O crédito privado está mostrando sinais de recuperação no Brasil, com aumento da liquidez dos títulos, redução nas taxas de juros exigidas e queda nos resgates dos fundos.
A melhora registrada pelo mercado em maio surpreendeu até mesmo os gestores com atuação mais forte no setor, que citam o possível início da queda da Selic e o avanço do arcabouço fiscal como os grandes fatores para essa melhora.
Isso fica evidente no índice Idex-CDI, criado pelo JPMorgan, que identificou no mês uma vigorosa retomada da liquidez dos papéis, retornando aos níveis registrados pré-caso Americanas.
O escândalo envolvendo a varejista e mais recentemente a recuperação judicial da Light dificultaram os esforços de captação das companhias e aumentaram o conservadorismo dos bancos nas concessões.
Diante disso, empresas de pequeno e médio porte vêm buscando alternativas para financiar seus projetos e continuar crescendo, mesmo em um ambiente operacional desafiador e incerto.
Segundo informações do jornal Valor Econômico, as emissões no mercado primário estão retornando gradualmente, enquanto os fundos com menos resgates aproveitam a escalada dos spreads para melhorar o perfil de suas carteiras.
Neste artigo, vamos entender melhor essa tendência de melhora no mercado de crédito privado e o que esperar para os próximos meses, especialmente se as taxas de juros começarem a cair.
Os tópicos que vamos abordar a partir de agora são os seguintes:
Desinflação e possível queda de juros animam o mercado
O bom humor parece ter voltado ao mercado de capitais, especialmente com o processo contínuo de desinflação e a perspectiva de queda de juros nos próximos meses.
No último mês, o Ibovespa reverteu as perdas acumuladas desde o início do ano e registra uma alta de mais de 9%, fazendo com que o saldo líquido até agora em 2023 seja de +6,57%.
O otimismo também foi sentido no mercado de crédito privado que, desde a crise da Americanas e das dificuldades da Light em honrar seus compromissos, mostrava grande aversão ao risco e maior seletividade por parte dos bancos.
Quem vinha sofrendo com essa história eram as pequenas e médias empresas, que têm um acesso mais restrito ao mercado de capitais e, por isso mesmo, estão mais suscetíveis a spreads mais altos.
Liquidez aumenta e spreads caem
De acordo com uma reportagem recente publicada pelo jornal Valor Econômico, o crédito privado no país registrou um aumento significativo da liquidez no último mês, com redução das taxas exigidas e quedas nos resgates dos fundos especializados no setor.
A perspectiva cada vez mais próxima de início do ciclo de corte de juros e a tramitação do arcabouço fiscal levaram o crédito privado a uma recuperação em maio que surpreendeu até mesmo os gestores do setor.
Ainda segundo a matéria, houve uma redução nas taxas exigidas dos papéis e na média diária de resgates dos fundos, que despencou quase 50% em abril.
Com isso, Idex-CDI, índice criado pelo JPMorgan e que acompanha o setor, identificou a melhora nos números e indica um movimento de arrefecimento dos saques, o que pode levar a um fluxo equilibrado em junho.
O Idex-CDI é baseado em transações de compra e venda de debêntures entre bancos, corretoras e investidores, com um volume mínimo de R$ 100 milhões.
O aumento da liquidez do mercado pode ser interpretado como um sinal positivo, na medida em que indica uma atividade maior de compra e venda de títulos no setor, evidenciando que a confiança e o interesse dos investidores por operações de crédito privado estão aumentando.
Fundos registram estabilidade nos resgates
Durante o período de escalada dos spreads, os fundos com menos resgates conseguiram melhorar o perfil de risco-retorno dos seus portfólios pagando mais barato pelos papéis, uma vez que houve uma tendência ampla de resgates que obrigou muitos gestores a vender papéis e manter uma posição de caixa maior, a fim de atender às solicitações dos clientes.
Contudo, essa melhora no sentimento do mercado e nos dados de liquidez, spread e emissões não está isenta de desafios.
Apesar da melhora, ainda há desafios
Algumas empresas, especialmente do setor varejista, ainda enfrentam desconfiança por parte dos investidores, o que pode indicar que uma das principais preocupações é a saúde financeira dessas empresas e sua capacidade de cumprir suas obrigações de crédito.
Além disso, embora haja uma recuperação geral, as taxas de juros ainda estão em patamares bastante elevados, impactando o custo do financiamento para as empresas, sobretudo as de pequeno e médio porte.
Outro possível desafio é a incerteza em relação às condições econômicas futuras e aos possíveis impactos de eventos externos, que podem afetar a confiança dos investidores e a estabilidade do mercado de crédito privado.
Isso explica por que esse repique nas emissões primárias no mercado de crédito privado ainda é tímido, uma vez que muitas empresas estão aguardando uma melhora adicional do setor.
As projeções do boletim Focus de mercado, coletadas todas as semanas pelo Banco Central, ainda mostram que os agentes financeiros esperam que a taxa básica de juros termine o ano ao redor de 12,50%, o que pode inibir os investimentos e uma retomada mais vigorosa da economia.
A ampla expectativa, entretanto, é que a partir da segunda metade do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) inicie o ciclo de queda de juros, diante de dados benignos no front da inflação.
Isso ajudará a dar um fôlego adicional para as empresas e permitir que, no curto prazo, as taxas comecem a melhorar e viabilizar uma quantidade maior de transações no mercado.
A expectativa é que os juros continuem caindo e o processo de desinflação tenha continuidade, especialmente com a apresentação do novo arcabouço fiscal e da proposta de reforma tributária.
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