Mineração de bitcoin e sustentabilidade é possível? Já é consenso que a sustentabilidade se tornou um aspecto indispensável nas decisões de investimento, ainda mais em ativos que fazem uso intensivo de energia, como o bitcoin.
A maior criptomoeda do mundo surgiu há um pouco mais de uma década com a promessa de revolucionar os mercados financeiros. E a tecnologia blockchain parece estar exercendo esse papel.
No entanto, o grande consumo de energia necessário para produzir o bitcoin através da mineração sempre foi alvo de críticas constantes na mídia.
Será que esses questionamentos são justificados? É possível minerar bitcoin de forma sustentável e promover o desenvolvimento de uma economia verde digital?
Para responder a essas dúvidas, elaboramos este artigo especial para verificar se é possível conjugar os princípios ESG à mineração de bitcoin e se a ideia de um “bitcoin verde”, ou green bitcoin, é realmente factível, com base em nossos recursos energéticos atuais.
Então, se você deseja saber mais sobre o assunto, continue com a leitura e saiba mais sobre os seguintes tópicos:
Uso de energia para mineração de bitcoin
Não faz muito tempo que o bitcoin era considerado o “ouro da economia digital”, capaz de ameaçar a posição de dominância do dólar como moeda de reserva e unidade de conta mundial.
A fama, no entanto, não veio sem críticas. Grande parte dos investidores ainda nutre certa desconfiança em relação ao mercado de criptomoedas, pelo fato de ser um setor pouco regulamentado atualmente.
E entre os críticos mais vorazes das criptos estão os ambientalistas. Eles afirmam que a mineração – isto é, o processo de validação das transações e de criação de novas moedas digitais – exige um consumo intenso de energia e, por isso, é uma grande agressora do meio ambiente.
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Eficiência energética é crucial para lucratividade da mineração
O que parece ser um ponto fraco, contudo, pode acabar se tornando uma das áreas de avanço mais promissoras para as finanças descentralizadas nos próximos anos.
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Como explica Felipe Souto, CEO da Bloxs, plataforma de investimentos alternativos e acesso ao mercado de capitais
Sim, a energia é um dos fatores de custo mais importantes no cálculo da margem de lucro dos mineradores. Por isso mesmo, quem atua nesse segmento de infraestrutura do mercado cripto busca constantemente fontes mais baratas e abundantes de eletricidade para maximizar seu retorno. Isso quer dizer que o uso eficiente da energia é uma preocupação permanente dos mineradores, incentivando, inclusive, o desenvolvimento de fontes alternativas de energia limpa e renovável.
Na visão de Felipe, existe uma “força dupla” que acabará promovendo a sustentabilidade da mineração do bitcoin e das outras criptomoedas. De um lado está a pressão social e governamental para que haja uma transição rápida em direção a energias limpas e renováveis. De outro, está a própria motivação dos mineradores em otimizar seu consumo de eletricidade para, assim, promover sua rentabilidade.
Se observarmos como se dá o consumo de eletricidade para operações de mineração, veremos que existe um espaço enorme para evoluirmos. No mundo, ainda existem regiões em que o uso do carvão é intenso para geração de eletricidade, como na Ásia e algumas partes da Europa, o que acaba contribuindo enormemente para a pegada de carbono da atividade. Mas se observarmos como o uso de fontes limpas e renováveis evoluiu nos últimos anos, veremos que a tendência é promissora.
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Energia renovável ganha espaço na mineração de bitcoin
De fato, como mostra o gráfico abaixo, a fonte predominante de eletricidade para a mineração de bitcoin no mundo é o carvão, com uma participação de cerca de 36,55% no último ano, seguida pelo gás natural (25%) e a energia hidrelétrica (15%).
Dados da Universidade de Cambridge evidenciam que, nos últimos anos, o gás natural acabou ganhando participação mais relevante na mineração de bitcoin, saindo de cerca de 10%, em 2019, para quase 25% no ano passado. Ao mesmo tempo, a energia hidrelétrica recuou de quase 40% para apenas 15% no mesmo intervalo.
Ao mesmo tempo, como ressaltou Felipe, é possível perceber que houve um leve, mas promissor, acréscimo de energias limpas e renováveis, como a solar e a eólica, que representavam cerca de 7,25%, em 2019, e aumentaram para 11%, em 2022.
O modelo adotado para as estimativas da Universidade de Cambridge para o consumo subjacente de eletricidade considera a fonte e a intensidade das emissões. Além disso, os estudiosos avaliam a localização geográfica das operações de mineração de bitcoin e dados de matrizes energéticas regionais para tentar saber qual é a fonte mais provável de geração de eletricidade no processo.
De acordo com Jerry Usman, engenheiro elétrico e escritor sobre tecnologia, a mineração de bitcoin verde, ou green bitcoin mining, é um movimento que tende a crescer rápido nos próximos, principalmente em vista do avanço dos equipamentos e da tecnologia para produção de eletricidade a partir do sol e da força dos ventos.
Em um artigo publicado no portal Bitcoin Magazine, ele afirmou o seguinte:
A mineração solar é a resposta para o problema de energia do bitcoin? Parcialmente. É necessário também otimizar a energia disponível e expandir as opções de trabalho, com uma abordagem multidimensional. Entre as várias estratégias que podem ser adotadas, estão o balanceamento de carga, as trocas de energia, os sistemas híbridos e o armazenamento adicional em bateria. O efeito multiplicador do aumento dos subsídios do governo – um esforço incentivado para acelerar a adoção de energia verde – poderia reduzir ainda mais os custos de instalação solar.
Jerry ressalta também que o consumo global de energia para mineração de bitcoin é de 253 TWh, o que equivale a cerca de 0,15% do consumo total de energia no mundo. E se observarmos o mix de energia para a produção da criptomoeda, veremos que ele é mais “verde” do que a matriz energética da Alemanha, por exemplo.
Um bom sinal desse avanço para a energia verde é o fato de que, no ano passado, quase 60% da energia mundial para mineração de bitcoin veio de fontes renováveis, de acordo com um relatório do Bitcoin Mining Council de 2022.
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Emissões de carbono são um desafio de toda a humanidade
Tudo isso nos leva à conclusão de que, sim, a mineração de bitcoin ainda é bastante dependente de combustíveis fósseis poluentes, como o carvão, porém a representatividade das energias renováveis vem crescendo a olhos vistos. Basta ver que a energia solar dobrou de participação no mix de energia da cripto em poucos anos e deve avançar ainda mais.
Da mesma forma, não podemos nos esquecer de que a redução da emissão de gases de efeito estufa e a otimização do uso de energia são desafios de toda a humanidade, em suas múltiplas atividades, sendo que as criptomoedas representam uma ínfima parte do consumo de eletricidade no momento atual.
Por essa razão, não poderíamos deixar de dizer que a pecha de “vilão do meio ambiente” atribuída ao bitcoin e às outras criptomoedas, além de injusta, falha em reconhecer os esforços que os agentes do setor vêm fazendo para otimizar sua atuação.
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