A transformação no setor financeiro finalmente está chegando ao mercado de crédito do Brasil, graças à ascensão das fintechs e à evolução regulatória.
Dados divulgados no último Relatório de Economia Bancária, do Banco Central, mostram que os grandes bancos estão perdendo participação em algumas concessões de crédito pessoal e empresarial.
Essa evolução se deve, em grande parte, à ascensão das fintechs, que usam a tecnologia para aprofundar a inclusão financeira no País.
Contudo, ainda há grandes áreas de oportunidade a serem exploradas em diversos segmentos, como cartões de crédito, capital de giro, operações com recebíveis e financiamentos.
Neste artigo, vamos entender melhor o cenário atual de transformação no setor financeiro, com destaque para o papel da tecnologia e da inovação na democratização do mercado de crédito do Brasil .
Os tópicos que vamos abordar são os seguintes:
Grandes bancos enfrentam mais concorrência no mercado de crédito do Brasil
Não é segredo que o mercado de crédito brasileiro é um dos mais concentrados, caros e burocráticos do mundo.
As quatro maiores instituições financeiras do País absorvem a maior parte das concessões nos principais segmentos, o que impacta diretamente o poder de decisão das famílias e empresas.
Contudo, essa estrutura oligopolizada – que muitas vezes inviabiliza compras a prazo e investimentos – vem sendo desafiada por novas empresas e tecnologias disruptivas, focadas na descentralização do sistema financeiro e na oferta de soluções mais personalizadas e acessíveis.
E o que está ajudando nesse processo é a crescente expansão das fintechs, cooperativas de crédito e outras instituições não bancárias, cuja inovação tecnológica, aliada a uma regulamentação favorável, permite que concorram com mais eficiência em diversas categorias contra os bancos tradicionais.
A tabela a seguir ilustra a evolução, bem como áreas de oportunidades, para que a transformação no setor financeiro chegue de forma mais profunda no mercado de crédito no Brasil:
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Segmentos que apresentam desconcentração no crédito
De acordo com um relatório recente do Banco Central, os setores de crédito que estão registrando uma tendência crescente de desconcentração em relação aos grandes bancos são:
- Crédito pessoal sem consignação em folha (PF): apresentou uma queda sensível na concentração, com o RC4 (quatro maiores concentrações) reduzindo de 54,0% em 2020 para 47,5% em 2022, sinal de aumento da participação de outros competidores.
- Operações com recebíveis (PJ): houve uma diminuição da concentração de 69,4% em 2020 para 65,8% em 2022, num processo de desconcentração moderado.
- Cartão de crédito (PF + PJ): a concentração diminuiu ligeiramente, com o RC4 passando de 69,0% em 2020 para 68,6% em 2022.
- Crédito pessoal com consignação em folha (PF): apesar de ainda altamente oligopolizado, houve uma pequena desconcentração, com o RC4 caindo de 66,6% em 2020 para 64,6% em 2022.
- Financiamento de veículos (PF): O RC4 diminuiu de 66,3% em 2020 para 65,1% em 2022, indicando uma desconcentração leve.
- Cheque especial (PF + PJ): O RC4 teve uma leve queda de 77,6% em 2020 para 77,3% em 2022.
A combinação de inovação, mudanças regulatórias e o foco maior no cliente ajudou a desconcentrar o mercado de crédito e promoveu uma distribuição mais ampla de serviços financeiros no país.
As fintechs e outras instituições não bancárias são agentes indispensáveis na transformação do setor financeiro brasileiro em um ecossistema mais competitivo e inclusivo.
Áreas de oportunidades para transformação no setor financeiro
Mesmo diante dessa evolução em alguns segmentos do mercado de crédito do Brasil, vimos também uma resistência maior em algumas categorias, como:
- Financiamento de infraestrutura e desenvolvimento (PJ): mostrou um índice de concentração muito alto, com o RC4 (quatro maiores concentrações) oscilando levemente de 94,0% em 2020 para 93,2% em 2022.
- Financiamentos habitacionais (PF + PJ): também com concentração alta e estável, o RC4 manteve-se praticamente inalterado em 92,6% em 2021 e 2022.
