A Americanas (AMER3) está imersa em um escândalo financeiro que pode acabar respingando no mercado de crédito e prejudicando pequenos e médios empresários.
Ainda não se sabe a real dimensão das inconsistências contábeis que provocaram um verdadeiro rombo nas contas da varejista e podem fazê-la entrar em processo de recuperação judicial.
Mas o fato é que o caso azedou de vez o clima entre os bancos que estão expostos a uma potencial falência das Lojas Americanas, provocando prejuízos bilionários para essas instituições.
No último ano, o forte aumento da Selic fez disparar o custo do crédito para as empresas, muitas das quais resolveram adiar planos de investimento e expansão.
E esse escândalo, na visão do professor de Finanças do Insper, Ricardo Humberto Rocha, pode aprofundar ainda mais a seletividade dos bancos e dificultar um processo já burocrático e demorado por natureza.
A grande questão é: existem alternativas para o pequeno e médio empreendedor não ficar refém dos bancões para se financiar?
Precisa Captar até R$ 150 Mi sem a Burocracia dos Bancões?
Abra sua conta gratuita na Bloxs e fuja do mais do mesmo!
Neste artigo, vamos abordar como o caso Americanas (AMER3) pode prejudicar o mercado de crédito, pelo menos no curto prazo, no país e como você, pequeno e médio empresário, pode encontrar alternativas de captação para os seus projetos no mercado de capitais.
Os tópicos que vamos abordar a partir de agora são:
Americanas (AMER3) surpreende mercado financeiro com rombo bilionário
O mercado financeiro foi pego de surpresa por um fato relevante divulgado pela Americanas (AMER3), após o pregão do último dia 11 de janeiro.
A Americanas S.A. possui uma das maiores redes de varejo do país, com diversas marcas e formatos de loja, inclusive a maior plataforma de e-commerce entre as empresas nacionais, com milhões de produtos em mais de 40 categorias.
O comunicado da companhia revela que foram detectadas inconsistências nos lançamentos contábeis da conta de fornecedores nos balanços anteriores. Uma análise preliminar da sua área contábil identificou um possível rombo de nada mais, nada menos que R$ 20 bilhões.
Esse rombo estaria ligado ao financiamento de compras nas quais as Lojas Americanas (AMER3) figuram como devedoras de instituições financeiras, em uma operação conhecida como “risco sacado”.
O escândalo levou à renúncia do CEO da companhia, Sergio Rial, bem como do diretor-geral financeiro, André Covre.
O que é risco sacado?
Também conhecido como “forfait”, o risco sacado é uma operação de antecipação de recebíveis de vendas a prazo, em que a varejista contrata bancos para financiar sua cadeia e reduzir os prazos de pagamento dos fornecedores.
As varejistas geralmente não são produtoras de mercadorias e, por isso, precisam de produtos de terceiros para abastecer suas unidades físicas e lojas virtuais.
No entanto, em razão dos prazos envolvidos nas transações, os fornecedores não costumam receber o pagamento à vista desses clientes, levando até 90 dias ou mais para receber o dinheiro de uma venda.
Para reduzir esses prazos, melhorar o fluxo de caixa dos fornecedores e fidelizá-los, as varejistas muitas vezes contratam bancos para antecipar os valores dessas vendas a prazo.
O risco sacado é uma espécie de crédito, em que o banco cobra uma taxa de desconto (deságio) sobre o valor que o fornecedor tem a receber. O montante integral desse adiantamento é pago pela varejista ao banco no futuro.
Dessa forma, o fornecedor recebe o dinheiro antecipado com desconto do banco que, por sua vez, é pago pela empresa varejista que contratou a operação no valor integral. O lucro do banco está no deságio aplicado ao pagamento do fornecedor.
Como o valor do pagamento final não muda, ou seja, a varejista pagará ao banco o mesmo valor que pagaria ao fornecedor, essa operação entra no balanço da companhia como uma despesa com fornecedores, e não como uma despesa financeira.
No entanto, caso a varejista descumpra os prazos para pagar o banco, este passa a cobrar juros sobre o valor devido, o que mudaria a natureza da despesa e aumentaria o nível de endividamento da empresa, prejudicando sua classificação de risco.
LEIA TAMBÉM: Professor do Insper, Ricardo Humberto Rocha, traça perspectivas para 2023 nos investimentos
Como ocorreu o rombo da Americanas (AMER3)?
As inconsistências contábeis da Americanas (AMER3) envolveriam justamente essa operação de antecipação de vendas a prazo para fornecedores junto aos bancos. Ao que tudo indica, os saldos e juros não foram devidamente contabilizados no balanço da companhia, a fim de evitar o descumprimento de cláusulas contratuais com outros credores, os chamados “covenants”.
