidades em caso de descumprimento.
O gráfico abaixo mostra o efeito da crise da Light no preço das ações da companhia (LIGT3) na B3, incluindo uma queda de mais de 80% em 12 meses:
Desempenho financeiro ruim explica crise da Light
A Light (LIGT3) encerrou 2022 com um prejuízo líquido de R$ 5,6 bilhões, segundo o balanço do quarto trimestre daquele ano. No ano anterior, a empresa registrou um lucro de R$ 398 milhões, o qual foi revertido pelos efeitos negativos de eventos não recorrentes registrados no quarto trimestre do ano passado.
Entre esses eventos, destaca-se a provisão de R$ 2,7 bilhões para a devolução integral de créditos de PIS/Cofins aos consumidores, conforme determinado pela Lei 14.385/2022.
Além disso, a companhia também foi impactada pela queda do consumo de energia faturado na sua área de concessão, que ficou 8,2% menor do que em 2019 e cerca de 12,5% inferior a 2013.
Cabe ressaltar que, no ano passado, o endividamento da companhia teve um expressivo aumento. A dívida líquida consolidada da empresa alcançou R$ 10 bilhões ao final do ano passado, um crescimento de 22% em relação a 2021.
Já a alavancagem financeira, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado, foi de 5,9 vezes, acima do limite máximo estabelecido pela companhia.
A crise da Light se deve, portanto, a esse grave desequilíbrio econômico-financeiro, bem como à dificuldade de combater perdas não técnicas de energia por furtos e fraudes, além da necessidade de devolver valores bilionários em créditos tributários aos consumidores.
Default da dívida: mais um capítulo da crise da Light
Algumas empresas que compõem o grupo Light entraram com um pedido de medida cautelar em caráter de urgência na justiça do Rio de Janeiro neste mês, a fim de interromper o pagamento das suas obrigações financeiras.
A medida foi concedida pelo período de trinta dias, prorrogáveis por mais trinta, incluindo o serviço da dívida agregado de cerca de R$ 435 milhões.
Com isso, as agências de classificação de risco passaram a considerar que a companhia formalizou a suspensão do pagamento de suas dívidas, no que foi caracterizado como um “default”.
De acordo com a Standard & Poor’s, em um relatório emitido logo após a concessão da medida cautelar:
A medida cautelar é parte da estratégia do grupo Light para preservar sua posição de caixa, que estimamos em cerca de R$ 1,6 bilhão no fim do primeiro trimestre de 2023. O grupo deve priorizar os investimentos de cerca de R$ 1 bilhão anualmente, dos quais R$ 800 milhões necessários à manutenção e expansão de suas redes de distribuição e na manutenção da qualidade do serviço ,com vistas a garantir a renovação da concessão de distribuição, que vence em junho de 2026.
Medidas da Light para tentar sair da crise
Diante desse cenário, a Light vem adotando uma série de medidas para tentar reverter a situação e recuperar sua competitividade e sua credibilidade no mercado, com destaque para:
- Venda de ativos não estratégicos, como participações em outras empresas do setor elétrico, a fim de reduzir seu endividamento e melhorar seu caixa.
- Implementação de um plano de investimentos para modernizar e expandir as redes de distribuição, melhorando a qualidade do serviço prestado aos clientes.
- Intensificação das ações de combate às perdas não técnicas, como a instalação de medidores inteligentes, o uso de drones e câmeras térmicas para identificar fraudes e o corte do fornecimento dos inadimplentes.
- Renegociação das tarifas com a Aneel, buscando um reequilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão e um aumento da receita da empresa.
- Ampliação da oferta de soluções de energia para os clientes, como eficiência energética, geração distribuída e mobilidade elétrica.
O que a crise da Light nos ensina sobre o investimento no setor de energia?
O setor de energia, apesar de ser considerado defensivo e apresentar bons níveis de rentabilidade, precisa ser encarado com bastante critério, especialmente em relação a empresas com baixo desempenho operacional ao longo dos anos.
E a crise da Light é um exemplo perfeito disso.
Não basta apenas observar o preço da ação e o quanto o papel caiu nos últimos tempos para acreditar que o pior já foi “precificado” e que a relação risco-retorno é favorável para assumir risco.
Se você é um investidor de valor que não quer deixar seu patrimônio suscetível a operações especulativas, uma boa alternativa para investir com segurança e boa rentabilidade é participar diretamente de projetos no setor.
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Nesse projeto, os investidores poderão se tornar sócios de usinas solares a serem construídas no estado do Paraná, com foco em dividendos e retorno de 15,29% ao ano acima do IPCA.
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