Para falar sobre o setor imobiliário durante a pandemia, a XP Investimentos realizou, no dia 28 de maio, uma entrevista com Claudio Hermolin, CEO da Brasil Brokers, Marcos Lopes, presidente da LPS Brasil, e Álvaro Coelho da Fonseca, presidente da Coelho da Fonseca.
O tema da entrevista foi a situação do setor imobiliário durante a pandemia e as perspectivas para o futuro do segmento após a reabertura econômica.
Perfil dos entrevistados:
Claudio Hermolin
Claudio Hermolin possui ampla carreira executiva construída em empresas de grande porte dos segmentos de construção, incorporação, intermediação imobiliária e distribuição de energia.
Atualmente é CEO da Brasil Brokers Participações S.A., depois de passar por empresas como a Calçada Incorporadora e Construtora, PDG Realty, Even, CEMAR e Agenco.
É engenheiro civil pela PUC-RJ, com pós-graduações e cursos de extensão na FGV e na PUCRJ.
Marcos Lopes
É diretor-presidente da LPS Brasil. Graduou-se em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie, em 1986. Antes de ingressar na Lopes, atuou, como estagiário, em incorporadoras, construtoras e agências publicitárias. Em 1986, iniciou sua carreira na Lopes, somando mais de 30 anos de experiência no mercado imobiliário.
Álvaro Coelho da Fonseca
É presidente da Coelho da Fonseca Empreendimentos Imobiliários e da Rede Imobiliária Brasileira. Dirige pessoalmente o Private Brokers, consultoria especializada em produtos e clientes Upper Class.
Presidiu por duas gestões a Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (Fiabci/Brasil ).
Membro da Academia Brasileira de Marketing.
Conselheiro do SECOVI/SP – Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo.
Conselheiro do Banco Privado Português.
Conselheiro da Sociedade Hípica Paulista.
Resumo da entrevista
Claudio iniciou sua apresentação mostrando o cenário de atendimento semanal a clientes interessados em comprar imóveis. Os dados apresentados foram colhidos pela Secovi e mostram que, gradativamente, o volume do setor imobiliário durante a pandemias vem se estabilizando com o passar dos dias, assim como o número de agendamento de visitas; mas, em relação às vendas propriamente ditas, estas não vêm apresentando melhora significativa.
Essa mesma tendência foi observada no volume de demanda de aluguéis registrado pelas imobiliárias, com uma leve melhora na última semana de maio. Porém, o número de inquilinos que solicitaram renegociação do valor dos aluguéis vem aumentando desde o início de abril, com mais de 50% das imobiliárias pesquisadas relatando aumento de pedidos de redução dos valores.
Em sua fala inicial, Marcos Lopes afirmou que a atual crise “escancarou a necessidade de uma presença mais digital do mercado imobiliário”. Lopes ressalta ainda que a reclusão exigiu que os profissionais do setor repensassem a jornada do cliente, no sentido de mitigar as ineficiências que existiam antes da mudança de comportamento dos consumidores.
Nesse sentido, Lopes destaca que o setor imobiliário durante a pandemia tomou medidas para se adaptar às mudanças requeridas pelo distanciamento social, especialmente com a adoção de novas tecnologias de realidade virtual para que os clientes pudessem conhecer os imóveis sem sair de casa. Tais inovações, segundo ele, “vieram para ficar”.
Por outro lado, Lopes fez referência a um lado positivo dessa crise econômica que deve ter efeitos de médio a longo prazo: queda de juros. Segundo o executivo, a queda na taxa de juros permite que um número maior de famílias tenha acesso a imóveis de padrão mais elevado, já que os juros comprometem menos sua renda.
Álvaro iniciou sua exposição dizendo que o segmento do mercado imobiliário que mais sofreu nessa pandemia foi o de lançamentos, já que o fechamento de todos os plantões de vendas limitou drasticamente as negociações. Em sua opinião, apesar dos esforços de inovação tecnológica no atendimento, “a venda do imóvel ainda se faz de maneira bastante presencial”.
O presidente da Coelho da Fonseca explicou ainda que, no segmento de alta renda, a pandemia aflorou o desejo desses clientes por residências em condomínios com mais opções de lazer para a família. Segundo ele, essa tendência aumentou o valor desses imóveis no mercado secundário de luxo. Em suas palavras, “as casas de fim de semana acabaram se tornando suas residências full time“.
A respeito disso, Lopes afirmou que o aumento do teletrabalho tem levado as pessoas a buscar uma segunda moradia, para que tenham mais conforto na hora trabalhar. Além disso, explicou que, no segmento de renda média, a tendência é aproveitar as taxas de juros baixas para adquirir imóveis na planta, em razão da facilidade de pagamento.
Claudio também citou o exemplo dos lançamentos de nicho em áreas com muita demanda reprimida durante a pandemia e que acabaram tendo um desempenho acima do esperado. O presidente da Brasil Brokers explicou que existe um déficit habitacional gigantesco no Brasil, de mais de 8 milhões de imóveis, e que a facilidade de acesso a financiamentos imobiliários permitirá uma retomada rápida do setor após a crise.
Em seguida, Álvoro abordou a questão das tipologias das residências pós-pandemia, dizendo que a tendência é que as pessoas busquem “mais conforto e mais aconchego“.
Quando perguntado sobre os imóveis comerciais, Claudio esclareceu que o setor varejista de rua foi o que mais sofreu nesta pandemia, logo “muitos lojistas não têm condições de ficar 30 ou 60 dias com receita zero”. No caso dos galpões logísticos, a realidade é outra, houve um aumento de demanda por instalações nos arredores dos grandes centros urbanos e importantes rodovias.
Ao final da entrevista, os convidados ressaltaram que, apesar das mudanças tecnológicas e de tendencia dos consumidores, logo a figura do corretor de imóveis não tende a desaparecer, já que ele é uma peça fundamental no processo de tomada de decisão do cliente. O imóvel, segundo eles, é talvez o bem mais importante que uma pessoa possa ter, daí a necessidade de ter um atendimento técnico e personalizado. Nesse sentido, Lopes ressaltou que a transformação digital no setor será no que ele chama de “parte burocrática”. O cliente quer ter acesso a informações e documentos de forma rápida e completa, mas isso não quer dizer que ele queira abrir mão de um consultor dedicado.
Assista na íntegra:
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