Os escritórios que administram as maiores fortunas particulares do planeta não estão dispostos a fazer caixa em 2023; pelo contrário, querem aumentar as alocações em risco, especialmente operações de private equity.
Essa é uma das revelações do relatório Eyes on the Horizon – Family Office Investment Insights, do Goldman Sachs, que busca descobrir como os family offices estão administrando o patrimônio das pessoas mais ricas do mundo.
De acordo com a pesquisa, os gestores de grandes fortunas pretendem aumentar as alocações em empresas de capital aberto e fechado, mas também não querem deixar passar os juros altos da renda fixa.
O banco de Wall Street ouviu 166 family offices em todo o planeta, apresentando ainda algumas observações da sua experiência de trabalho com esses clientes e empresas controladas por famílias.
Os estrategistas do Goldman revelam que, apesar da drástica mudança no cenário econômico e geopolítico no último ano, os family offices pesquisados mantiveram uma trajetória estável, fazendo pequenos ajustes em suas alocações.
Quer saber mais sobre as estratégias de uma das classes mais influentes de investidores do mercado?
Então, continue a leitura deste artigo e saiba mais sobre os seguintes tópicos:
- Consistência é o nome do jogo para os family offices
- Ativos alternativos são destaque
- Renda fixa também ganha espaço
- Alocações em mercados desenvolvidos predominam
- Foco constante no longo prazo
- Ativos digitais seguem na carteira, mas com menos apetite
- Perfil familiar
- Asset allocation
- Energia limpa entra em foco
Consistência é o nome do jogo para os family offices
Apetite por risco é o que não falta para os escritórios responsáveis por administrar as maiores fortunas do planeta.
Pelo menos é o que diz uma pesquisa realizada pelo Goldman Sachs, que ouviu family offices ao redor do mundo para saber o que eles estão fazendo com o seu dinheiro.
No levantamento do banco de Wall Street, foram ouvidos escritórios familiares com um patrimônio líquido de pelo menos US$ 500 milhões, sendo que 72% dos pesquisados administravam fortunas de mais de US$ 1 bilhão de dólares.
Sua dispersão geográfica também foi bastante abrangente: 57% estão localizados nas Américas; 21% na Europa, Oriente Médio e África (EMEA); e 22% na região Ásia-Pacífico (APAC).
Essa é a segunda pesquisa global realizada pelo Goldman e mostrou que, apesar da profunda mudança ocorrida na economia e na geopolítica mundiais, os family offices mantiveram um curso constante no último ano, realizando apenas pequenos ajustes em suas estratégias de asset allocation.
De acordo com Meena Flynn, Co-Head de Gestão Global de Patrimônio Privado e Co-Leader da Iniciativa de Family Office do Goldman Sachs:
Com a flexibilidade para investir em todo o espectro de risco, os family offices vêm mantendo uma postura consistente, com alocações mais agressivas e ativos capazes de entregar maiores retornos. As alocações de maior risco mostram que eles identificam oportunidades sólidas para obter um alfa adicional. Essa orientação paciente, estratégica e de longo prazo oferece uma vantagem na gestão e preservação da riqueza ao longo das gerações.
Entre os principais destaques do relatório Eyes on the Horizon, do Goldman Sachs, podemos citar:
Ativos alternativos são destaque
Os family offices seguem mantendo investimentos substanciais em ativos alternativos. Juntos, private equity, real estate e infraestrutura, fundos de hedge e crédito privado representam 44% dos ativos.
Apesar de grande parte dos escritórios traçar planos para manter suas alocações atuais nos próximos 12 meses, uma parcela significativa deles pretende aumentar seus investimentos nas classes de ativos mencionadas.
Renda fixa também ganha espaço
Uma parte significativa (39%) dos family offices tem planos de aumentar seus investimentos em renda fixa nos próximos 12 meses, provavelmente devido à expectativa de maiores retornos em investimentos de baixo risco.
As reservas em caixa e equivalentes – atualmente representando 12% das carteiras dos family offices, o que é considerado alto em comparação com outros investidores – devem diminuir, com 35% dos entrevistados esperando utilizar esses recursos no próximo ano, conforme surgirem as oportunidades.
Alocações em mercados desenvolvidos predominam
Os family offices não quiseram inovar muito em relação às suas alocações geográficas. Com isso, a ênfase continuou nos Estados Unidos e em outros mercados desenvolvidos, que representaram 63% e 21% dos investimentos, respectivamente.
Talvez em decorrência da sua maior preocupação com eventos geopolíticos adversos, 41% dos family offices da APAC pretendem aumentar sua alocação em holdings dos EUA no próximo ano.
