Carbon Engineering é uma empresa canadense de energia limpa que, após uma década de desenvolvimento, lançou uma tecnologia comercial que extrai dióxido de carbono da atmosfera. É algo muito parecido com a fotossíntese, mas atua mais rapidamente. O CO2 é então comprimido, armazenado e posteriormente convertido em um combustível neutro em carbono.
Um número crescente de pequenas empresas privadas, como a Engenharia de Carbono, está fazendo dos objetivos sociais e ambientais um componente central de seus negócios. Como a economia da sustentabilidade tem melhorado, principalmente na categoria de energia renovável, e o escopo do impacto tem se expandindo além do meio ambiente, essas empresas têm se tornado cada vez mais atraentes para investidores de private equity.
A combinação deste conjunto crescente de oportunidades com o interesse dos investidores pela sustentabilidade tem criado as condições para o crescimento de uma nova categoria, denominada Investimento de Impacto Social.
A DEMANDA POR INVESTIMENTO SUSTENTÁVEL ESTÁ AUMENTANDO
A princípio, podemos dizer que o setor está dentro do universo do investimento sustentável e busca gerar um impacto social e ambiental mensurável ao lado de um retorno de investimento de mercado. Com o amadurecimento, esse nicho de mercado entrou para o mainstream e se tornou uma opção interessante para investidores que buscam alinhar suas carteiras aos seus valores pessoais.
Como as questões relacionadas à sustentabilidade global ganharam destaque nos últimos anos, os investidores têm se interessado cada vez mais pela sustentabilidade.
Segundo pesquisa da Bain & Company, 80% dos investidores globais dizem estar mais focados na sustentabilidade hoje do que há cinco anos. Entre os investidores individuais, o interesse é particularmente alto entre as gerações mais jovens, que tendem a ser mais conscientes social e ambientalmente do que seus pais.
Os Millennials lideram o ranking de compras em produtos sustentáveis. Cerca de 95% deles dizem estar interessados em abordagens de investimento sustentável.
Com a expectativa de que os Baby Boomers transfiram cerca de US$ 30 trilhões em ativos financeiros e não-financeiros para seus herdeiros nas próximas décadas, esse foco em sustentabilidade é certamente um bom presságio para o crescimento da categoria de impacto social.
A OFERTA DE EMPRESAS E FUNDOS FOCADOS NO IMPACTO AMADURECEU
Os primeiros fundos de private equity fizeram parte de um mercado emergente que chamamos de “Impacto 1.0”. Muitas vezes, as empresas desses fundos eram apoiadas por subsídios governamentais (no caso das renováveis) ou por investidores pioneiros que pensavam no futuro, como o Banco Mundial.
Enquanto isso, os fundos em si eram pequenos e geridos por gestores de primeira viagem. Os fundos de impacto inicial estavam tipicamente no espaço de risco mais elevado, focados em preocupações ambientais, e muitas vezes com um desempenho abaixo do esperado.
Essas empresas e fundos de impacto inicial abriram caminho para o Impact 2.0, uma esfera mais madura e institucionalizada, que alcançou escala e oferece aos investidores oportunidades de participação em níveis de risco mais baixos, com melhor potencial de retorno.
Diversos fatores têm ajudado a impulsionar esta evolução:
Redução de custos no investimento de impacto
Empresas inovadoras e focadas em tecnologia no espaço de impacto enfrentaram inicialmente desafios para conseguir uma ampla adoção de seus produtos devido ao seu custo.
As primeiras empresas de energia renovável, por exemplo, gastaram tempo e recursos consideráveis para desenvolver alternativas aos combustíveis fósseis que, no início, eram significativamente mais caros do que as fontes de energia tradicionais. Hoje, o custo da energia renovável diminuiu significativamente, permitindo que essas empresas alcançassem viabilidade comercial.
Aumento do número de empresas de impacto
Como as empresas pioneiras dos primeiros tempos de impacto alcançaram viabilidade comercial, muitas outras surgiram. A oportunidade de desenvolver soluções para os desafios ambientais e sociais foram, certamente, os principais incentivadores para tal. As empresas existentes também estão alavancando a tecnologia para melhorar seu potencial de impacto.
Essas empresas estão atraindo investidores que buscam capitalizar as tendências de sustentabilidade de longo prazo. Um exemplo é a Techem, uma empresa europeia de 67 anos que fornece serviços de sub-medição de água e calor.
Nos últimos anos, a empresa desenvolveu soluções tecnológicas para ajudar os consumidores a reduzir o uso de energia, economizando 6,9 milhões de toneladas de CO2 anualmente, o que torna viável o investimento de impacto.
Maior penetração dos setores e categorias de investimento
Em comparação com o Impact 1.0, que se concentrou principalmente em tecnologia verde, o Impact 2.0 apresenta uma variedade muito maior de oportunidades de investimento. Ele é orientado ao impacto em todos os setores, incluindo saúde, educação, serviços financeiros, entre outros.
Permitindo, dessa forma, que os investidores alcancem um grau elevado de diversificação. Além disso, as questões abordadas pelos fundos de impacto .2.0 ampliaram-se além das soluções ambientais para incluir preocupações sociais e de governança. Os gestores de fundo, analogamente, estão introduzindo modelos de crédito privado, de crescimento e de buyout.
