O hidrogênio verde (H2V) é atualmente considerado uma das peças-chave na descarbonização do mundo, e o Brasil pode se tornar o grande líder na sua produção e exportação.
Visto como o “combustível do futuro”, o hidrogênio é estratégico para reduzir as emissões de carbono de indústrias intensivas em combustíveis fósseis e sua produção a partir de fontes renováveis pode fazer do Brasil uma grande potência no setor.
A Agência Internacional de Energia divulgou um relatório em que afirma que a demanda por hidrogênio está em forte expansão, diante da necessidade de reduzir a pegada de carbono de setores como transporte, indústria e geração de energia.
De olho nesse promissor mercado, a Bloxs passou a estudar projetos de hidrogênio verde, a fim de estruturar captações que viabilizem a produção desse combustível limpo e renovável em uma nova tese de investimento.
Quer saber mais sobre a importância do hidrogênio no contexto da transição energética e por que o Brasil tem tudo para se destacar na produção desse combustível verde em poucos anos?
Então, continue a leitura deste artigo e saiba mais sobre os seguintes tópicos:
O que é o hidrogênio verde?
É um combustível produzido a partir de fontes limpas e renováveis, como a energia eólica, solar e hidráulica, através de um processo chamado eletrólise.
Durante a eletrólise, a água é dividida em seus elementos constituintes (hidrogênio e oxigênio) através da eletricidade, que pode ser gerada através de painéis solares, turbinas eólicas ou centrais hidrelétricas, o que faz com que o hidrogênio produzido se torne “verde” ou ecológico.
De acordo com Felipe Souto, CEO da Bloxs, plataforma de investimentos alternativos e de acesso ao mercado de capitais para pequenas e médias empresas em setores promissores, como energia renovável:
Como o hidrogênio verde é produzido por meio de fontes limpas e renováveis, isso significa que não são emitidos gases de efeito estufa no processo, o que é uma grande vantagem em relação ao hidrogênio produzido a partir de combustíveis fósseis, como por meio de reforma a vapor do metano, gaseificação de carvão e oxidação parcial.
Vantagens do hidrogênio verde
O hidrogênio está ganhando cada vez mais importância como combustível, principalmente neste momento em que o mundo busca formas de diminuir suas emissões de carbono, mitigar os impactos da mudança climática e reduzir sua dependência a combustíveis fósseis.
Dessa forma, como combustível alternativo, o hidrogênio apresenta diversas vantagens, como:
- Energia limpa: quando o hidrogênio é usado em uma célula de combustível para gerar eletricidade, não gera gases de efeito estufa (GEE), o que faz com que seja uma fonte limpa de energia.
- Versatilidade: o hidrogênio pode ser usado em uma grande variedade de aplicações, como transporte, calefação, geração de eletricidade, propulsão de veículos movidos a células de combustível, energia de reserva para sistemas de energia renovável ou calor em alta temperatura para processos industriais.
- Abundância: o hidrogênio é o elemento mais abundante do universo e pode ser produzido a partir de uma variedade de fontes, como água, gás natural e biomassa.
- Densidade energética: o hidrogênio tem alta densidade energética, o que significa que pode armazenar uma grande quantidade de energia em um pequeno volume ou massa. Isso faz com que seja ideal para usar em veículos ou outras aplicações que exijam um sistema compacto de armazenamento de energia.
Apesar de todas essas vantagens, o hidrogênio ainda não teve todo o seu potencial explorado como combustível e é necessário superar alguns desafios para sua produção em larga escala, como investimentos em infraestrutura e melhores práticas de segurança para sua produção, manuseio e armazenamento.
Nesse contexto, muitos países e empresas estão investindo pesado na produção de hidrogênio como uma parte essencial das suas estratégias de diversificação e eficiência energética.
Além disso, a expectativa é que o mercado de hidrogênio tenha forte expansão nos próximos anos, especialmente o de H2V, graças ao seu importante papel para facilitar a transição para um sistema energético de baixo carbono nos próximos anos.
Agência Internacional de Energia prevê forte expansão do H2V
A Agência Internacional de Energia (AIE), em um relatório intitulado “Global Hydrogen Review 2022”, afirma que o uso do hidrogênio em diversas indústrias está se expandindo rapidamente, sobretudo por sua alta densidade energética e viabilidade para utilização no transporte público de massa.
