Jorge Paulo Lemann é certamente um dos maiores empresários do Brasil. Atualmente, é o segundo homem mais rico do país, com fortuna acumulada em 17 bilhões de dólares, e 77º mais rico do mundo.
O investidor possui uma das histórias de sucesso mais admiráveis entre todos os brasileiros que se tornaram empresários reconhecidos mundo afora.
Hoje, Jorge Paulo Lemann é dono da maior cervejaria do mundo, a Anheuser-Busch Inbev (Anbev), e é sócio da 3G Capital (controladora de empresas como Burger King e Kraft-Heinz).
No texto de hoje, contaremos a trajetória de sucesso, pessoal e profissional, de um dos maiores empresários – e bilionários – do Brasil.
Jorge Paulo Lemann | Início de sua vida
Jorge Paulo Lemann nasceu, no Rio de Janeiro (RJ), no dia 26 de agosto de 1939. Possui sangue suíço, pois seus pais, Paul Lemann e Anna Yvette Truebner são suíços, apesar de morarem no Brasil.
O investidor, atualmente, mora na Suíça pois possui dupla nacionalidade (brasileira e suíça).
Lemann estudou, da infância até o final do ensino médio, na renomada Escola Americana do Rio de Janeiro.
Seus amigos de escola concederam a Lemann o título simbólico de “most likely to succeed” (aquele que tem mais chance de ter sucesso), devido ao brilhantismo que apresentava desde jovem.
Posteriormente, ao terminar seus estudos, em 1957, mudou-se para os Estados Unidos da América para cursar o ensino superior.
Jorge Paulo Lemann formou-se, no início dos anos 60 em Economia pela Universidade de Harvard.
Sua família, nesse período, pôde dar todo suporte financeiro necessário a Lemann. Dinheiro nunca foi problema para os Lemann.
Seu pai, Paul Lemann fundou a Leco (abreviatura de Lemann & Company), uma gigante do ramo de laticínios, e os negócios cresciam a cada ano que passava.
Início da trajetória profissional de Jorge Paulo Lemann
Após ter recebido o diploma de economista pela Harvard, Lemann aproveitou sua dupla nacionalidade suíça e foi morar no país de origem de seus pais.
Estava desanimado com a situação do mercado de capitais no Brasil e decidiu pegar experiência em um país mais avançado no quesito.
Chegando lá, conseguiu um estágio no renomado banco Credit Suisse.
Surpreendentemente, o que seria um sonho, tornou-se um pesadelo. Jorge odiou o período que passou trabalhando no banco.
Segundo o próprio investidor, o banco era extremamente burocrático e seus processos eram engessados e lentos.
Surpreendentemente, Lemann pediu demissão do banco e utilizou seu tempo na Suíça para se aprimorar em uma paixão que possuía: jogar tênis.
Durante o período que permaneceu na Suíça, antes de retornar ao Brasil, o investidor participou de diversos campeonatos profissionais da modalidade, vencendo algumas competições.
O investidor participou de grandes torneios, como Wimbledon e Copa Davis (representando o Brasil em algumas ocasiões e a Suíça em outras), tendo vencido antigos campeões (alguns top 10 do mundo) de torneios como Roland Garros.
Apesar de seu amor pelo esporte, Jorge Paulo Lemann decidiu largar o esporte para se dedicar plenamente a sua carreira no mercado financeiro.
“Eu parei de jogar tênis profissionalmente quando percebi que seria difícil estar entre os 10 melhores do mundo”.
João Paulo Lemann.
De volta ao Brasil
A fim de começar sua trajetória profissional no Brasil, retornou ao Brasil em 1963 e foi contratado pela financeira Invesco.
Foi responsável por estruturar a área da empresa que atuaria no mercado de capitais.
Em pouco tempo, a empresa cresceu muito e chegou a movimentar um valor que seria equivalente a 5% de todo volume negociado na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.