- Financiamentos rurais e agro (PF + PJ): embora tenha havido uma pequena diminuição, o RC4 permaneceu alto, passando de 66,7% em 2020 para 64,2% em 2022.
- Cheque especial (PF + PJ): apresentou um ligeiro aumento na concentração, com o RC4 passando de 77,6% em 2020 para 77,7% em 2022.
- Capital de giro (PJ): Este segmento mostrou um aumento na concentração, com o RC4 subindo de 55,7% em 2020 para 57,4% em 2022.
O que explica a alta concentração do mercado de crédito no Brasil?
A dificuldade de aprofundar a transformação no setor financeiro, em especial no financiamento de infraestrutura e desenvolvimento, deve-se a diversos fatores, como um volume considerável de capital e complexidade de riscos.
Além disso, a necessidade de conhecimento especializado e compreensão das regulações específicas do setor eleva as barreiras para quem deseja ingressar nesses mercados.
As políticas governamentais também exercem um papel relevante, direcionando crédito para setores estratégicos como habitação e agricultura. Bancos com longa trajetória e relações estabelecidas com o governo têm vantagem em atender a esses requisitos regulatórios, mantendo assim sua predominância.
Já os riscos associados a empréstimos para projetos de grande envergadura, como infraestrutura e habitação, são expressivos, com longos períodos de amortização. Grandes bancos, com sua capacidade de diversificação e acesso a garantias, estão mais aptos a gerenciar esses riscos.
Esses bancos também se beneficiam de economias de escala e escopo, permitindo-lhes oferecer condições mais competitivas, operar com margens menores e absorver custos fixos de maneira mais eficiente do que instituições menores.
Outro aspecto importante para a concentração do mercado de crédito brasileiro é a confiança e o relacionamento de longo prazo entre bancos e clientes, especialmente em segmentos como o crédito corporativo para capital de giro. Bancos estabelecidos, com sua presença histórica no mercado, geralmente têm a vantagem nesse aspecto.
Já a complexidade dos produtos de crédito, particularmente aqueles relacionados ao financiamento de infraestrutura, pode ser um fator desencorajador para novos participantes, devido à dificuldade na avaliação de riscos e na estruturação desses produtos.
Por fim, o acesso a recursos de longo prazo é crucial para financiamentos de projetos de envergadura. Grandes bancos têm uma vantagem nesse quesito, enquanto instituições menores podem enfrentar desafios devido à sua dependência de recursos de curto prazo.
Essa dinâmica reforça a posição dominante dos grandes bancos e representa um desafio a mais para novos entrantes no mercado.
Como as fintechs podem mudar esse cenário?
Com foco na otimização de custos operacionais e uso inovador da tecnologia, as fintechs estão conseguindo oferecer taxas competitivas e produtos personalizados aos clientes.
O Banco Central do Brasil tem sido um facilitador dessa transformação, implementando mudanças regulatórias que incentivam a competição e permitem a entrada de novos participantes, como as próprias fintechs e instituições de pagamento. Essa abertura regulatória está criando um ambiente financeiro mais variado e menos dominado por grandes bancos.
Segundo Felipe Souto, CEO da Bloxs, fintech que oferece soluções de “capital market as a service”:
“As fintechs têm um papel importante em atender segmentos que tradicionalmente não são o foco dos bancos, como pessoas de menor renda e pequenas e médias empresas. Isso tem democratizado o acesso ao crédito e ampliado as oportunidades financeiras para uma gama mais ampla de clientes.”
A conveniência é outra vantagem das fintechs, que simplificam e aceleram o processo de aprovação de crédito por meio de aplicativos móveis e plataformas online.
Essa facilidade de acesso é especialmente atraente para consumidores e empresas que valorizam a rapidez e a praticidade.
O Banco Central também tem promovido a concorrência através de iniciativas como o Pix, o sistema de pagamentos instantâneos, e o open banking, que abre o setor financeiro para uma colaboração mais ampla e inovadora.
Além disso, as cooperativas de crédito estão crescendo, oferecendo serviços comunitários e personalizados, muitas vezes com condições mais favoráveis do que as dos bancos tradicionais.
O crescimento do segmento não bancário, que inclui fintechs, cooperativas, bancos de desenvolvimento e outras instituições financeiras, reflete uma tendência de diversificação dos serviços financeiros no Brasil.
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