O segredo para reduzir os custos de financiamento empresarial no Brasil é fortalecer o mercado de capitais e abri-lo para pequenas e médias empresas.
Essa é a avaliação do secretário de reformas econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, em uma entrevista recente ao Valor Econômico.
Ex-diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Pinto defende que a melhor alternativa para reduzir o diferencial de juros (spread) cobrado pelos bancos é permitir que empresas de todos os portes captem recursos junto a investidores.
Desde o caso da Americanas, os bancos ficaram mais seletivos e cautelosos na concessão de crédito.
Até mesmo empresas com grau de investimento, bons fundamentos e pouca alavancagem estão enfrentando dificuldades para levantar recursos nas linhas tradicionais de crédito.
E o cenário fica ainda mais desafiador em razão dos juros elevados e da maior aversão ao risco no mercado financeiro.
Diante desse pano de fundo, como fortalecer o mercado de capitais e aumentar a competição no crédito privado, permitindo que as empresas se financiem fora do sistema bancário?
É o que procuraremos responder neste artigo, em que vamos abordar os seguintes tópicos:
O que explica o alto custo do crédito bancário no Brasil?
Que o spread bancário no Brasil é um dos mais altos do mundo, disso ninguém tem dúvida.
O diferencial entre as taxas que os bancos pagam para captar recursos e os juros que eles cobram nos empréstimos é historicamente elevado em comparação com outros países.
O problema disso é que o acesso ao crédito, tanto para consumidores quanto para empresas, acaba sendo prejudicado e o país não consegue atingir todo o seu potencial de crescimento econômico.
Diversos economistas já se debruçaram sobre o tema, tentando descobrir as razões para o custo tão elevado do crédito em nosso país, entre as quais podemos citar:
- elevada carga tributária sobre a atividade econômica, o que acaba impactando inclusive as operações financeiras;
- desequilíbrio fiscal, inflação historicamente elevada e necessidade de juros altos para combatê-la;
- grande concentração bancária, com poucas instituições dominando o mercado de empréstimos;
- inadimplência relativamente alta, levando os bancos a aumentar as taxas do crédito para compensar possíveis perdas.
LEIA TAMBÉM: Ativos alternativos são “nova resposta” do mercado ao crédito escasso e juros altos
Consequências da falta de crédito corporativo
E as consequências do alto custo do crédito para a atividade econômica são profundas, explicando em parte o baixo crescimento que o país registrou na última década.
O efeito mais imediato se dá, segundo especialistas, na restrição do acesso ao crédito, já que as taxas altas encarecem os empréstimos e desestimulam sua contratação, reduzindo a capacidade das empresas de investir e alavancar seus negócios.
Com os juros mais altos, certas modalidades de investimento ficam menos atraentes e fazem com que os investidores tenham uma aversão maior ao risco, exigindo taxas de remuneração mais elevadas.
Isso faz com que as empresas com dificuldades de obter crédito não consigam competir com companhias mais bem financiadas, ajudando a aumentar a concentração setorial e contribuindo para o aumento de preços.
Além disso, com o crédito mais caro, as empresas precisam se endividar mais para financiar seus projetos, aumentando seu risco operacional e reduzindo suas taxas de retorno, o que impacta diretamente em sua capacidade de investimento.
Segundo Felipe Souto, CEO do Grupo Bloxs, ecossistema de investimentos alternativos e soluções de acesso ao mercado de capitais para pequenas e médias empresas:
A baixa competitividade no setor bancário não é a única razão para a dificuldade de financiamento das empresas. Precisamos lembrar que, nos últimos anos, os bancos públicos foram usados para baixar o custo do crédito, mas o dinheiro acabou sendo canalizado para grandes empresas, justamente as que têm acesso mais fácil ao mercado de capitais, cujo crescimento acabou sendo indiretamente desestimulado.
LEIA TAMBÉM: Bloxs entrevista economista Alexandre Chaia sobre caso Americanas e mercado crédito
Mercado de capitais deve ser a principal fonte de captação para empresas
Para Felipe Souto a solução para fortalecer o mercado de capitais e permitir que ele se torne uma fonte recorrente de captação para pequenas e médias empresas passa pela melhoria da situação tributária do país, saneamento das contas públicas, redução da inflação e, consequentemente, adoção de taxas de juros menos restritivas.
