Joseph Safra (1939-2020) morreu na quinta-feira (10) de causas naturais. Como forma de homenagear o homem mais rico do Brasil, fizemos um artigo especial para lembrar o legado deixado pelo empresário.
Joseph foi um banqueiro brasileiro de origem sírio-libanesa que controlava o Grupo J. Safra, conglomerado financeiro com presença em 125 países.
Com um patrimônio estimado em US$ 119,08 bilhões, Joseph Safra ocupa a posição de 39º homem mais rico do planeta, segundo a Forbes.
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Um dos banqueiros mais respeitados e bem-sucedidos do mundo, Joseph Safra emigrou para o Brasil em 1953 e fundou aqui, ao lado de seu pai e irmãos, um império financeiro com R$ 233 bilhões de ativos sob gestão.
Conheça a história desse lendário empreendedor brasileiro, cujas raízes financeiras remontam ao Império Otomano e se estendem da América Latina ao Velho Continente.
Joseph Safra: o banqueiro brasileiro que conquistou o mundo
Nascido em Alepo, Síria, Joseph Safra foi criado na cidade de Beirute, Líbano, no seio de uma família judaica.
Filho mais velho de Jacob Safra, suas tradições comerciais datam do comércio de caravanas entre Beirute, Alepo, Alexandria e Constantinopla no século XIX.
A família fundou sua primeira instituição financeira em 1800: a casa de câmbio Safra Frères & Cie, na capital da Síria. A empresa negociava à época moedas de diferentes países da Ásia, Europa e África.
Posteriormente, logo após o final da Segunda Guerra Mundial, a família Safra decide deixar o Oriente Médio e se mudar para o Brasil, onde se estabelece em 1953. Jacob e seus filhos Joseph, Edmond e Moise Safra desembarcam no país sob a promessa de um governo estável e forte crescimento econômico no pós-guerra.
Em entrevista à revista Veja, Joseph Safra explicou que a perseguição aos judeus após a fundação de Israel poderia se acirrar em sua terra natal:
Meu pai imaginou que uma terceira grande guerra não tardaria e começou a procurar um país mais tranquilo para viver. Escolheu o Brasil.”
A cidade onde a família se estabeleceu foi o centro financeiro da América Latina: São Paulo.
Logo depois, entretanto, Edmond se separa dos seus irmãos Joseph e Moise e parte para Nova York. Lá ele funda o Republic National Bank of New York, que acabou sendo vendido para o HSBC em 1999.
A instituição financeira fundada por Edmond chegou a se consolidar como 20º maior banco privado dos EUA. Por conseguinte, os recursos provenientes da operação foram integralmente doados à Fundação Edmond Safra, organização filantrópica sediada na Suíça.
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Fundação do Banco Safra
Com a compra do Banco Nacional Transatlântico, em 1967, nasce o Banco de Santos, que mais tarde se tornaria Banco Safra S.A.
A fim de expandir seus segmentos de atuação, o Banco Safra inaugura, em 1974, sua divisão Safra Asset Management, que se consolida como uma das principais gestoras de recursos do Brasil, com foco em fundos de renda fixa e multimercados.
Posteriormente, a fim de ampliar a gama de serviços prestados aos seus clientes, o grupo lança a Safra Corretora, em 1987, que passa a atuar nos segmentos BM&F e Bovespa.
Nesse mesmo ano, é fundado o Safra National Bank, em Nova York, com foco em transações relacionadas ao Brasil. Cada vez mais, o Banco Safra buscava diversificar sua atuação nacional e internacional, fortalecendo sua posição de destaque no sistema financeiro.
Ao passo que os anos passaram, o Banco Safra se notabilizou como uma instituição tradicional e conservadora em sua estratégia de gestão, apresentando sempre uma sólida e consistente posição de balanço, independente no momento econômico do país.
Os valores do banco foram assim descritos por Jacob Safra:
Se escolher navegar os mares do sistema bancário, construa seu banco como construiria seu barco: sólido para enfrentar, com segurança, qualquer tempestade.”