Lemann cresceu muito em pouco tempo na empresa e, desse modo, foi promovido a sócio. Mas, posteriormente, em 1966, a empresa foi à falência.
Jorge Paulo Lemann aprendeu duas lições muito valiosas com a quebra da Invesco.
- É extremamente importante cuidar das receitas quanto das despesas;
- É preciso ter gente competente e bem remunerada em todas as áreas do negócio.
Além das lições aprendidas e experiência que obteve com a Invesco, Lemann pôde conhecer Jorge Carlos Ramos da Silva, homem que se tornaria sócio do investidor.
Os dois fundaram a corretora Libra. Os dois obtiveram 26% de participação, dividido de forma igualitária, no negócio.
Os negócios foram de vento em popa para a dupla. Ao passo que a empresa crescia, Lemann, em uma tentativa frustrada de comprar o controle da Libra, foi forçado a vender sua parte por 200 mil dólares.
O Banco Garantia
No início dos anos 70, Jorge Paulo Lemann, a convite de Adolfo Campelo Gentil, tornou-se sócio fundador do Banco Garantia.
O Garantia, que era uma corretora, foi adquirido por Gentil em 1971 pela quantia de 800 mil dólares e tornou-se banco logo após a transação ter sido feita.
Junto dos investidores, estavam José Carlos Ramos da Silva e Luiz Cezar Fernandes.
Em 1972, Marcel Herrmann Telles foi contratado para a função de liquidante. Em 1973, Carlos Alberto Sicupira, o “Beto”, também começou a trabalhar na corretora.
Jorge Paulo Lemann conheceu Beto Sicupira durante uma pesca submarina. Lemann impressionou-se com o talento como mergulhador de Sicupira e de lá nasceu uma grande amizade.
Lemann logo viu o imenso talento que Telles e Sicupira possuíam e, posteriormente, se tornaram sócios.
Com toda a certeza, o sucesso do trio só se tornou possível devido a uma divisão clara de conceitos e autoridade.
De forma extremamente transparente, os três empresários definiram que não iriam interferir no trabalho alheio e iriam confiar uns nos outros.
Além disso, os três compartilham da mesma característica de serem pessoas “low-profile”, ou seja, avessas à holofotes e polêmicas.
Cultura do Banco Garantia
Jorge Paulo Lemann definiu alguns pontos essenciais na forma como o Banco Garantia iria conduzir seus negócios.
Desde o início de sua trajetória como empresário, Lemann nunca permitiu que filhos e cônjuges de sócios da empresa trabalhassem na mesma.
O investidor acreditava puramente na meritocracia e abominava qualquer tipo de nepotismo.
Acreditava no “PSD”. Ou seja, “poor, smart and deep desire to get rich”. Traduzindo: “Pobre, esperto e com grande desejo de ficar rico”. Contratava seguindo esse preceito e, visto o sucesso que atingiu, estava certo em seguir essa linha de raciocínio.
No Garantia, outro diferencial era a ausência de hierarquia consolidada no cotidiano de trabalho.
Não haviam paredes separando o escritório e nem havia a necessidade de seus funcionários trabalhassem de roupa social – bastava uma camisa com mangas arregaçadas e uma calça caqui.
Os funcionários tinham uma política de remuneração diferente. Lemann copiou o conceito do banco Goldman Sachs, onde o salário fixo era abaixo do mercado, porém os bônus semestrais poderiam eventualmente deixar um colaborador milionário.
O empresário levou a meritocracia ao extremo. Os colaboradores, dessa forma, se sentiam motivados para sempre entregarem mais do que eram pagos para entregar.
Dessa forma, o ambiente do banco era extremamente competitivo.
Por outro lado, a “selva” não era para todos e existem relatos de funcionários que pediram demissão logo em seu primeiro dia de trabalho.
O Surgimento do Império do Garantia
Com Sicupira e Telles como “braços-direito”, Lemann levou o banco Garantia ao sucesso em pouquíssimo tempo de existência.