Não há solução que não passe pela melhora do setor público no país, do seu inchaço, desequilíbrio e impacto sobre o setor privado, especialmente na forma de tributação exagerada, inflação alta e juros elevados.
Quem corrobora com essa visão é o secretário de reformas econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, que, em entrevista recente ao Valor Econômico, ressaltou que, em países avançados, como os EUA, o mercado de dívida privada é muito maior do que o de crédito bancário. Em suas palavras:
O objetivo é chegar a um padrão de um país desenvolvido, em que o mercado de capitais ultrapasse o sistema bancário como principal fonte de financiamento das empresas brasileiras, deixando de ser um financiamento de grandes empresas para também atingir empresas menores. […] Perdemos muita eficiência no mercado de capitais brasileiro devido a regimes distintos de tributação.
LEIA TAMBÉM: Como a Bloxs se tornou líder em emissões de crowdfunding no Brasil, segundo a Quantum
Caso Americanas aumenta seletividade e cautela dos bancos
Além da incerteza política e fiscal, o mercado de crédito também foi abalado pela crise da Americanas, que acabou tendo impacto sobre o mercado de crédito privado.
Em um artigo publicado no portal Capital Aberto, Evandro Buccini, sócio e diretor de renda fixa e multimercado da Rio Bravo Investimentos, apresenta dados e análises sobre a situação das empresas, os bancos, os investidores e as alternativas de financiamento.
Segundo o autor, a crise da Americanas afetou negativamente o volume de operações de crédito corporativo de grau de investimento no mercado de capitais, que caiu drasticamente desde que a empresa parou de pagar suas obrigações.
Os bancos também ficaram mais seletivos e cautelosos na concessão de crédito. O autor afirma que os fundamentos das empresas ainda estão mais saudáveis do que no início da recessão de 2015, mas que há sinais de alerta e deterioração.
Buccini também comenta sobre as dificuldades das empresas em acessar o mercado internacional de dívida, diante do aumento do risco-país e da volatilidade cambial.
A emissão de debentures caiu de 24,3 bilhões de reais em fevereiro de 2022 para 6,6 bilhões de reais, queda de 73%. Notas comerciais, CRAs, CRIs e FIDCs tiveram quedas parecidas. Nenhuma operação relevante saiu a mercado desde então. Empresas que precisavam rolar dívidas e contavam com a emissão de títulos precisaram encontrar outras alternativas. O mercado internacional também não foi uma opção. Poucas companhias brasileiras conseguiram emitir bonds neste início de ano.
Diante desse cenário, é mais do que urgente solucionar os problemas que fazem o país ter um custo de crédito tão elevado, como o fortalecimento do mercado de capitais, a maior competitividade no setor bancário e a redução dos desequilíbrios fiscais, sobretudo o sistema tributário altamente complexo, o que impacta a competitividade das empresas e o crescimento econômico do país.
Como captar recursos no mercado de capitais?
Quem acha que o mercado de capitais é apenas para os grandes está enganado. Pequenos e médios empresários já contam com soluções para suas necessidades de financiamento através de novas plataformas de tecnologia financeira, como a Bloxs.
Nosso mercado de capitais amadureceu bastante nos últimos anos, especialmente com a desalavancagem dos bancos públicos e o aumento da concorrência no setor bancário com o surgimento das fintechs.
Na Bloxs, pequenos e médios empreendedores contam com soluções de acesso ao mercado de capitais, seja na modalidade dívida (empréstimo), seja na modalidade equity (participação societária), podendo captar de R$ 1 milhão a R$ 120 milhões.
Entre as soluções oferecidas pela Bloxs estão desde o contrato de investimento coletivo até operações estruturadas, como debêntures, CRAs, fundos de investimento, entre várias outras.
Cadastre-se agora mesmo em nossa plataforma e submeta agora mesmo sua proposta para análise da nossa equipe de especialistas.
Se você gostou deste conteúdo e deseja saber mais sobre tudo o que acontece de mais importante no mundo dos investimentos alternativos, não deixe de se cadastrar em nossa plataforma para receber nossas newsletter semanais.