Muitos investidores ainda não perceberam a importância da questão climática e da transição para alternativas sustentáveis de produção nas próximas décadas.
Na avaliação dos especialistas do JPMorgan, em um artigo publicado pela revista britânica The Economist, o aquecimento global estará no centro das preocupações dos agentes econômicos nos próximos anos, influenciando as decisões de governos, empresas e, sobretudo, investidores.
Os padrões de produção e consumo baseados no uso intensivo de combustíveis fósseis se tornaram uma preocupação central da sociedade, principalmente por seus impactos assimétricos no mundo.
Nesse contexto, aqueles que menos contribuíram para o aquecimento global, como a América Latina, podem ser os mais afetados pelos efeitos adversos desse modelo insustentável.
Essa realidade está pressionando os países a implementar medidas de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e os consumidores a buscar produtos e serviços mais sustentáveis.
Como não poderia ser diferente, as empresas foram obrigadas a repensar sua atuação e a estabelecer metas ambiciosas de sustentabilidade, abrindo um novo mundo de oportunidades para investimentos.
Neste artigo, vamos entender melhor como o aquecimento global está influenciando a tomada de decisão de governos, empresas e investidores ao redor do mundo e como é possível se posicionar hoje para aproveitar essa mudança comportamental, investindo em mercados como o de créditos de carbono.
Então, confira os tópicos que vamos abordar a partir de agora e saiba mais sobre o tema:
Mudança climática e oportunidades de investimento
A importância da questão climática para o mundo não está apenas no âmbito da retórica política. Cada vez mais, governos e empresas adotam medidas para promover a mudança para alternativas mais sustentáveis de produção.
E essa preocupação também está sendo demonstrada pelos investidores. Prova disso é que os fundos de investimento sustentáveis atraíram um volume recorde de recursos nos últimos anos, alcançando quase US$ 70 bilhões líquidos em 2021, valor 35% maior do que no ano anterior, que já havia quebra recordes.
Esses dados foram fornecidos por um artigo recente publicado na revista The Economist, com a contribuição de especialistas do JPMorgan, um dos maiores bancos de investimento do mundo.
Para os estrategistas do banco, muitos investidores ainda não se deram conta da oportunidade que a preocupação climática pode trazer em termos de diversificação de portfólio e valorização de capital nos próximos anos.
Essa visão é compartilhada pela Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), órgão das Nações Unidas, que afirma o seguinte em um relatório sobre a questão:
A mudança climática representa um dos maiores desafios que a humanidade enfrentará neste século. Suas causas e consequências podem ser sentidas em todo o mundo, mas seus impactos são assimétricos entre as regiões, países, setores e grupos econômicos, haja vista que aqueles que contribuíram menos para o aquecimento global serão os mais atingidos.
Impactos assimétricos do aquecimento global
A Cepal cita justamente o caso da América Latina, que contribuiu muito pouco, em termos relativos, para a mudança climática, em vista dos seus baixos índices de emissões de GEE, mas é uma das regiões mais vulneráveis aos impactos negativos dessa tendência.
Segundo a organização, a mudança climática é causada essencialmente por emissões de GEE antropogênicas e é discernível em fenômenos como o aumento da temperatura média global, alterações nos regimes de chuvas, elevação dos níveis dos mares e maior frequência de eventos climáticos extremos.
Essa visão é corroborada pelos estrategistas do JPMorgan, para quem os investidores das regiões mais vulneráveis, como a América Latina, ainda não abriram os olhos para essa realidade, na medida em que a região é responsável por apenas 2% das emissões globais de títulos verdes.
Com um capital natural imenso e uma população urbana em crescimento, a América Latina pode se tornar um player fundamental na economia verde. Desde a agricultura sustentável até a energia e o transporte limpos, o investimento em indústrias de baixa emissão e em serviços de ecossistema pode se tornar um caminho para os investidores latino-americanos que buscam crescimento de longo prazo.
Os analistas de um dos maiores bancos de investimento do mundo afirmam ainda que:
- a emissão de títulos verdes na América Latina está ajudando a financiar projetos de energia renovável, transportes, uso do solo e preservação ambiental;
- é fundamental que a região ofereça incentivos para novas tecnologias agrícolas e práticas sustentáveis, melhorando a produtividade das lavouras e aprimorando a pecuária.
Vale destacar o seguinte trecho da reportagem publicada pela revista The Economist com o apoio do JPMorgan:
Um dos poucos sumidouros de carbono do mundo, a Bacia Amazônica contribui para o imenso potencial da região de sequestrar carbono da atmosfera e está posicionada para se tornar líder nos mercados voluntários de créditos de carbono.
América Latina pode liderar iniciativas sustentáveis
Os estrategistas do banco americano destacam a importância da mudança do setor energético latino-americano para modelos baseados em fontes limpas e renováveis, na medida em que a geração de energia na região é responsável por quase metade das suas emissões de GEE.
Isso se deve ao fato de que muitos países da região são altamente dependentes da receita gerada pelo petróleo, como Venezuela, México, Colômbia e Argentina.
Diante das potencialidades ecológicas da região, o JPMorgan avalia que os países da América Latina, em especial o Brasil, têm um espaço enorme para fomentar projetos que combatam o aquecimento global e, ao mesmo tempo, preservem seus recursos naturais, como a Floresta Amazônica.
Para tanto, é necessário desconcentrar a emissão de títulos verdes que, nos últimos anos, se concentrou no setor de energia, viabilizando iniciativas em outras áreas, como uso do solo, conservação do meio ambiente, tratamento de resíduos, transportes e indústria.
Outro mercado de crescimento bastante destacado pelo JPMorgan é o de créditos de carbono. Segundo os analistas do banco, as florestas são grandes sequestradoras de GEE, e a América Latina é uma das regiões do mundo mais privilegiadas em termos de cobertura vegetal.
Essa realidade pode ser um incentivo para o crescimento do mercado de créditos de carbono nos países latino-americanos, sobretudo através de iniciativas voluntárias.
De fato, os especialistas do banco americano afirmam que a América Latina é a segunda maior provedora de créditos de carbono do mundo no mercado voluntário, mas tem espaço para assumir a liderança dessas iniciativas nos próximos anos, com destaque para o Brasil.
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