A primeira metade de 2020 não foi nada fácil para os investidores. O mundo se deparou com uma crise sanitária que não se via há pelo menos um século, gerando rápidas e profundas repercussões na economia global. E agora, quais são os investimentos mais rentáveis em 2020?
No Brasil, o Banco Mundial prevê que a pandemia de covid-19 fará com que nosso Produto Interno Bruto (PIB) sofra uma queda de 8%, a maior retração em 120 anos.
Falar em investimentos rentáveis diante de um cenário tão caótico como esse pode parecer um contrassenso em primeiro momento. Porém, é nos momentos de crise – isto é, quando o pânico e a irracionalidade levam muitos investidores a se desfazer dos seus ativos a preços módicos – que costumam surgir as melhores oportunidades.
O megainvestidor Howard Marks, em entrevista à rede CNBC dos EUA, afirmou o seguinte a respeito do momento que estamos vivendo nos mercados:
Se considerarmos que, em breve, a humanidade encontrará uma cura para a covid-19 e que o pico da doença está próximo. Há quem acredite que o pico da doença já passou, visto que a maioria dos países começa a reabrir suas economias.
Assim, não seria demais dizer que este é um momento extraordinário para aproveitar os preços baixos dos diferentes mercados para diversificar sua carteira de investimentos.
Os investimentos alternativos, por exemplo, são uma boa alternativa para quem deseja saber onde investir na crise e podem ser muito rentáveis em 2020.
Assim, apresentamos a seguir as oportunidades que acreditamos ser as mais promissoras em renda fixa, renda variável e também na economia real.
Oportunidades na renda fixa
A queda da inflação provocada pela redução da demanda agregada abriu espaço para que o Banco Central pudesse baixar as taxas básicas de juros.
Muitos especialistas, especialmente aqueles pesquisados pelo boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Bacen, acreditam que esse cenário deverá perdurar pelo menos no curto prazo.
Essa situação tira a atratividade dos títulos ofertados pelo Tesouro Nacional, já que a taxa Selic deve continuar caindo e atingir 2,25% este ano.
Considerando esse cenário de juros baixos no curto prazo, as melhores oportunidades imediatas estão nos títulos de dívida, ou debêntures, de empresas com boa classificação de risco.
Os CDBs de bancos intermediários que paguem mais 100% do CDI (Crédito de Depósito Interbancário) também são boas opções.
A principal diferença entre essas duas modalidades é que os CDBs oferecem um nível de segurança maior do que as debêntures, uma vez que contam com o respaldo do Fundo Garantidor de Créditos.
Porém, a rentabilidade de investimentos atrelados aos CDI, são extremamente baixos quando a taxa Selic está em queda.
Para fazer um bom investimento, vale a pena contar com o auxílio de especialistas para uma administração profissional.
Nos casos dos fundos de crédito privado, que investem boa parte do patrimônio dos cotistas em debêntures que podem chegar a render 185% do CDI.
Na hora de escolher um bom fundo, o foco deve estar na taxa de administração e em produtos com carência de pelo menos 30 dias.
Busque, sempre, fundos que possuem taxas de administração inferiores a 1% ao ano.
Ajuste aumenta a atratividade de ações de boas empresas
O lado positivo desse ajuste é que ele foi provocado por fatores exógenos. Isto é, pelo risco sistêmico praticamente imprevisível – aquilo que Nassim Taleb chama de “cisne negro” – e não pela qualidade de crédito em si das empresas ou por exageros do sistema financeiro.
Dito isso, as melhores oportunidades de investimento em renda variável estão em ações de empresas com ótima classificação de risco e cujas ações estejam cotadas abaixo do seu valor intrínseco.
Os analistas do Goldman Sachs, por exemplo, destacaram recentemente que as ações dos maiores bancos privados do Brasil – Itaú e Bradesco – estão 30% abaixo das médias históricas.
“Embora reconheçamos que possa haver maiores riscos de queda, acreditamos que os bancos estão bem preparados para suportar a crise, graças ao seu forte capital e cobertura ampla, além de experiência em lidar com crises”.
Além do setor bancário, o investidor também deve ficar de olho em empresas com exposição ao dólar e à China, haja vista que a força da moeda americana pode impulsionar o caixa de empresas exportadoras. Em especial àquelas que atendem a demanda de matérias-primas da segunda maior economia do mundo.
Nesse contexto, destacam-se as ações da Suzano e da Vale, que estão entre os papéis preferidos dos analistas que priorizam esses critérios.
Economia real também se beneficia
No âmbito da economia real, os principais segmentos que tendem a se beneficiar do atual cenário de juros baixos no Brasil e da alta demanda Chinesa são os setores imobiliário e de pecuária de corte, respectivamente.
Com a perspectiva de que a taxa Selic renove seus patamares historicamente baixos, os juros dos financiamentos imobiliários tendem a ceder.
Dessa forma, a atratividade do setor aos olhos do consumidor e o interesse de incorporadoras em ampliar suas ofertas por meio da captação de recursos junto ao mercado irá aumentar.
“Os juros baixos são alavanca para o mercado imobiliário em 2020″, segundo Luiz Antonio França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).
Apesar dos efeitos contracionistas da pandemia de covid-19, a pecuária de corte brasileira soube se aproveitar do vácuo de oferta gerado pela Peste Suína Africana. Houve uma forte ampliação na participação de mercado em países como a China e os Emirados Árabes Unidos. Ambos registraram um aumento expressivo de demanda nos primeiros meses deste ano.
Projeções futuras: investimentos rentáveis em 2020
Para 2020, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) prevê que a pecuária brasileira terá protagonismo no PIB agropecuário do país.
Há expectativa de crescimento de 4,3%, influenciado por uma alta de 5,8% na produção de bovinos.
Segundo o instituto, a pecuária também contribuiu positivamente para o resultado de todo setor no trimestre, com crescimento estimado de 1,8%.
Todos os segmentos apresentaram variação positiva, com destaque para a produção de bovinos, que é o produto com maior peso no segmento e cresceu 2,1%.