Foco constante no longo prazo
Um tema bastante recorrente em relação às estratégias dos family offices é seu foco constante em retornos no longo prazo. Isso porque esse tipo de investidor não está preocupado em ficar “girando” a carteira constantemente para entregar retornos trimestrais aos seus clientes.
Como os family offices priorizam ativos capazes de gerar valor acima da média ao longo de vários anos, eles podem se dar ao luxo de investir em ativos menos líquidos e com margens mais elevadas de retorno.
De fato, a pesquisa do Goldman mostra que os family offices continuam concentrados em temas de crescimento secular com potencial de resistir a ciclos de negócios e gerar valor a longo prazo: 43% dos escritórios ouvidos consideram que suas carteiras estão com uma alocação excessiva em tecnologia da informação; 34% dos family offices estão atualmente com uma alocação excessiva em saúde.
Ativos digitais seguem na carteira, mas com menos apetite
No que diz respeito a produtos, atualmente, 32% dos family offices estão investindo em ativos digitais.
Dentro do contexto dos ativos digitais, os family offices estão se tornando mais decisivos em relação às criptomoedas: a proporção de investidores aumentou de 16% em 2021 para 26%.
No entanto, a proporção de investidores que não estão investidos e não têm interesse no futuro aumentou de 39% para 62%, enquanto aqueles que têm potencial interesse no futuro diminuíram de 45% para 12%.
Perfil familiar
A maioria (76%) dos family offices presta apoio a famílias que possuem negócios operacionais e, dentro desse grupo, 44% desempenham um papel na administração desses negócios. Entre eles, a razão mais citada como potencial catalisador para uma venda é um valuation favorável (56%), embora muitos (35%) pretendam manter esses ativos por tempo indeterminado.
Asset allocation
Os family offices continuam mantendo fortes alocações em ativos de risco. Suas posições médias em 2023 foram as seguintes (números arredondados):
- 28% em ações de mercados públicos
- 26% em private equity
- 12% em caixa/equivalentes de caixa (excluindo treasuries)
- 10% em renda fixa
- 9% em real estate privado e infraestrutura
- 6% em fundos de hedge
- 3% em crédito privado
- 1% em commodities
Os family offices entrevistados disseram ainda que os setores em que estão mais expostos são tecnologia da informação e saúde, temas de crescimento secular com potencial para resistir a ciclos de negócios e gerar valor no longo prazo.
Uma proporção considerável dos escritórios informou que pretende aumentar suas alocações nas seguintes classes de ativos ao longo de 2023:
- 48% em ações de mercados públicos
- 41% em private equity
- 39% em renda fixa
- 30% em crédito privado
- 27% em real estate privado e infraestrutura
Na avaliação de Tony Pasquariello, diretor-geral global de fundos de hedge e co-leader da Iniciativa de Family Office do Goldman Sachs:
Os family offices continuam mantendo alocações significativas em ativos alternativos, como private equity, crédito privado, infraestrutura, real estate e fundos de hedge. Em uma pesquisa abrangente que realizamos em 2021, em média, 45% dos recursos foram alocados em alternativos. Apesar dos desafios de 2022, em nosso período de pesquisa mais recente, essa alocação permaneceu praticamente inalterada, em 44%.
De fato, o levantamento mostrou que os ativos alternativos continuam sendo uma área de interesse significativa para os family offices, representando em média 44% do valor total de seus portfólios, em contraste com outros indivíduos ultra-high net worth, que geralmente alocam entre 20% e 25% em ativos alternativos, dependendo de sua aversão ao risco.
Essa preferência reflete os critérios de retorno, a sofisticação e a perspectiva de investimento de longo prazo dos family offices, além das possibilidades de maiores retornos nos mercados privados.
Também pode sinalizar o papel crescente que os family offices desempenharão como parceiros em novas captações de fundos e como potenciais coinvestidores diretos em oportunidades de investimento privado atrativas.
Vale ressaltar ainda que uma proporção bastante significativa dos family offices (30%) declarou que pretende aumentar suas alocações em private equity nos próximos meses, a fim de capturar oportunidades de valuation mais baixo e maiores potenciais de retorno no longo prazo.
Energia limpa entra em foco
Os family offices seguem de maneira geral os interesses de sustentabilidade de outros investidores, sendo que 39% deles têm um foco moderado a extremamente direcionado para estratégias sustentáveis, e 48% investem diretamente em empresas com impactos sociais e ambientais.
A energia limpa é o tema mais preferido, com 60% dos family offices planejando alocar capital nessa área no próximo ano. Outras áreas de interesse incluem alimentos e agricultura sustentáveis e cuidados de saúde acessíveis.
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