Como sabemos, no mercado de capitais, qualquer pessoa pode atingir um
desempenho médio: basta investir em um fundo de índice (também
conhecido como ETF). Essa, na verdade, é uma estratégia muito válida para
grande parte das pessoas.
De acordo com um relatório da Standard & Poor’s, nos últimos 10 anos, cerca de 80% dos fundos americanos geridos ativamente não foram capazes de superar o índice S&P 500, que visa representar o retorno médio das empresas listadas nos Estados Unidos.
Naturalmente, porém, superar a média é muito melhor do que segui-la, mas
essa tarefa não é nada fácil. Investidores que consistentemente superaram o mercado ao longo de suas vidas, como Warren Buffett, Seth Klarman, Peter Lynch e Howard Marks, defendem que, para fazê-lo, não é necessário ter um QI elevado, mas ter um estômago resistente.
O que querem dizer com isso é que, para superar o mercado, você deve ser capaz de controlar as suas emoções e agir nos momentos corretos.
Warren Buffett, em particular, resume bem esse conceito com sua famosa
frase:
“Tenha medo quando os outros estão gananciosos e ganância
quando os outros estão temerosos”
Howard Marks, por sua vez, define a capacidade de controlar suas emoções
nos investimentos como ter um “pensamento de segundo nível”.
Em seu livro mais famoso, “The Most Important Thing”, ele defende que a maioria esmagadora dos investidores é incapaz de superar o mercado, pois só são capazes de aplicar o pensamento de primeiro nível, ainda que sejam mais inteligentes que os demais.
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Para Marks, investir é uma atividade que exige um pensamento mais
perceptivo que os demais e isso não está ligado somente à inteligência dos
indivíduos.
Mas qual a diferença entre o pensamento de primeiro nível e o pensamento
de segundo nível?
Para elucidar melhor, usaremos o exemplo do cenário brasileiro do início da pandemia, em 2020. Naquele momento, o índice Ibovespa caiu intensamente e, em apenas oito pregões, seis circuit breakers foram acionados. Nessa situação:
● O pensador de primeiro nível diria: “As perspectivas de curto
prazo estão péssimas, as lojas fecharão, o desemprego
aumentará e as empresas terão lucros menores. Vamos vender!”.
● Já o pensador de segundo nível diria: “O cenário está realmente
péssimo, mas a reação das pessoas é exagerada. Todos estão
vendendo porque estão em pânico e, por isso, as empresas estão
ficando muito baratas. Vamos comprar!”.
Hoje, um ano e meio depois, mesmo em meio à ameaça de novas ondas do
vírus e em face a um cenário fiscal turbulento, sabemos que os pensadores
de segundo nível se deram muito melhor.
Mas como se tornar um pensador de segundo nível? Bom, o primeiro passo é ter em mente que a maioria das pessoas são pensadores de primeiro nível.
Nesse sentido, é prudente não se deixar influenciar facilmente pela opinião
da maioria.
No cenário dos circuit brakers, em 2020, por exemplo, a maioria
estava em pânico e vendendo. Os pensadores de segundo nível não se
deixaram influenciar pelo medo dos demais.
Além disso, de acordo com Marks, um pensador de segundo nível deve fazer as seguintes perguntas, sempre que for tomar uma atitude no mundo dos investimentos:
● Qual é a gama de prováveis resultados futuros?
● Que resultado eu acho que vai ocorrer?
● Qual é a probabilidade de eu estar certo?
● Qual é o consenso do mercado?
● Como a minha expectativa difere do consenso?
● Como o preço atual do ativo se comporta com base na visão
consensual do futuro? E na minha visão?
● A psicologia de consenso que está incorporada ao preço é muito
otimista ou pessimista?
● O que acontecerá com o preço do ativo se o consenso estiver certo? E
se eu estiver certo?
Não é preciso dizer que o trabalho de um pensador de segundo nível é muito mais intenso e cansativo do que o trabalho de um pensador de primeiro nível. Ainda assim, ele é a melhor maneira para superar o mercado.
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