O último corte do Conselho de Política Monetária (COPOM) levou a taxa Selic para o menor patamar histórico, em 2,25%. Só para lembrar, esta série de cortes começou em 2016 quando a taxa básica de juros estava em 14,25%. Nesta reunião do Conselho também foi sinalizado de que não haverá novas alterações na taxa no curto prazo.
Segundo relatórios do Banco Central a meta de inflação deve ser menor em 2021, é possível que a Selic continue sem alterações nos próximos 2 anos.
Então surgem questões referentes ao impacto que este cenário exerce sobre nossos investimentos. Neste artigo vamos buscar expandir os horizontes do investidor que estava acostumado a deixar seu dinheiro no Tesouro Direto e em outros produtos atrelados ao CDI, como fundos DI e CDBs.
O ciclo de queda da SELIC acabou?
O Banco Central deixou bem claro que não tem mais espaço para cortar a taxa de juros, e que também não pretende aumentá-la em 2020. A única brecha é caso haja um cenário de deterioração econômica vinda do exterior ou uma inflação gerada pelo aquecimento da economia brasileira.
Com as guerras comerciais travadas por Trump e a epidemia de coronavírus na China, muitos analistas começam a visualizar um choque de demanda que pode se tornar também um choque de oferta nos próprios meses. Como não é possível prever se o Brasil será atingido e como será o impacto sobre a inflação, podemos trabalhar com o cenário proposto pelo próprio BC: inflação dentro da meta este ano e no próximo.
Assim, embora muita gente esteja apostando que a Selic volte a subir no final do ano ou no começo de 2021, o máximo que ela deve chegar é próximo aos 5% para conter algum crescimento da inflação decorrente da recuperação econômica.
Pensando no médio e no longo prazo, parece que o Brasil caminha para manter a inflação em torno de 3,5% e a Selic pode chegar no máximo a 6,5%. Mas não seria surpresa se o BC mantivesse a SELIC em 4,5% mesmo com uma inflação mais alta, inaugurando um período de juros reais negativos – como já ocorre na Europa e na Ásia.
Ainda vale a pena investir no Tesouro Direto?
O títulos de maior liquidez e prazo de vencimento curto realmente não valem mais a pena. Da mesma forma os títulos com vencimento mais longo só valem a pena se for levar até o vencimento.
Então, o que sobra são os títulos atrelados à inflação, que podem ser usados para conservar o poder de compra do seu dinheiro, e os título intermediários, com vencimentos em 3 anos – como a NTN-B 2022. Estes títulos estão pagando um prêmio que bate a inflação e a taxa de juros reais, o que pode permitir ganhos um poucos acima do CDI.
Outra opção é investir em fundos de renda fixa, que ainda possuem um estoque de títulos antigos que podem se valorizar e render lucros maiores para os cotistas. Mas a maioria dos fundos já realocou seus ativos para setores mais rentáveis, como renda variável e derivativos.
Quem está ganhando com os juros baixos?
Em um cenário de juros baixos, a melhor forma de tomar decisões de investimento é se perguntar quem está ganhando com isso.
As empresas de todos os setores da economia vão se beneficiar muito com este cenário. Elas podem trocar suas dívidas antigas por novos contratos com juros menores, garantindo uma maior margem para investimentos. Isso tende a favorecer tanto as empresas listadas em bolsa quanto as que estão indo em busca de empréstimos no mercado alternativo.
Os consumidores também estão tendo mais facilidade de tomar crédito e, quanto mais tempo a SELIC se manter estável, mais o spread bancário vai cair – garantindo juros mais baixos nas compras a prazo e nos financiamentos. Com isso, tanto a indústria de bens manufaturados quanto a construção civil podem diminuir sua ociosidade. Também o setor imobiliário deve se beneficiar deste impulso, indo ao mercado de investimentos alternativos para bancar novos empreendimentos.
E, talvez o mais importante, a dívida pública está reduzindo de volume. O Estado consegue rolar sua dívida pagando juros menores, e recuperando sua capacidade de investimento. Desta forma, obras essenciais de infraestrutura poderão ser retomadas, bem como investimentos maiores em educação, saúde e segurança.
