A ‘fantasia’ dos unicórnios encara um choque de realidade.
Na última terça-feira, 30/11, o Nubank, fintech que possui o posto de empresa com maior valuation dentre as fintechs da américa latina, ultrapassando até suas semelhantes globais do setor, como a europeia Revolut, teve que ‘descer do salto’ e emendar o seu prospecto de IPO, cortando o seu preço de entrada no mercado em 20%.
A startup brasileira que buscava uma abertura de capital valendo US$ 10 a 11 por ação, reajustou o seu preço para cerca de US$ 8 a 9 para cada papel emitido. Assim, a avaliação total da empresa prospectada na casa dos US$ 55 bilhões, desceu para a cifra de US$ 42 bilhões.
A despeito disto, a empresa investida de Warren Buffett continua superando a avaliação de um dos gigantes bancos brasileiros, o Itaú Unibanco, que em dólares possui um valor de mercado de aproximadamente US$ 37.5 bilhões.
Para muitos o corte significou apenas um reajuste, que de fato pode não
resultar em um impacto de larga escala no hype e nas expectativas com o
IPO do Nubank.
No entanto, é bem-vindo o raciocínio de que este corte no preço de abertura
do capital da fintech representa algo maior no quesito interpretativo.
Há de se observar antes disto que a janela de mercado no momento se prejudicou em decorrência de diversos fatores, como a chegada da nova variante do Covid-19, a Ômicron, e os temores que tomaram conta do mercado em decorrência disto, ao menos neste cenário do curto prazo.
Independente desta variável sistêmica, há uma outra interpretação mais aprofundada no contexto de mercado: uma possível revisita na leitura dos próprios investidores às superavaliações concedidas para as ditas empresas de tecnologia.
Não podemos tomar por verdade absoluta, mas este ajuste nas velas no
preço de mercado do IPO do Nubank, sinaliza muito mais do que um simples “alinhamento às condições de mercado” como proferiu o comunicado institucional da fintech em sua rede no Twitter.
A reflexão que fica é que este comportamento pode, potencialmente, indicar o que seria o começo de uma correção generalizada das percepções de mercado para os valuations exorbitantes das startups tech.
Isto é verdade, principalmente se levarmos em consideração o próprio
movimento do mercado americano, que com a recente alta no yield
(remuneração), dos títulos do tesouro, forçaram uma reavaliação
comportamental acerca da tomada de risco a partir da compra de
expectativas de crescimento, como é comum acontecer nas startups de
tecnologia.
O famoso “pagar pra ver” que normalmente acompanha a abertura de
capital superestimada das startups, foi substituído, possivelmente, por ora,
por um comportamento generalizado de mercado que talvez opte pelo
conforto de um investimento atrelado ao menor risco de crédito global – o
que não significa necessariamente um ceticismo ao potencial de crescimento e ao valor destas empresas, mas definitivamente uma maior cautela.
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