Esses “covenants” estabelecem níveis de endividamento máximos que a varejista pode contrair em relação ao seu lucro operacional. Caso isso seja descumprido, os credores podem exigir a antecipação dos valores fornecidos.
Bancos expostos à crise da Americanas (AMER3)
A revelação dessas inconsistências contábeis por parte das Lojas Americanas (AMER3) pegou o mercado financeiro de surpresa, sobretudo em relação ao montante da dívida da companhia e seu patrimônio.
As informações preliminares indicavam que a dívida da Americanas (AMER3) com bancos e outros agentes financeiros seria da ordem de R$ 20 bilhões. No entanto, em uma medida judicial para evitar a cobrança desses valores, a companhia revelou que o montante poderia alcançar, na verdade, R$ 40 bilhões.
Segundo especialistas, isso poderia ter um efeito sistêmico e provocar prejuízos para os agentes financeiros expostos à companhia, como bancos e fundos de investimento.
Entre os bancos com maior exposição ao rombo da Americanas (AMER3) estão:
Banco | Risco Sacado (R$ bilhões) | Total (R$ bilhões) |
---|---|---|
Bradesco | 4 | 4,8 |
Santander | 1,8 | 3,7 |
Itaú | 2,7 | 3,4 |
Safra | 2,1 | 2 |
BTG | 2 | 2 |
Banco do Brasil | 0,3 | 1,3 |
Daycoval | 0,6 | 0,6 |
BV | 0 | 0,4 |
ABC | 0,3 | 0 |
Com a crise da Americanas (AMER3) pode impactar o mercado de crédito?
Para entender melhor como o escândalo financeiro envolvendo a Americanas S.A. poderia prejudicar todo o mercado de crédito, especialmente para pequenas e médias empresas, a Bloxs conversou com o professor de Finanças do Insper, Ricardo Humberto Rocha.
De acordo com o professor, o efeito no curto prazo do caso Americanas (AMER3) pode ser substancial, na medida em que não se tem clareza em relação ao tamanho do rombo a ser reconhecido pela varejista.
Vai aumentar a seletividade. Os bancos vão usar uma lupa mais forte antes de fazer qualquer concessão para os empreendedores, em razão da sua exposição ao caso.
Na opinião do professor, os bancos já estão pessimistas em relação à perspectiva macroeconômica para o novo governo, que pode ter uma postura fiscal mais expansionista, pressionando a inflação e os juros.
Dependendo dos desdobramentos do caso, é possível que o mercado de crédito para os pequenos e médios empresários seja impactado. E a perspectiva piora ainda mais, porque o novo governo ainda não disse a que veio, do ponto de vista macroeconômico.
O especialista alerta que ainda é cedo para definir se o mercado de crédito pode ser impactado, mas afirma que a crise na Americanas, associada com o spread bancario e a alta da Selic, pode deixar o mercado de crédito ainda mais sensibilizado.
Não dá para dizer que não irá afetar um pouco o bom humor dos bancos em relação a concessão de crédito, mas ainda não é conclusivo. Então, temos que observar os desdobramentos, se vai respingar na oferta de crédito de forma geral.
LEIA TAMBÉM: Juros altos impulsionam retorno de investimento em crédito imobiliário
Quais são as alternativas de captação para PMEs?
Em vista da exposição dos bancos ao caso Americanas (AMER3) e do cenário macroeconômico ainda nebuloso, o mercado tradicional de crédito para PMEs deve continuar pressionado, com custos elevados e condições de pagamento desfavoráveis.
A alternativa para pequenos e médios empreendedores é buscar novas formas de captação, especialmente com soluções mais acessíveis no mercado de capitais, como o crowdfunding, ideal para projetos de pequeno porte de até R$ 15 milhões.
A Bloxs é a maior plataforma de crowdfunding do país e atua em diversos setores, captando recursos para os empresários alavancarem seus negócios junto a investidores, seja na modalidade dívida (crédito) ou participação societária (equity).
Além disso, a Bloxs oferece uma gama variada de operações estruturadas, que vão desde a emissão de debêntures até a criação de fundos de investimento voltados a investidores institucionais, para empreendedores que desejam captar até R$ 120 milhões.
Não quer ficar refém dos bancões e do efeito do caso Americanas (AMER3) no mercado de crédito?
Então conheça as soluções da Bloxs no mercado de capitais e submeta hoje mesmo seu projeto para avaliação dos nossos especialistas.