No mercado de capitais tradicional, existe uma ineficiência silenciosa que drena tempo, energia e recursos: a assimetria de informação entre a originação e a distribuição.
Durante décadas, a estruturação de dívida corporativa operou sob a lógica do “balcão”. Um originador encontrava uma empresa necessitada de capital, desenhava uma operação baseada em premissas genéricas e, somente então, a equipe de distribuição ia ao mercado “sentir a temperatura”. Era um processo reativo, linear e, muitas vezes, frustrante. Trabalhava-se meses em um deal para descobrir, tarde demais, que não havia comprador para aquele risco ou taxa.
Mas e se fosse possível inverter essa lógica? E se a demanda pudesse ser predita antes mesmo de o deal ser desenhado?
É neste ponto de inflexão que a tecnologia deixa de ser suporte e vira estratégia. Hoje, vamos abrir a “caixa preta” do DealMatch, o motor de inteligência da Bloxs que transforma a arte de vender crédito em uma ciência de dados.
O Problema do “Tiro no Escuro”
Tradicionalmente, as equipes de Estruturação gastam uma energia colossal para viabilizar operações financeiras sem qualquer garantia prévia de apetite do mercado. O time de Distribuição, por sua vez, recebe o ativo pronto e inicia um trabalho “a frio”, tentando encaixar um produto quadrado em buracos redondos.
Esse desalinhamento gera um custo de oportunidade brutal. Enquanto se tenta vender o invendável, oportunidades reais são perdidas. A ineficiência aqui não é apenas operacional; ela é financeira.
A solução para esse dilema histórico não está em contratar mais vendedores, mas em antecipar a intenção de compra. É aqui que entra o conceito de Triggers (Gatilhos) e Propostas Inteligentes.
Anatomia de uma Proposta Inteligente
Uma proposta não se torna “inteligente” apenas porque é digital. Ela ganha esse adjetivo quando é contextual, preditiva e acionada pelo momento exato da necessidade.
Para que o DealMatch funcione, ele opera sob a lógica de triggers — eventos ou dados que sinalizam que um “bolso” (fundo ou investidor) está pronto para alocar capital. Não estamos falando de feeling, mas de variáveis concretas:
- Mapeamento de Mandato (Apetite): O sistema não vê apenas um fundo; ele vê um conjunto de regras. Qual taxa eles compram? Preferem CDI+ ou IPCA+? Qual o ticket máximo? Aceitam risco de obra ou apenas ativo performado?.
- Triggers de Momento: Assim como no B2B, onde a intenção de compra é monitorada, no mercado de capitais monitoramos a liquidez e o momento do ciclo de crédito dos gestores.
- Análise Preditiva: Utilizando dados históricos, o sistema consegue inferir: “Se o Fundo X comprou um papel com lastro em recebíveis de varejo no Nordeste mês passado, a probabilidade de aceitar este novo deal similar é de 85%”.
DealMatch: O Motor de Conexão
O DealMatch é a materialização dessa inteligência. Ele é um software que conecta as duas pontas do funil (Sell Side e Buy Side) antes mesmo de a estruturação começar.
O processo deixa de ser linear e passa a ser circular e inteligente:
1. A Triagem Inteligente (O Fim do “Achismo”)
Quando uma incorporadora chega à Bloxs buscando dívida, os dados do projeto são inseridos no DealMatch. Imediatamente, o algoritmo cruza essas características com as “personas” detalhadas dos investidores cadastrados.
O resultado é um Score de Viabilidade de Venda. O sistema responde à pergunta crucial: “Vale a pena gastar tempo estruturando isso?”. Se o score é baixo, o deal é descartado ou ajustado na origem, economizando semanas de trabalho.
2. O Design da Operação (Engenharia Reversa)
Aqui reside a verdadeira magia. O DealMatch não apenas diz “sim” ou “não”; ele diz “como”. Em vez de a equipe de estruturação adivinhar as condições, o sistema direciona: “O mercado está com apetite para CRIs neste setor, mas a taxa de corte é CDI + 3.5%”.
Estamos falando de automação na tomada de decisão. Isso permite desenhar o produto financeiro exato que o mercado deseja comprar, transformando a estruturação em um processo de “alfaiataria industrial”.
3. Distribuição “Quente”
Para o time de distribuição, o jogo muda completamente. Eles não recebem mais um ativo para “testar” no mercado. Eles recebem o ativo junto com uma lista pré-qualificada de compradores que já deram match com aquelas características. A abordagem deixa de ser uma prospecção fria e passa a ser uma validação de interesse.
A Tecnologia por Trás da Cortina
Para que essa orquestração funcione, a Bloxs utiliza camadas de tecnologia avançada que vão além de um simples banco de dados:
- Inteligência Artificial e Machine Learning: Usados para processar dados em escala e identificar padrões de comportamento dos fundos que seriam invisíveis ao olho humano.
- Automação de Workflow: Garante que a informação flua da Originação para a Distribuição sem perdas, acionando alertas assim que uma oportunidade compatível é detectada.
- Smart Contracts (O Futuro): Embora o DealMatch foque no match, a execução final caminha para o uso de contratos inteligentes, que garantem conformidade automática e reduzem a necessidade de intermediários na liquidação, aumentando a transparência e a segurança.
O Resultado: Eficiência Radical
A implementação do DealMatch e a filosofia de propostas inteligentes geram um ganho de eficiência sistêmica.
Para a Empresa (Sell Side), isso significa velocidade. O Time-to-Market é drasticamente reduzido, pois a operação já nasce vendida. Para o Investidor (Buy Side), significa relevância. Ele para de receber ofertas que não fazem sentido para seu mandato e passa a receber deals que se encaixam como uma luva em sua estratégia de alocação. Para a Bloxs, significa assertividade. Evitamos o desperdício de energia em operações inviáveis e focamos no que realmente importa: conectar o capital a quem produz.No mercado financeiro moderno, dados são a nova moeda. Mas dados sem inteligência são apenas ruído. O DealMatch é o filtro que transforma ruído em sinfonia, garantindo que cada deal encontre seu par perfeito no momento certo.



