Um dos pilares do Value Investing é o sentimento de dono, isto é, ao observarmos a bolsa de valores, precisamos compreender que, para cada ação, há uma empresa por trás.
É extremamente fácil, no dia a dia do mercado, as pessoas comprarem as ações como se fossem tickets de loteria.
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O sobe e desce da bolsa, os ruídos divulgados nas mídias, os amigos que dão aquelas recomendações, entre diversos outros elementos, fazem com que muitos, simplesmente, esqueçam de que estão comprando parte de uma empresa.
Dessa forma, iremos explorar sobre o que realmente significa investir em ações com cabeça de dono.
Warren Buffett explica, da forma mais essencial possível, que:
“o ato de investir é abdicar do dinheiro hoje para obter mais dinheiro no futuro.”
Para complementar a frase do Buffett, iremos recorrer a uma história bastante simples e didática, que Joel Greenblatt, nos conta em seu livro The Little Book that Still Beats the Market (na versão em português, A Fórmula Mágica de Joel Greenblatt para Bater o Mercado de Ações).
Na escola do Matt, filho de Greenblatt, havia um garoto-empreendedor chamado Jason, que vendia chicletes para os outros alunos.
Jason comprava um pacote (cada pacote continha 5 gomas de mascar) por US$ 0,25, e vendia cada goma por US$ 0,25. Portanto, para cada pacote vendido, o empreendimento gerava US$ 1,25 de receita e US$ 1 de lucro.
Certa vez, Greenblatt perguntou ao seu filho, quanto ele achava que Jason poderia gerar de lucro até o final do Ensino Médio.
Matt começou a raciocinar:
– Supondo que Jason consiga vender 4 pacotes por dia, em cinco dias por semana, isso daria US$ 20 por semana. Considerando que em um ano, há 36 semanas, daria US$ 720 por ano. Caso ainda tenha 6 anos para se formar no Ensino Médio, Jason acumularia mais de US$ 4.000 de lucro!
Greenblatt, então, questiona:
– Se você pudesse comprar metade das ações, ou seja, comprar o direito de receber 50% dos lucros do empreendimento de Jason, por quanto você pagaria?
Imaginando que envolveria dinheiro real, Matt estabelece premissas mais conservadoras:
– Talvez, Jason não consiga vender 4 pacotes por dia. Assim, vamos supor que ele venda 3 pacotes por dia. Refazendo os cálculos, Jason obteria um pouco mais de US$ 3.000 de lucro até o final do Ensino Médio.
– Pois bem. Então você pagaria US$ 1.500, em troca de 50% do empreendimento de chicletes.
– De jeito nenhum. Por que eu pagaria US$ 1.500 hoje para obter US$ 1.500 daqui 6 anos?
– E por US$ 1, você compraria?
– É claro! Que pergunta…
– Certo, estamos próximos. O valor justo está entre US$ 1 e US$ 1.500, porém, por quanto você pagaria?
– Pagaria US$ 450. Acho que seria um bom negócio!
– Ótimo! Agora você entendeu a minha profissão.
Embora seja bastante simplificada, a história explica, de forma clara, como um investidor deve pensar e agir antes de tomar sua decisão de investimento.
Joel e seu filho nos ensinam grandes lições sobre investimento:
- Em toda ação, há uma empresa por trás. Em outras palavras, estamos comprando parte de uma empresa, e não um simples pedaço de papel que sobe e desce.
- Investir é abdicar do dinheiro hoje para conseguir mais dinheiro no futuro. No caso, Matt abriria mão de US$ 450 hoje para coletar US$ 1.500 no futuro.
- Devemos estabelecer premissas reais e conservadoras. Reparem que ao envolver dinheiro real, Matt supôs que Jason seria capaz de vender 3 pacotes de chicletes por dia, em vez dos 4 que havia considerado originalmente.
O investidor precisa entender profundamente do business para ser capaz de projetar o fluxo de dinheiro futuro da forma mais precisa possível. Caso contrário, provavelmente, irá projetar fluxos mirabolantes e sem sentido, e, portanto, realizará péssimos investimentos.
- Por fim, preço importa! Notem que, para Matt, pagar US$ 1.500 era tão caro que, mesmo após 6 anos, não haveria retorno (considerando apenas o retorno dos lucros e que ninguém compraria as participações de Matt no futuro).
Em contrapartida, US$ 1 era tão barato que era óbvio realizar o investimento, pois mesmo se Jason vendesse apenas um pacote de chiclete por dia, o empreendimento traria um excelente retorno para Matt.
O preço é o principal instrumento que temos para controlarmos os riscos dos investimentos.
Como já dizia Howard Marks:
“O maior risco […] vem quando o preço pago é muito alto. Isso não é um risco teórico; é um risco extremamente real.”
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