O agronegócio brasileiro novamente foi decisivo para o saldo positivo da nossa balança comercial nos três primeiros meses de 2023.
Durante o período, as remessas das nossas fazendas para o exterior somaram mais de US$ 17 bilhões, com destaque para milho, farelo e óleo de soja, açúcar, café, celulose e carnes bovina, suína e de frango.
No mês passado, o Brasil registrou seu maior superávit comercial para um mês de março desde 1989 e, como não poderia ser diferente, nossos produtores do campo se destacaram.
Dados oficiais mostram que nossa balança comercial geral registrou um saldo positivo de mais de US$ 16 bilhões, contra US$ 12,18 bilhões no mesmo período de 2022, um aumento de cerca de 30%.
Isso mostra que o agronegócio tem puxado nossas exportações nos últimos anos e trazido para o país não apenas divisas, mas também renda e desenvolvimento.
Neste artigo, vamos detalhar melhor como foi o desempenho da agropecuária nacional nos primeiros três meses do ano e o que esperar do setor para investimentos para o resto do ano.
Os tópicos que vamos abordar a partir de agora são os seguintes:
Agronegócio ganha espaço na pauta de exportação brasileira
Não é de hoje que o agro brasileiro é responsável por grande parte do saldo positivo do nosso comércio com o mundo.
Para se ter uma ideia do avanço que as nossas fazendas tiveram em termos de produtividade e diversificação, nas últimas duas décadas, as remessas do setor para o exterior passaram de US$ 20,6 bilhões, em 2000, para mais de US$ 100 bilhões, em 2020.
Entre os principais produtos brasileiros responsáveis por garantir a segurança alimentar do planeta, está a soja, a carne bovina, o açúcar, o café e o milho, responsáveis pela maior parte das nossas exportações do campo.
E os destinos das nossas mercadorias rurais também ganharam diversificação nos últimos anos, com destaque para China, União Europeia, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, que absorveram mais da metade das nossas exportações recentes.
Entre os fatores que contribuíram para esse expressivo avanço das nossas remessas para o mundo, podemos citar:
- expansão da área plantada e da produtividade agrícola;
- diversificação da pauta exportadora;
- abertura de novos mercados;
- valorização do dólar frente ao real;
- demanda internacional aquecida.
Nossos produtores do campo vêm superando a concorrência internacional de outros exportadores de produtos agropecuários, bem como as barreiras tarifárias e não tarifárias impostas em diversas regiões.
Além disso, para conseguir esse formidável impulso nas vendas para clientes externos, foi necessário vencer gargalos na infraestrutura e na elevação dos custos logísticos, especialmente após a pandemia.
Para que o nosso agronegócio continue crescendo, é fundamental que haja a ampliação dos acordos comerciais com países parceiros, uma diversificação ainda maior dos produtos e dos mercados de destino, a agregação de valor aos produtos do campo, bem como investimentos em inovação tecnológica e a adoção de práticas sustentáveis na produção.
Dessa forma, não é demais dizer que o comércio exterior do agronegócio brasileiro tem um papel central no desenvolvimento econômico e social do país e, por isso, vem chamando a atenção dos investidores interessados em ter exposição a esse pilar estratégico da nossa economia.
Remessas do campo se destacam no comércio exterior no 1o tri
Nos primeiros três meses deste ano, a lógica foi a mesma: nossos produtos agropecuários foram decisivos para o saldo positivo da nossa balança comercial.
Janeiro
O agro nacional iniciou o ano com um superávit de US$ 9,5 bilhões, valor 8,4% superior ao registrado em janeiro de 2022, com a exportações somando US$ 11,2 bilhões, e as importações, US$ 1,7 bilhão
Assim, encerramos janeiro com um crescimento de 7,6% em superávit comercial e de 5,3% em remessas, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Entre os principais produtos exportados no primeiro mês do ano, tivemos a soja em grão, a carne bovina, o açúcar e o café, que representaram 62% do valor total das exportações do agronegócio.
