Em tempos de incerteza econômica e tensões geopolíticas, as operações de private equity seguem resilientes em comparação com outras classes de investimento.
Essa é a avaliação de Christoph Knaack, CEO da Preqin, uma das mais importantes empresas de análise, pesquisa e consultoria sobre investimentos alternativos do mundo, ao falar sobre as perspectivas para o setor em 2023.
De acordo com o Preqin Global Report 2023, a expectativa é que os ativos sob gestão (AUMs, na sigla em inglês) focados em private equity no mundo cresçam de 4,2 trilhões de dólares em 2021 para 7,6 trilhões nos próximos cinco anos.
Estamos falando de uma taxa de crescimento anual composto (CAGR) de 10,2%, mostrando como as transações no mercado de capital privado seguem aquecidas, mesmo diante de um ambiente econômico desafiador.
Neste artigo, vamos abordar os destaques do último relatório da Preqin sobre investimentos em empresas não listadas e quais são as perspectivas para o segmento no atual cenário de juros e inflação elevados.
Confira a seguir os tópicos que vamos abordar a partir de agora:
Ativos de risco vivem cenário desafiador
Se é possível definir em uma palavra como foi o desempenho dos ativos de risco nos últimos doze meses, sem dúvida a primeira que vem à mente é volatilidade.
As diferenças entre os eventos deste ano e os ocorridos durante o frenesi de mercado em decorrência dos vultosos estímulos econômicos, em 2021, não poderiam ser maiores.
Alguns especialistas defendem que tais medidas contracíclicas foram exageradas e, em determinados casos, ajudaram a acentuar os desequilíbrios provocados pela pandemia nas cadeias mundiais de suprimentos.
Isso se viu de forma mais acentuada na China, onde o governo local optou por adotar medidas sanitárias draconianas, como fechamentos de fábricas e bloqueios de centros financeiros inteiros, o que acabou prejudicando profundamente o desempenho da sua economia e, em consequência, a oferta mundial de diversos bens manufaturados.
Junte-se a isso a eclosão do mais grave conflito bélico em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial – provocando ainda mais transtornos à circulação de matérias-primas, em razão das sanções econômicas associadas ao evento – e temos o caldeirão perfeito para uma disparada dos preços das commodities, em especial o petróleo e o gás natural.
Nesse ínterim, testemunhamos um verdadeiro ciclo de ascensão e queda dos mercados de forma quase generalizada, criado pela disparada dos ativos de risco em 2021 e por sua profunda – embora insuficiente – correção sofrida no ano seguinte, na medida em que grande parte dos excessos não foi de todo sanada.
Queda dos principais índices mundiais
Os efeitos desse quadro sobre os mercados acionários não poderiam ter sido mais drásticos. O índice MSCI ACWI recuou mais de 20% em 2022, ao mesmo tempo em que o índice agregado de títulos da Bloomberg se desvalorizou 15,7%.
Essas quedas foram provocadas pelos níveis mais altos de inflação nos EUA nos últimos 40 anos, onde o índice de preços ao consumidor atingiu 9,1% no acumulado em 12 meses. O índice S&P 500 recuou cerca de 20% e o Federal Reserve empreendeu uma agressiva elevação de juros, que ainda não terminou.
Capital privado mostra resiliência na queda
Como não poderia ser diferente, o setor de private equity também sentiu bastante o aumento da aversão ao risco nos mercados, especialmente em operações de capital de risco, ou venture capital.
Mesmo assim, os índices da Preqin indicam que os retornos globais de compras de controle societário (buyout) tiveram um declínio de apenas 0,82% no mesmo período. A empresa avalia ainda que houve uma queda de recursos para fundos de private equity da ordem de 58,2% em relação a 2021.
Os dados do indicador de valuation da Preqin sugerem que, embora os múltiplos de entrada tenham caído de forma geral em 2022, a relação dívida líquida/Ebitda parece ter caído menos, sugerindo que a alavancagem, em geral, aumentou no âmbito dos acordos, como mostra a figura abaixo:
O aumento das taxas de juros e seu impacto sobre o valor dos fluxos de caixa futuros também reduziu os valuations dos ativos, seja na saída ou na marcação a mercado.
Dessa forma, as operações de private equity desaceleraram com a alta das taxas, os valuations caíram e os investidores resolveram ficar de fora.
Em suma, a Preqin prevê que o declínio nas captações de private equity global será de 2,6% em 2023, após uma queda estimada em 21,5% em 2022.
Expectativas de retorno em private equity
Quanto à expectativa de queda no desempenho anualizado das estratégias de buyout globais para o período fiscal de 2021-2027, a estimativa é que o recuo seja de 5,17%, em comparação com o período de alto crescimento de 2018 a 2021.
Além disso, a Preqin avalia que, em setembro de 2022, atuavam no mercado cerca de 3.185 fundos globais de private equity, com 1,2 trilhões de dólares em capital visado.
No que tange aos investimentos alternativos de forma geral, a Preqin avalia que os ativos sob gestão alcançarão 12,3 trilhões de dólares até o final de 2027, prevendo ainda um crescimento do private equity, mesmo com um pano de fundo macroeconômico extremamente desafiador.
O desempenho histórico do private equity mostra que essa estratégia de alocação vem entregando sólidos retornos aos investidores no longo prazo, superando inclusive grandes índices públicos, como o S&P 500 e o MSCI World, por uma margem considerável.
Mas o desempenho do capital privado, segundo a Preqin, deve registrar uma queda, seguindo as desacelerações nos mercados públicos. Os primeiros sinais disso estão nas operações de buyout, nas quais houve uma correção de -1,8%, sobretudo devido a quedas no desempenho de empresas de tecnologia da informação e saúde.
Por fim, o relatório da Preqin afirma que “nossas previsões para a performance do private equity no período de 2021-2027 é de um retorno anualizado de 13,5%, em comparação com a média de 15,4% para 2015 a 2021” e prossegue dizendo:
Apesar de todos esses desafios, ainda prevemos um forte crescimento do mercado mundial de private equity, com um taxa de crescimento anual composto (CAGR) de 10,2% até 2027, alcançando a marca de 7,5 trilhões de dólares em ativos sob gestão.
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