Os custos da crise do coronavírus no setor elétrico devem ser repassados aos consumidores de todo país, inclusive os considerados “de grande porte”. De acordo com a associação dos grandes consumidores de energia (Abrace) a expectativa é de uma alta de 20% nas cotas, diluídas ao longo dos anos.
A discussão do momento é sobre como será diluído esse custo. Está certo que grande parte deve ir para a tarifa, incluindo os juros, mas o tamanho disso é o que preocupa. O governo ainda está finalizando a forma como será feito o socorro ao setor, depois de integrantes do próprio Executivo e da Agência Nacional de Energia Elétrica rechaçarem incluir todo o custo na tarifa.
A principal medida que vem sendo desenhada para o setor elétrico é um empréstimo bilionário para as distribuidoras de energia elétrica. O financiamento vai chegar a R$ 17 bilhões, a ser pago em 60 meses. O empréstimo será coordenado pelo BNDES e concedido por um pool de bancos privados, num fundo que vem sendo chamado de Conta-Covid.
O empréstimo é necessário, avalia o governo, para manter a sustentabilidade financeira das distribuidoras e de todo o setor elétrico, já que essas empresas são a base do sistema. Daí a preocupação especial. O governo vê o empréstimo como uma alternativa para evitar que um eventual problema de independência nas distribuidoras gere efeito cascata no setor.
“Somado à atual conjuntura de aumento das tarifas de energia, o impacto das medidas atualmente propostas pode chegar a um aumento de mais de 20% nas tarifas de energia, com um efeito sobre a inflação e resultados nefastos para a economia no longo prazo”, diz a carta das associações.
As tarifas já estavam sendo pressionadas pelo dólar (que referencia a conta da Itaupu), por custos maiores de transmissão e pela conta de energia de reserva (quando o consumidor paga para manter a estabilidade no sistema).
Já é dado como certo uma forte inadimplência no setor. A própria Aneel já proibiu o corte no fornecimento de energia de quem está devendo. Há ainda uma forte queda na demanda, com impacto sobre os contratos em vigência.
Fonte: Tribuna do Norte