Tal sucesso chamou a atenção do banco americano JP Morgan, que em 1976 quis comprar uma parte do Garantia.
Jorge Paulo Lemann não aceitou o acordo, pois tinha o interesse de entrar no ramo de bancos de investimento e a parceria iria dificultar o processo de expansão do banco.
Em 1982, o trio de investidores, aproveitando-se da má fase vivida pelas Lojas Americanas, adquiriram a gigante do varejo.
Lemann viu que o preço da empresa estava barato demais e que seria possível obter lucros somente vendendo os imóveis da empresa.
Beto Sicupira foi o escolhido para ficar à frente da empresa. Lemann e Beto foram até os Estados Unidos da América para serem mentorados por Sam Walton, fundador do Walmart, pois gostariam de mudar completamente a forma com que a Lojas Americanas estava sendo gerida.
No ano de 1993, o trio entrou para o ramo de private equity com a GP Investimentos.
Em 1994, o Banco Garantia obteve lucro de quase 1 bilhão de dólares, tendo sido o melhor ano de sua história.
Porém, em 1998, devido à Crise Asiática ter impactado fortemente os negócios do Garantia, o banco foi vendido para o Credit Suisse por 675 milhões de dólares.
Estima-se que o Garantia perdeu cerca de 110 milhões de dólares durante à Crise e isso o fez perder, além do dinheiro, sua credibilidade no mercado.
O investidor teve que se reinventar, uma vez que havia sofrido um forte impacto em sua reputação.
A Criação de um novo gigante: a Ambev
Antes do Garantia ser vendido (nove anos antes precisamente) devido à crise, a instituição estava crescendo e seu caixa se enchia cada dia que passava.
Jorge Paulo Lemann não suportava ver dinheiro parado e decidiu investir o caixa da empresa.
A Cervejaria Brahma foi seu alvo, visto que ele já conhecia seu modelo de negócio e seus gestores, pois as famílias alemãs que fundaram a empresa eram amigas do gestor brasileiro.
60 milhões de dólares foi o valor pago pela Cervejaria Brahma e Marcel Telles, seu sócio no Garantia, ficou incumbido de transformar a empresa.
Telles utilizou de diversos conceitos que já haviam sido aplicados na Lojas Americanas, como cortar despesas em 10%, reduzindo super salários, aumentar a política de bonificações para metas batidas, entre outros.
Nesse meio tempo, cerca de dois anos depois, o faturamento da empresa tinha crescido cerca de 7,5%, seu lucro cresceu 200% e cerca de 35% dos funcionários haviam recebido cerca de 9 salários de bonificação.
Em 1999, após uma grande “faxina” em suas contas, a Brahma comprou a Antarctica, uma de suas principais concorrentes, dando origem à Ambev (American Beverage Company), a quinta maior cervejaria do mundo.
As aquisições da Ambev
A Ambev, agora detentora de duas grandes marcas de cerveja e dona de 73% do mercado brasileiro na época, decidiu expandir seus negócios para fora do país.
Em 2001, comprou a cervejaria paraguaia Cerveceria Nacional. Logo após, em 2002, comprou a argentina Quilmes.
Em 2004, por consequência do crescimento da empresa, a Ambev se fundiu com a cervejaria belga Interbrew, fabricante da Stella Artois.
A expansão não parou por aí.
Como resultado do crescimento exponencial da empresa, em 2008, foi a vez dos brasileiros adquirirem a Anheuser-Busch, dona da Budweiser, por 52 bilhões de dólares.
Em 2015, os brasileiros adquiriram sua última cervejaria. Foi a vez da sul-africana SABMiller. A transação custou 108 bilhões de dólares e transformou a Anheuser-Busch Inbev na maior cervejaria do mundo.
A Criação da 3G Capital
No ano de 2004, com a finalidade de investir em empresas estrangeiras, Lemann, Sicupira e Telles, criaram a 3G Capital.