Participação de gestores experientes
Finalmente, uma maior variedade de gestores de private equity está entrando na categoria e levantando capital em escala. Muitos desses gestores são maiores e mais experientes do que o típico gestor 1.0.
Estamos descobrindo que esses gestores estão mais focados no desenvolvimento de estruturas de medição de impacto e capacidade de relatórios, o que acreditamos ser fundamental para a adoção mais ampla da categoria pelos investidores. A entrada desses gestores demonstra o crescimento do espaço deste setor.
SEGMENTOS POSSÍVEIS
Em nossas pesquisas, classificamos as oportunidades em seis categorias de impacto: energia e meio ambiente, inclusão social, conservação, produtos de consumo, saúde e desenvolvimento comunitário. Algumas categorias estão mais distantes no caminho para alcançar o status .2.0, enquanto outras ainda são incipientes.
Energia e meio ambiente
Dentro da categoria energia e meio ambiente, as energias renováveis transcenderam a necessidade de subsídios governamentais e amadureceram para alcançar uma escala de sucesso.
A nova energia eólica e solar é agora mais barata do que a maioria dos combustíveis fósseis existentes nos EUA, tornando-a competitiva com as fontes de energia tradicionais. De fato, a geração de energia não-hidro renovável (solar e eólica) mais do que dobrou entre 2010 e 2018. Semelhantemente, observamos um salto de mais de 10% do total da produção de energia no país. Um número, certamente, excelente.
No Brasil, cerca de 83% da sua fonte elétrica tem origem nas energias renováveis de acordo com a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica). A participação é liderada pela hidrelétrica (63,8%), seguida de eólica (9,3%), biomassa e biogás (8,9%) e solar centralizada (1,4%).
A Bloxs conhece muito bem o mercado de energia solar e tem apostado em projetos estruturados que já estão entregando retornos favoráveis aos investidores.
As empresas de energia solar, por exemplo, necessitam de recursos financeiros para expandir a operação e uma das possibilidades é captando recursos junto aos investidores interessados em aportar no segmento.
O Case da Solar21
Como exemplo, foi finalizada uma operação de equity para a Solar21 com captação de R$ 1,2M. Ela controla 13 usinas solares nas cidades de Brasília e Salvador.
A empresa é uma Cleantech fundada em 2017 com a missão de simplificar o acesso a energia solar. O propósito do grupo está alinhado com o impacto social que objetiva gerar maior sustentabilidade no setor.
Aqui, temos 2 consequências esperadas pelo investidor: rentabilidade financeira, que irá girar cerca de 16,6% a.a. com dividendos menais, e rentabilidade social.
Saúde e inclusão social
Da mesma forma, saúde e inclusão social são todos setores maduros da economia que se prestam a criar impacto em toda a sociedade. Semelhantemente, a educação financeira deve ser considerada como um desses fatores. Ao mesmo tempo, possuem características atraentes de investimento.
Por exemplo, empresas de saúde apoiadas por private equity estão ajudando a combater o vício opióide através de clínicas de tratamento e terapias novas para alívio da dor.
DIVERSIFICAR A CARTEIRA COM IMPACTO SOCIAL
Como em qualquer investimento, particularmente em mercados privados, é fundamental uma cuidadosa due diligence. Acreditamos que é importante focar em gestores de fundos com histórico comprovado em alcançar um “duplo resultado final” tanto de impacto quanto de retorno financeiro.
Quantificar as metas de impacto de um fundo e os principais indicadores de desempenho pode ajudar os investidores a fim de evitar desvio do propósito.
Métricas da ODs
As métricas comumente utilizadas e amplamente aceitas a fim de medir o impacto incluem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODs), o IRIS+ da Global Impact Investing Network, o GIIRS Ratings, e o CA Impact Investing Benchmark.
Hoje, os ODs da ONU parecem ser os mais utilizados: Dois anos após a ratificação dos ODS, três em cada quatro investidores relatam que rastreiam seu desempenho de investimento para planejar no futuro.
Para contextualizar, em 2015, a ONU (Organização das Nações Unidas) apresentou uma agenda, junto com os representantes dos Estados Membros, que contém metas e objetivos a serem cumpridos e entregues até o ano de 2030.
O plano indica 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, chamado de ODS, e cada objetivo possui metas claras e plausíveis; totalizando 169 itens para serem cumpridos.
Fonte: Organização das Nações Unidas
Podemos simplificar dizendo que são como uma lista de tarefas a serem cumpridas pelos governos, a sociedade civil, o setor privado e todos os cidadãos.
Os ODS e suas metas irão estimular e apoiar ações em áreas de importância crucial para a humanidade nos segmentos de Pessoas, Planeta,Prosperidade, Paz e Parcerias. É por isso que eles se tornaram uma métrica interessante para referenciar os investimentos de impacto social.
RETORNOS ATRAENTES E MUDANÇAS POSITIVAS NO INVESTIMENTO DE IMPACTO
Em suma, as melhorias significativas na última década revolucionaram o espaço de investimento de impacto, tornando-o uma opção de investimento atrativa para um público mais amplo.
Dessa forma, existem um grande número de oportunidades potenciais de investimento em setores maduros. Grande gestores de fundos estão entrando e melhorando as estruturas para quantificar e monitorar o impacto. Assim, os investidores hoje podem alcançar retornos semelhantes aos do mercado privado, juntamente com um impacto mensurável.