O órgão espera ainda que o número de veículos movidos a células de hidrogênio cresça enormemente na próxima década, atingindo a marca de 2 milhões de carros na estrada até 2030.
O relatório da AIE também destaca a importância do H2V para auxiliar na integração de fontes de energia renovável, como solar e eólica, ao sistema elétrico através do armazenamento de energia e aplicações de conversão de energia em gás.
Por fim, o documento salienta os desafios para o uso mais amplo do H2V, pois sua produção e armazenamento ainda são relativamente mais caros em comparação com combustíveis fósseis, embora a expectativa seja que esses custos diminuam com o avanço tecnológico e a produção em larga escala.
Desafios para a sua produção
Entre os desafios a serem vencidos para expandir o uso do hidrogênio verde de forma mais ampla, podemos citar:
- Custo de capital: os equipamentos e a infraestrutura necessários para realizar a eletrólise são caros, principalmente para a produção em larga escala. O custo dos sistemas de energia renovável, embora venha caindo nos últimos anos, também deve ser considerado no custo total para a produção do combustível ecológico.
- Baixa eficiência: a eletrólise ainda é considerada um processo relativamente ineficiente, uma vez que uma parte significativa da energia é perdida durante a conversão da eletricidade em hidrogênio. Essa ineficiência aumenta a quantidade de energia renovável necessária para produzir o hidrogênio verde, aumentando ainda mais seus custos.
- Falta de políticas de fomento: o incentivo ao desenvolvimento desse setor ainda não foi devidamente explorado pelos governos, o que aumenta a insegurança jurídica para investimentos e torna a produção de H2V relativamente mais arriscada do que combustíveis tradicionais.
Perspectivas para o hidrogênio verde no Brasil
Em um artigo publicado na Folha de S. Paulo, Thiago Bethônico afirma que o hidrogênio verde pode ser uma grande oportunidade para o Brasil, já que o país apresenta condições climáticas favoráveis para a expansão da energia solar e eólica.
Para o jornalista econômico, podemos nos tornar os maiores produtores e exportadores de hidrogênio verde do mundo, na medida em que nossa matriz energética já é uma das mais limpas do mundo e vem se diversificando rapidamente.
Atualmente, o Brasil é o terceiro país que mais produz energia renovável no mundo, atrás apenas de EUA e China. A alta oferta também coloca o país entre os mais competitivos em termos de preço. Atualmente, o Brasil é o terceiro país que mais produz energia renovável no mundo, atrás apenas de EUA e China. A alta oferta também coloca o país entre os mais competitivos em termos de preço.
Quem corrobora com essa visão é o CEO da Bloxs, Felipe Souto, para quem o Brasil tem enorme potencial para a produção de H2V, graças à sua abundância de recursos renováveis e vasta quantidade de água doce.
Não podemos nos esquecer de que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais de biomassa, que pode ser usada como matéria-prima para a produção de hidrogênio verde. Assim, as perspectivas para esse combustível ecológico no Brasil são muito promissoras.
Por fim, Felipe defende que a produção de hidrogênio verde pode abrir novas oportunidades para a indústria brasileira, especialmente para as empresas que atuam nos setores de energia renovável, química e de transporte.
O uso do H2V como combustível em veículos e ônibus pode reduzir significativamente a dependência do país em relação aos combustíveis fósseis importados, ao mesmo tempo em que promove a inovação e a competitividade da indústria nacional.
Entre as regiões brasileiras que mais devem se destacar na produção e exportação de H2V, o grande destaque é o Nordeste, que apresenta condições privilegiadas em termos de incidência de luz solar e força dos ventos.
O Ceará é o estado que está mais à frente em número de projetos já anunciados, com 24 memorandos de entendimento firmados com empresas nacionais e estrangeiras, abrindo espaço para quase 150 bilhões de reais em investimentos, de acordo com a Federação das Indústrias do estado.
Mas é na Bahia que está sendo construída a primeira usina de hidrogênio verde do país, localizada no Polo Industrial de Camaçari, sob a liderança da Unigel, no valor de 626 milhões de reais.
Em conclusão, esses números mostram que o H2V tem grande potencial de crescimento no Brasil e precisa contar com soluções de captação de recursos para que os projetos ganhem vida e promovam o desenvolvimento econômico e a diversificação energética do país.
A Bloxs está de olho nesse mercado e vem estruturando uma tese de investimentos para firmar parcerias com especialistas e criar soluções financeiramente viáveis e competitivas em âmbito nacional e internacional.