Uma das poucas máximas consideradas incontestáveis no mundo das finanças é que todo investimento envolve certo grau de risco. Dentro desse espectro, existem inúmeros tipos de riscos distintos que podem impactar a mais diversa gama de investimentos. No artigo de hoje, falaremos sobre os detalhes e diferenças de dois tipos de riscos: risco sistêmico e risco sistemático.
É por isso que se costuma dizer que o risco não pode ser evitado, e sim gerenciado. A única forma de não se arriscar na hora de aplicar seu dinheiro é simplesmente não investir.
Ainda assim, mesmo que você decida não aplicar seu capital, não é possível dizer que seu patrimônio esteja totalmente a salvo de qualquer deterioração. O risco de um colapso generalizado da economia – independente da vontade cada um – é um evento que não pode ser plenamente descartado.
Nesse sentido, nossa função enquanto investidores é mitigar da melhor forma o risco das nossas aplicações, procurando entender cada aspecto capaz de elevá-lo além do patamar que estamos dispostos a aceitar.
No artigo de hoje, vamos falar sobre dois tipos de risco que costumam ser confundidos entre os investidores e que, em maior ou menor grau, podem reduzir a eficiência da sua carteira: risco sistêmico e risco sistemático.
Risco sistêmico e risco sistemático: qual é a diferença?
O risco sistêmico é a possibilidade de um problema de ordem microeconômica, ou seja, envolvendo uma empresa específica. Por exemplo, uma empresa que impactada pode acabar desencadeando uma instabilidade ou mesmo um colapso de todo um setor ou economia.
Isso se deve ao fato de essa empresa estar tão profundamente integrada às cadeias produtivas e ao sistema financeiro nacional que uma eventual crise envolvendo a companhia pode gerar repercussões em todo o espectro econômico ao qual está ligada.
Os governos costumam usar o risco sistêmico para justificar uma intervenção na economia e prevenir uma deterioração maior.
O Case do Lehman Brothers
Um exemplo que acabou se tornando um clássico do risco sistêmico foi a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers em 2008 em decorrência da chamada crise do “subprime”, um tipo de crédito hipotecário concedido a mutuários com alto risco de insolvência e que acabou se generalizando no início dos anos 2000 nos EUA por conta dos grandes incentivos dados pelo governo federal e negligência dos órgãos regulatórios quanto a esse tipo de operação, entre outros fatores.
À época, o pedido de falência do Lehman Brothers foi considerado o maior da história. A companhia era o quarto maior banco de investimentos dos EUA, com US$ 638 bilhões em ativos, US$ 619 bilhões em passivos. Possuíam, também, cerca de 25 000 colaboradores espalhados pelo mundo.
O banco era o maior subscritor de recebíveis hipotecários do tipo subprime nos EUA, com mais de US$ 85 bilhões em portfólio. A quebra da instituição, portanto, representou o colapso desse segmento do mercado de crédito, colocando em dúvida a sustentabilidade de outros bancos que realizavam esse mesmo tipo de operação, o que acabou tendo um efeito em cadeia.
Impactos na Argentina
Recentemente, o governo do presidente Alberto Fernández, na Argentina, utilizou-se do argumento do risco sistêmico para estatizar a quarta maior empresa agroexportadora do país, a Vincentin, que vinha apresentando sérios problemas financeiros e detinha uma dívida multimilionária com o Banco de la Nación, maior instituição pública financeira do país sul-americano.
Segundo Fernández, por se tratar de uma empresa de alimentos, da qual dependem cerca de 2600 produtores, a Vincentin foi declarada de utilidade pública pela lei de expropriação nacional. Nas palavras do presidente: “Trata-se de uma operação de resgate de uma empresa de magnitude no mercado agrícola […], essencial para a soberania alimentar do país”.
As empresas que apresentam risco sistêmico são aquelas que possuem longas cadeias produtivas e movimentam grande parte do sistema financeiro, como fabricantes de automóveis, petrolíferas, agroexportadoras, indústrias de grande porte, entre outras, cuja falência poderia trazer prejuízos muitas vezes irreparáveis para fornecedores, investidores, bancos, etc.
Já o risco sistemático é perene e de ordem macroeconômica, não guardando relação direta com a maneira como as empresas são administradas, mas, em grande medida, com a forma como o setor público atua, além de envolver ainda crises decorrentes de guerras e eventos de natureza climática e sanitária.
Esse tipo de risco costuma ser imprevisível e impossível de evitar. Envolve, por exemplo, mudanças na taxa de juros, inflação, legislação e regulação governamental, além de desastres naturais.
Como o investidor deve se comportar para mitigar os riscos sistemáticos e sistêmicos?
Os riscos sistêmicos podem ser gerenciados por meio da diversificação de carteira, pois envolvem problemas que afetam empresas ou setores específicos, apesar do seu potencial de espraiamento por toda a economia.
Por isso, na hora de investir, é importante não concentrar as aplicações em uma única companhia ou segmento. O investidor deve alocar seus recursos de acordo com seus objetivos individuais, tolerância ao risco e horizonte de aplicação.
Existem três principais classes de ativos disponíveis para o investidor:
- renda fixa;
- renda variável;
- caixa e equivalentes.
As três apresentam diferentes níveis de volatilidade, retorno e comportamento ao longo do tempo. A diversificação de uma carteira de investimento é, certamente, a chave para o investidor lucrar nos mais variados tipos de cenário possíveis.
No que se refere aos riscos sistemáticos, seu gerenciamento não pode ser feito por meio da diversificação de portfólio, em vista da sua imprevisibilidade. Mas podem ser mitigados pelo investidor acompanhando de perto, por exemplo, como o governo vem lidando com as contas públicas, especialmente em relação ao controle da inflação, da taxa de juros e do câmbio, pois sua atuação nessas áreas pode ter efeito indireto na liquidez do mercado e na rentabilidade das empresas.
Um aumento da taxa de juros, por exemplo, aumenta a atratividade dos títulos públicos com vencimento mais curto. Todavia, ao mesmo tempo em que abre espaço para uma possível desvalorização das ações, já que os investidores tendem a acreditar que as equipes de gestão podem começar a reduzir gastos. Nesse caso, é bom manter em carteira uma variedade de ativos geradores de renda, justamente para compensar a perda de valor de algumas ações.
Investimentos alternativos podem ajudar a gerenciar o risco das carteiras
Os investimentos alternativos compõem uma classe de aplicações que fazem parte da economia real. São investimentos em negócios, títulos e empresas que não estão listados no mercado tradicional, como bolsas de valores, bancos e corretoras comuns.
Esses projetos e empreendimentos possuem lastro em ativos tangíveis e ganharam recentemente uma nova modalidade de financiamento aprovada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o chamado crowdfunding, ou investimento coletivo.
Uma característica importante desses investimentos é que eles não guardam correlação estreita com o setor financeiro, são acessíveis aos investidores comuns, têm baixa volatilidade e apresentam um perfil de risco-retorno extremamente atraente, além de rentabilidade muito acima da média das aplicações tradicionais em renda fixa.
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