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Controle do Grupo J. Safra
Em 2006, Joseph resolve comprar a participação de Moise no conglomerado familiar e unificar, sob sua supervisão, todas as instituições financeiras de propriedade dos dois irmãos.
Foi assim que ele se consagrou como maior banqueiro do mundo, sem descuidar da transmissão do seu patrimônio aos filhos. Desde 2009, os jovens são responsáveis por conduzir o império erigido por seu pai.
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Crises e processos
Graças ao diligente trabalho de Joseph na supervisão das operações do banco, o Safra construiu uma reputação de solidez e confiabilidade no sistema financeiro nacional.
Essa boa imagem, entretanto, não passou ilesa a alguns eventos de menor importância que nunca chegaram a ameaçar a longa e bem-sucedida tradição dessa importante instituição brasileira.
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Um desses eventos ocorreu durante a crise de 2008, que abalou profundamente o segmento bancário em todo o mundo.
Caso Madoff
O Banco Safra insere-se nessa história por ter visto seu nome envolvido em um criminoso esquema de pirâmide financeira construído por Bernard Madoff. Entre os principais clientes desse golpista estavam famílias judaicas, e seus produtos eram comercializados pelo Safra como uma aplicação de baixo risco.
O estouro da bolha acabou descortinando o caso, e notícias da época diziam que correntistas do Safra estavam entre os clientes lesados. Milhões de reais teriam desaparecido.
Operação Zelotes
Outro evento que colocou em xeque a boa imagem de Safra foi a ação penal conduzida pela Polícia Federal de Brasília. Em abril de 2016, a PF acusou Joseph Safra de ter pagado propina de R$ 15 milhões para favorecer seu banco perante o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais da Receita (Carf).
Entretanto, a ação foi encerrada em dezembro do mesmo ano, quando desembargadores do Tribunal Regional Federal da 1ª Região consideraram inepta a denúncia.
Problemas de sucessão
Uma das grandes preocupações de Joseph Safra era fazer a boa transmissão do seu legado aos seus três filhos.
O plano inicial era colocar o primogênito Jacob na condução das operações internacionais do banco em Genebra. Alberto ficaria com a parte comercial focada em médias empresas, ao passo que o caçula Davi se incumbiria do banco de investimento.
Esse planejamento não deu certo. Jacob e Alberto acabaram se desentendendo em relação à condução do grupo, chegando inclusive, segundo a revista Veja, a ir “às vias de fato” na frente dos funcionários, em 2019.
As desavenças, inesperadamente, teriam iniciado por causa da estratégia atualmente adotada pela instituição de focar em novas tecnologias e adentrar no segmento de varejo através das maquininhas SafraPay e da carteira digital SafraWallet.
Posteriormente, Alberto deixou o grupo e fundou o ASA Bank.
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O estilo de liderança de Joseph Safra
Joseph sempre foi conhecido por sua discrição e aversão a declarações públicas. O que conhecemos desse lendário banqueiro é fruto das poucas entrevistas que concedeu e do relato de pessoas próximas.
Seu estilo de liderança é pautado pelo conservadorismo e aversão a “extravagâncias”. Safra, dessa forma, sempre preferiu o caminho mais longo a saltos aventureiros que pudessem manchar a credibilidade de um nome centenário na indústria.
Segundo relatos, sua natureza resguardada contrastava com a convicção e a firmeza com que conduzia o futuro do banco que construiu ao lado de seu pai e irmãos.
Uma das grandes lições da crise financeira de 2008 foi a preservação de alta liquidez que o banco adotou a mando de Joseph. Nesse sentido, graças a essa atitude prudente, o Safra não só conseguiu sair mais forte da recessão como pôde adotar as medidas necessárias para enfrentar as inovações tecnológicas que hoje estão revolucionando o setor.
Em conclusão, o que podemos depreender da extraordinária trajetória de sucesso do maior banqueiro brasileiro é que o crescimento nunca deve se dar às custas da excelência operacional e da priorização dos interesses dos clientes.
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