Dados do Ipea mostram que a soja em grão foi o destaque, com aumento de 18% no valor e de 14% na quantidade exportada, em função da demanda aquecida da China e dos preços internacionais elevados.
Já a carne bovina também apresentou bom desempenho, com um avanço de 12% no valor e de 9% na quantidade vendida para o exterior, recuperando-se das restrições impostas pela China no final de 2022.
O açúcar e o café, por sua vez, registraram quedas no valor e na quantidade exportados, devido à menor oferta mundial e à bienalidade negativa do café.
Pelo lado das importações, cabe destaque para o trigo, o milho e o azeite de oliva, que representaram 55% do valor total das aquisições do setor.
Ainda segundo dados do Ipea, o trigo foi o principal produto importado, com aumento de 8% no valor e de 6% na quantidade adquirida, em função da dependência brasileira do cereal e da alta dos preços internacionais.
No caso do milho e do azeite de oliva, houve quedas no valor e na quantidade importados, em razão da maior oferta doméstica e da redução do consumo.
Fevereiro
No segundo mês do ano, o agronegócio brasileiro registrou um saldo positivo no comércio exterior de US$ 8,56 bilhões, compensando o déficit dos demais setores da economia, que foi de US$ 5,73 bilhões.
Números do Ipea apontam que o saldo positivo se deveu a exportações de US$ 11,1 bilhões, contra importações de US$ 2,54 bilhões, o que representa um crescimento de 9,4% e 13,6%, respectivamente, em relação ao mesmo mês de 2022.
Os principais produtos exportados pelas nossas fazendas foram novamente a soja em grão, a carne bovina, o açúcar e o café, respondendo por mais de 62% das remessas para o exterior.
Já as importações foram lideradas por fertilizantes, trigo, óleo de palma e papel, somando 57% do valor total das compras externas do campo.
Entre os principais fornecedores das importações foram Estados Unidos, Argentina, Rússia e Canadá, que responderam por 53% do valor importado pelo agronegócio brasileiro.
Esses excelentes números contaram com o apoio da demanda internacional ainda aquecida pelos nossos produtos, bem como pela taxa de câmbio depreciada, pelos preços internacionais elevados e por choques climáticos.
Março
Números ainda preliminares para o mês passado mostram que nosso superávit em março foi o maior desde 1989, atingindo US$ 11 bilhões, graças, sobretudo, às exportações de petróleo e soja.
As vendas para o exterior, no geral, somaram US$ 27,76 bilhões, e as importações, US$ 16,76 bilhões, com corrente de comércio de US$ 44,52 bilhões.
De acordo com números da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Fazenda, esse resultado foi impulsionado pelo crescimento das exportações de petróleo bruto, soja em grão, minério de ferro e carne bovina.
A agropecuária teve um crescimento de 6,3%, totalizando US$ 9,02 bilhões. No trimestre, o saldo do setor ficou 2,4% positivo, totalizando U$ 17,03 bilhões.
Segundo, a Secretaria de Comércio Exterior a expansão das exportações foi puxada, principalmente, pelo crescimento nas vendas de:
- arroz com casca, paddy ou em bruto (457,4%);
- milho não moído, exceto milho doce (6.138,9%);
- soja (8,9%);
- carnes de aves e suas miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas (23,1%);
- açúcares e melaços ( 39,8%);
- farelos de soja e outros alimentos para animais (excluídos cereais não moídos), farinhas de carnes e outros animais (37,3%).
No ano passado, o agronegócio brasileiro foi responsável por cerca de 40% das exportações totais do país, gerando um superávit comercial de US$ 87 bilhões.
O saldo comercial do campo foi positivo em praticamente todos os grupos de produtos, com exceção dos lácteos e dos pescados.
Sem dúvida, o agronegócio brasileiro tem papel estratégico em nossa economia e na segurança alimentar do planeta, mas também enfrenta desafios relacionados às mudanças no cenário internacional e aos novos requisitos dos consumidores.