Em 2010, a investidora comprou, por 4 bilhões de dólares, o controle de uma das principais redes de fast-food do planeta, o Burger King.
Apenas três anos depois, a 3G Capital adquiriu a fabricante de condimentos Heinz. O negócio foi concretizado pela quantia de 28 bilhões de dólares.
Em 2014, a empresa comprou a Restaurant Brands International, responsável pela cafeteria Tim Hortons.
Em 2015, junto com o megainvestidor Warren Buffett, o trio brasileiro adquiriu a Kraft (fundindo-se com a Heinz) por 62,3 bilhões de dólares.
Posteriormente, em 2017, foi a vez da rede de fast-food Popeye’s ser comprado pela 3G Capital.
Ações Filantrópicas de Jorge Paulo Lemann
Jorge Paulo Lemann possui diversas ações como filantropo, entre elas estão:
- Fundação Lemann: O investidor criou a fundação, que leva seu nome, em 2002, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação pública no Brasil.
- Instituto Tênis: Fundado em 2002, possui o apoio da Fundação Lemann e auxilia jovens que desejam ter uma carreira no tênis. O empresário acredita que as lições empresariais que aprendeu podem ser úteis para jovens tenistas.
- Fundação Estudar: é fundador, ao lado de Telles e Sicupira, da fundação que ajuda jovens brasileiros a encontrarem um propósito em suas carreiras, através de estímulos e experiências acadêmicas no exterior.
Curiosidades e Frases de Jorge Paulo Lemann
- O investidor já chegou a ser, em 2017, o 22º homem mais rico do mundo. Na época, detinha uma fortuna de 29,2 bilhões de dólares. Hoje é, “apenas” o 77º homem mais rico do mundo, com cerca de 17 bilhões de dólares de patrimônio acumulado.
- A 3G Capital também investiu em start-ups brasileiras, como Movile, Stone e Brex.
- O empresário valoriza muito o tênis como instrumento de mudança profissional. Em entrevista contida no livro O Tênis no Brasil, dos jornalistas Roberto Marcher e Gianni Carta, Lemann diz que…
“O tênis me ajudou demais nos negócios. Me deu vontade de competir, persistência, força de vontade, disciplina. Com o tênis aprendi a superar situações difíceis, e rapidamente. Ou seja, o tênis foi uma escola para minha vida como empresário”.
Outras frases do investidor
“Pensar pequeno dá o mesmo trabalho que pensar grande”.
“O senso comum é sempre melhor que as ideias complexas. O simples é sempre melhor que o complexo”.
“Boas pessoas, trabalhando como um time e com objetivos comuns, são o mais importante e diferenciador ativo de um negócio”.
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6 Comments
Excelente texto. Lições de empreendorismo de alta qualidade. Sempre acreditar no seu negócio e nas pessoas do time montado.
Iramar, que bom que gostou. Continue acompanhando a nossa série. Caso tenha alguma sugestão, será um prazer retratar outro grande megainvestidor. Abraços!!
” Sonho Grande “, eu li o livro, gostei muito, foram muitas as histórias.
Eu trabalhei alguns anos com eles no ” Garantia ” uma escola de Líderes, eu era jovem e queria me casar, em um fim de ano, fui contemplado com um carro pela diretoria. ( foi um fim de ano maravilhoso ).
Jonas, ficamos felizes que tenha compartilhado conosco um pouco das suas conquistas. Continue acompanhando a nossa série. Caso tenha alguma sugestão, será um prazer retratar outro grande megainvestidor. Abraços!!
Eu vejo que o Brasil é um lugar de oportunidade e muitos sai de sua terra natal e retorna com a experiência uma visão tridimensional uma determinação e vencer na vida com sonhos para ser realizado. Três detalhes importantes na vida desse empreendedor a coragem de vencer o sonho de tornar realidade e o bom ânimo
Valdo, esse escolhemos a dedo. Caso tenha alguma sugestão, será um prazer retratar outro grande megainvestidor. Abraços!!