É hora de investir na Economia real
A nova realidade econômica brasileira estimula o investidor a colocar seu dinheiro em negócios que gerem riqueza para o país. Investir em uma boa empresa é colocar dinheiro nas mãos de um bom gestor. E você pode fazer isso de diversas maneiras.
Ações
O movimento mais óbvio é comprar ações na Bolsa de Valores. Ao comprar uma ação você se torna sócio da empresa e passa a receber os dividendos – uma parte do lucro obtido pela companhia. Você também pode vender suas ações quando elas se valorizarem bastante, conseguindo um bom lucro nesta operação. O problema das ações é que de 500 empresas listadas na B3, em 2019 apenas 10 pagaram dividendos maiores que a Selic. Quem ganhou dinheiro foi quem quem fez operações de trade.
Debêntures
Outra forma de investir nas empresas é através de debêntures. Elas são títulos da dívida privada: você está emprestando dinheiro para uma companhia e ela vai te pagar de volta com juros em um determinado prazo. Além de ter que encontrar opções que são corrigidas pela inflação e que pagam mais que o CDI, você precisa ficar atento ao rating da empresa para saber se ela é uma boa pagadora. Algumas debêntures são isentas de imposto de renda: títulos do setor de infraestrutura, que são incentivadas pelo Estado.
Investimentos Alternativos
Por fim, a melhor forma de você investir diretamente em um empreendimento privado são os investimentos alternativos. Neste caso, o objetivo da aplicação são empreendimentos imobiliários, empresas de capital fechado, empresas endividadas e empresas em crescimento que necessitam de suporte, pequenas centrais hidroelétricas (PCH), centrais de energia solar, etc. O investidor acessa empresas ou projetos com potencial de crescimento, e recebe retornos maiores que o CDI. Devido a tais características e tendo em vista a preservação dos interesses do investidor, priorize a transparência e a observância dos princípios de governança corporativa, como fazemos aqui na Bloxs.
O que é a taxa Selic e como ela é calculada
Todos os dias os bancos concedem e recebem empréstimos uns dos outros – as operações compromissadas. A taxa de juros que remunera estas operações é a taxa Selic. Ela é uma taxa de juros de financiamento diário do governo por 1 dia útil. Essas operações compromissadas têm o prazo de 1 dia, com garantias em títulos públicos. Assim, se o banco que tomou o empréstimo quebrar, os títulos públicos que haviam sido dados como garantias do empréstimo passam a ser propriedade do banco que concedeu o empréstimo.
Quando falamos que a Selic caiu ou subiu, no entanto, estamos falando da meta estipulada pelo Banco Central para a taxa básica de juros da economia brasileira. Ou seja, o Banco Central, por meio de instrumentos de política monetária, age para fazer com que a Taxa Selic Efetiva convirja para a Taxa Selic Meta que ele considera ideal.
A Selic também é usada para remunerar os títulos do Tesouro Selic. Este título tem rentabilidade diária com base na taxa de juros básica. Isto é, seu rendimento é igual a Selic diária. Ele pode ser resgatado em 1 dia útil. É indicado para investidores de perfil mais conservador e que visam o curto prazo, ou para constituir a Reserva de Emergência.
Além disso, é bom saber o que é o CDI (taxa do DI): taxa de juros de empréstimos interbancários. Quando um banco pega empréstimo com outro banco, sem dar garantias em contrapartida, a taxa de juros que remunera esse empréstimo é a taxa do CDI. Se o banco que tomou o empréstimo quebrar, o banco credor assume o prejuízo, já que não há garantias envolvidas.
Para o investidor, na prática, o CDI serve como base para saber se uma determinada aplicação vale a pena ou não. Se a aplicação estiver pagando mais que a CDI, isso quer dizer que você vai ser remunerado acima da inflação e com mais algum ganho. Se a aplicação paga menos que o CDI, pode ser que você esteja perdendo seu poder de compra.
Dica final
Diversificar seus investimentos é sempre a melhor estratégia, independente do cenário econômico. Pense que cada ativo é uma oportunidade de fazer seu dinheiro render mais.
Com o crescimento das fintechs ficou ainda mais acessível montar um portfólio completo, que abrange o melhor da renda fixa e variável, garantindo maiores ganhos para você.
Aqui na Bloxs você pode alocar parte dos seus recursos direto na economia real, e se beneficiar de ótimas taxas de juros.